Em entrevista à TV Senado, FHC aponta partidarismo em agências reguladoras



O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso concedeu na manhã desta terça-feira (7) entrevista exclusiva à TV Senado. Em conversa com o jornalista Armando Rollemberg, o sociólogo avaliou erros e acertos do seu governo. Citou a importância das privatizações e criticou a atual partidarização das agências reguladoras. A entrevista com Fernando Henrique Cardoso será exibida no programa Cidadania, da TV Senado, nesta terça-feira, às 21h30, com reapresentação na quarta (8), às 7h. Confira um trecho da entrevista.

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Privatizações

Fernando Henrique disse orgulhar-se de ter implantado algumas medidas como a prorrogação das dívidas dos estados e as privatizações. Ele acrescentou que, se as empresas estatais não tivessem sido vendidas, os brasileiros não teriam acesso a computadores e a internet, porque o estado não teria recursos para investir no setor. Ele também ressaltou como positiva a venda da Companhia Vale do Rio Doce. Segundo Fernando Henrique, a companhia foi vendida na época por R$ 12 bilhões e hoje vale dez vezes mais. A empresa, observou, hoje paga impostos ao Estado, enquanto antes dava prejuízo aos cofres públicos.

Agências

As agências reguladoras foram partidarizadas e estão perdendo força, avaliou o ex-presidente. Para ele, houve em certo corporativismo na gestão das agências, o que está tornando o estado "oco". As agências, ressaltou, podem não estar envolvidas em corrupção, mas há interesse partidário em sua gestão. FHC considerou que houve avanços na área social, nos últimos anos. No entanto, em sua opinião, o governo Lula "tem descuidado da área fiscal".

Venezuela

O ex-presidente disse ser favorável ao ingresso da Venezuela no Mercosul. Para ele, o Brasil deve "ser prático" e ver se a Venezuela cumpre as condições necessárias para ingressar no bloco. Atualmente, ressaltou, a Venezuela tem sua atenção mais voltada aos Estados Unidos. No entanto, disse Fernando Henrique, o Mercosul deve olhar a Venezuela com atenção e aceitá-la no bloco, caso o país esteja disposto a respeitar as cláusulas democráticas.

Para FHC, a integração dos países membros do Mercosul ainda não é uma realidade. Em sua opinião, a união depende de condições de infraestrutura, como estradas, ferrovias e energia, e não apenas de entendimentos sobre questões tarifárias. Conforme observou, os governos dos países membros divergem em muitas questões, sendo necessária a construção de uma base comum de interesses, que integre os países do Mercosul.

Maconha

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso voltou a defender a descriminalização do porte de pequenas quantidades de maconha. Ele disse que o mundo está orientado para a eliminação das drogas, com destruição das plantações, a desorganização da produção e a prisão dos traficantes e usuários. Mas, em sua opinião, a questão deve ser tratada como problema de saúde pública, estimulando a redução do consumo de drogas. FHC defendeu esforço, por meio de campanhas, para informar sobre os malefícios do uso de drogas e, assim, reduzir o consumo.



07/07/2009

Agência Senado


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