Eleição de Mujica fortalece Mercosul, dizem parlamentares brasileiros



A eleição de José Pepe Mujica para a presidência do Uruguai, no domingo (29), foi recebida pelos integrantes brasileiros do Parlamento do Mercosul como um sinal positivo para a integração regional. Candidato pela Frente Ampla, mesmo grupo político de esquerda do atual presidente Tabaré Vázquez, Mujica recebeu 51,9% dos votos - contra 44,2% concedidos ao candidato do Partido Blanco, Luis Alberto Lacalle - e incluiu em sua plataforma a defesa do Mercosul.

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A vitória de Mujica foi intensamente celebrada nas ruas de Montevidéu, na véspera da realização de mais uma sessão do Parlasul, na mesma cidade. Desde cedo, centenas de automóveis circulavam pelas ruas da capital uruguaia com bandeiras do país e da Frente Ampla. Quando as urnas se fecharam, no final da tarde de domingo, simpatizantes do presidente eleito começaram a se concentrar em frente ao hotel NH Columbia, onde se hospedam os parlamentares brasileiros. A festa começou logo depois da divulgação das primeiras projeções do resultado das eleições.

- A eleição foi uma grande festa da democracia, com uma impressionante participação popular. Observamos pelas ruas um processo muito tranquilo e acompanhamos as declarações do presidente eleito, que pretende ampliar ainda mais o diálogo no país. A eleição foi também importante para o Mercosul, pois um dos lados condenava muito o próprio Parlamento do Mercosul. Para nós, que queremos e pregamos a integração, a eleição de Mujica representa a consolidação dessa expectativa - disse o senador Sérgio Zambiasi (PTB-RS).

A oposição aberta de Luis Alberto Lacalle ao Mercosul também foi ressaltada pelo deputado Dr. Rosinha (PT-PR), que já presidiu o Parlasul e acompanha de perto, há seis anos, o processo de integração regional. Para ele, o forte debate a respeito do tema durante a campanha ajudou a consolidar na opinião pública uruguaia uma posição favorável à integração regional.

- Durante a campanha eleitoral no Uruguai, o tema Mercosul esteve sempre presente. O candidato Lacalle ficou o tempo todo negando o Mercosul e o Parlamento do Mercosul. Colocou na agenda isto como um tema prioritário. Enquanto isso, Mujica defendeu o Mercosul e o parlamento. Creio que o resultado eleitoral é positivo para o Mercosul, pois a sociedade debateu o tema e criou a consciência da necessidade do bloco comercial - avaliou Rosinha.

O senador Geraldo Mesquita Junior (PMDB-AC) disse ter a "melhor expectativa possível" em relação ao novo governo uruguaio. Ele recordou que, já durante a gestão de Tabaré, ocorreram "avanços na integração". Em sua opinião, Mujica dará continuidade a essas políticas, além de ser "uma pessoa sensata e equilibrada".

- Será bom para a América Latina e para o Mercosul - previu Mesquita.

Apesar das marcantes diferenças de opinião entre os dois candidatos que foram ao segundo turno no Uruguai, o clima respeitoso prevaleceu logo após a divulgação dos resultados as eleições. Tabaré defendeu a união do país e telefonou para Lacalle, para confortá-lo pela derrota. Ao reconhecer a derrota, Lacalle agradeceu ao gesto do atual presidente e disse que, apesar das diferenças, os uruguaios formam "um só povo, com os mesmos problemas e as mesmas esperanças". Mujica, por sua vez, expressou seu reconhecimento a Lacalle e pediu desculpas se, por causa de seu temperamento, sua língua havia ido "demasiado longe".

- Vamos olhar para o futuro. Viva a alegria, viva a esperança - disse Mujica, sob uma chuva forte, no palanque montado junto ao rio da Prata para celebrar a vitória nas eleições.

Marcos Magalhães, enviado especial / Agência Senado



30/11/2009

Agência Senado


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