Em 2004 pode haver grave crise energética, avisa Delcídio Amaral



O senador Delcídio Amaral (PT-MS) alertou nesta quarta-feira (16), em Plenário, para o risco de uma nova crise energética ao final de 2004, se medidas de curto e médio prazos não forem tomadas. Ele afirmou que este é o momento de se refletir sobre os erros cometidos no passado no setor e sugeriu que, apesar de a energia hidroelétrica continuar sendo a principal forma de geração no Brasil, o país invista na energia termoelétrica, principalmente a partir do gás natural, e também em fontes alternativas, como a eólica e a solar.

- O governo e a iniciativa privada têm que tomar as medidas necessárias para não passarmos mais pelo drama que é o racionamento de energia - disse Delcídio.

O senador acredita que houve erros no modelo implantado desde 1995 e se posicionou contra a privatização de empresas do setor elétrico, principalmente as federais. Ele afirmou que o governo federal deve partir para um sistema misto, estatal e privado. -Esse será um modelo atraente, desde que se façam as mudanças necessárias no atual sistema-, observou.

Delcídio explicou que o modelo do setor elétrico brasileiro, como resultado de mudanças que vêm sendo implementadas desde 1995, tem os seguintes princípios: competição na geração e distribuição, transmissão independente, um Operador Nacional do Sistema (ONS) encarregado da operação interligada e atuação de um mercado atacadista de energia elétrica.

Para Delcídio Amaral, uma das mudanças necessárias é que o Conselho Nacional de Política Energética cumpra seu papel de determinar as políticas energéticas do país. -Infelizmente, quando o Conselho se reuniu foi para tratar do racionamento e não para estudar políticas de energia-, lamentou. O senador propôs que o governo invista na formação de mão-de-obra qualificada e afirmou ainda ser necessário que os profissionais do mercado sejam bem remunerados e capacitados

- É preciso haver planejamento claro, com expansão definida, monitoramento das obras de expansão para garantir suprimento para todo o país. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) deverá ficar restrita à regulação e fiscalização inclusive de obras - disse.

Em aparte, o senador Ney Suassuna (PMDB-PB) afirmou que o problema da energia elétrica é crucial para o crescimento do país. O senador Mão Santa (PMDB-PI) destacou a importância de a energia elétrica ser levada ao meio rural especialmente como forma de manter o homem no campo. Os senadores Rodolpho Tourinho (PFL-BA) e Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) defenderam a volta de programa semelhante ao Luz no Campo, que levava eletricidade às áreas rurais.

O senador Romero Jucá (PFL-RR), também em aparte, afirmou que o modelo atual de geração de energia tem problemas, como a questão das tarifas, mas acredita que houve avanço. -A energia tem que ser barata para melhorar qualidade de vida da população. O modelo atual não é perfeito, mas avançamos-, disse.



16/04/2003

Agência Senado


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