Em busca de acordo, é adiada votação de projeto que uniformiza ICMS para importados
O presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), decidiu adiar a votação, prevista para esta quarta-feira (4), do projeto de resolução do Senado (PRS 72/10) que uniformiza as alíquotas de ICMS nas operações interestaduais com bens e mercadorias importados. A matéria retorna à pauta na próxima semana.
O objetivo do adiamento é buscar negociar a aprovação de medidas de combate à chamada “guerra dos portos” – disputa entre estados para reduzir unilateralmente as alíquotas de ICMS e, assim, atrair a entrada de importados em seu território.
Como o projeto altera o tributo nas operações interestaduais com produtos estrangeiros, a intenção do governo federal, segundo Eunício, é encontrar mecanismos para compensar eventuais perdas financeiras de estados que, como Santa Catarina, Goiás e Espírito Santo, têm uma arrecadação expressiva com esse tipo de transação.
- Há sensibilidade do governo para não prejudicar esses estados. Vamos retirar a matéria de pauta para que se busque um entendimento até a próxima semana – comentou Eunício, que se reuniu, na terça-feira à noite, com a ministra-chefe de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, e com o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Divergências
A decisão de Eunício contou com o apoio de diversos membros da CCJ. Autor do PRS 72/10, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) considerou necessário mais tempo para negociar uma alternativa com menos impacto para os estados mais afetados.
Defensor da proposta, o senador Armando Monteiro (PTB-PE) reiterou não ter dúvidas de sua constitucionalidade, tanto que, como observou, apresentou voto em separado por sua aprovação.
O relator da matéria, senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), disse manter a convicção de que o texto viola a Constituição Federal em, pelo menos, quatro aspectos. A principal divergência é quanto ao tipo de proposição adequado para realizar a alteração no ICMS: projeto de resolução do Senado ou projeto de lei complementar.
FPE
A discussão sobre a unificação do ICMS para importados provocou também o debate sobre o Fundo de Participação dos Estados (FPE). Esses dois temas se sobressaem na revisão do pacto federativo. Ricardo Ferraço lembrou que o Supremo Tribunal Federal (STF), ao declarar a inconstitucionalidade da atual forma de partilha do fundo, deu prazo para o Congresso rever a questão até o final de 2012.
- Se não construirmos novos critérios para o FPE, o Supremo o fará – advertiu Ricardo Ferraço.
Essa preocupação é partilhada também por Eunício, que defende ainda mudança no atual indexador da dívida dos estados com a União, e pelo senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), que propôs audiência pública sobre o assunto na CCJ. O debate deverá acontecer no dia 17 de abril e reunir a comissão de notáveis criada no Senado para revisar o pacto federativo.
Apesar de eventual constrangimento pelo fato de o STF legislar em substituição ao Congresso, o senador Pedro Taques (PDT-MT) sustentou ser dever da Suprema Corte convocar o Legislativo para cumprir com suas atribuições.
Também presente ao encontro com a ministra Ideli e o ministro Mantega, o senador José Pimentel (PT-CE) concordou com Eunício sobre a necessidade de repactuação da dívida dos estados para com a União. E, assim como ele, defendeu que a mudança do indexador da dívida não interfere na Lei de Responsabilidade Fiscal.
Por fim, a senadora Ana Rita (PT-ES) demonstrou confiança na elaboração de uma proposta para o ICMS de importados que preserve o pacto federativo, mantendo o equilíbrio financeiro de todos os estados.
04/04/2012
Agência Senado
Artigos Relacionados
CCJ analisará projeto que uniformiza ICMS para produtos importados
Adiada votação do ICMS único para importados
Lindbergh busca acordo para diminuir número de destaques na votação de projeto que unifica ICMS
Adiada votação de projeto que uniformiza ações socioeducativas para adolescente infrator
Relator quer suspender tramitação de proposta que uniformiza ICMS sobre importados
Votação de PEC sobre terrenos de Marinha é adiada para busca de acordo com governo