Em visita ao Senado, ministro defende Mais Médicos e critica hostilidade a cubanos



Em visita ao Senado nesta terça-feira (27), o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, manifestou “otimismo e confiança” na aprovação da medida provisória do programa Mais Médicos. A MP 621/2013, que trata do assunto, está em análise em comissão mista de deputados e senadores. Padilha disse que tem procurado as lideranças para apresentar a “importância do programa”, que busca diminuir a carência de médicos no país, principalmente em cidades do interior. O ministro visitou os senadores Alfredo Nascimento (PR-AM) e Antonio Carlos Rodrigues (PR-SP).

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Padilha informou que a partir do próximo dia 2 médicos brasileiros já estarão atendendo pelo programa. Os estrangeiros, acrescentou, estão passando por "avaliação rigorosa" e devem começar a trabalhar em meados de setembro. O programa, ressaltou o ministro, continua aberto tanto a profissionais brasileiros quanto a estrangeiros.

- Caso não existam médicos brasileiros interessados, vamos fazer como muitos outros países do mundo: vamos trazer médicos estrangeiros bem avaliados, que tenham o compromisso de atender a nossa população – disse.

Padilha informou que tem feito um “trabalho de formiguinha”, mostrando a deputados e senadores os detalhes do programa. O ministro disse esperar que o Congresso seja sensível à solução encontrada pelo governo para levar, de maneira imediata, médicos a regiões carentes do país. Sobre o pedido de parlamentares como o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) de acesso ao conteúdo do acordo feito com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) para viabilizar a vinda de médicos cubanos, o ministro se disse à disposição para fornecer os detalhes. Ele acrescentou que também já apresentou o programa ao Tribunal de Contas da União (TCU).

- Estamos absolutamente abertos a qualquer mecanismo de transparência – afirmou.

Hostilidade

Padilha disse que o Brasil precisa receber bem os profissionais estrangeiros que estão vindo para atender a municípios que não têm médicos. Ele lamentou que muitos médicos brasileiros estejam reagindo com hostilidade à chegada dos colegas estrangeiros. Em Fortaleza, na noite de segunda-feira (26), quase cem profissionais com formação no exterior, a maioria cubanos, foram hostilizados por um grupo de médicos cearenses. Segundo o ministro, foram “cenas truculentas” que incitam o preconceito.

- Custa entender que profissionais são aqueles que participam de um corredor polonês da xenofobia. Eu não acredito que essa seja a postura da maioria dos médicos brasileiros – afirmou Padilha.

O ministro também criticou declaração do presidente do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM-MG), João Batista Gomes Soares, que em entrevista na semana passada disse que vai denunciar os médicos cubanos por exercício ilegal da profissão e vai orientar seus colegas a não atuarem em casos de erros dos médicos de Cuba. Para o ministro, a declaração é uma forma de incentivo à omissão de socorro.

- Eu repudio e lamento veementemente essa declaração. Não sei em que código de ética médica ele se baseou. Eu confio que os médicos mineiros não seguirão essa orientação – disse.

Padilha reconheceu que o Sistema Único de Saúde (SUS) não tem “todas as condições ideais” de qualidade, mas acredita que a vinda de médicos estrangeiros pode colaborar para a melhoria da qualidade da saúde no país. Ele disse ainda que o Mais Médicos incrementa o debate sobre a situação da saúde como um todo, incluindo a questão do aumento de vagas nas universidades e a formação do profissional médico.

- É importante que o Brasil pense nos milhões de brasileiros que vivem em cidades ou bairros que não têm médico nenhum dia do ano. Só temos a agradecer àqueles médicos estrangeiros que ouviram o convite do Ministério da Saúde para atender nossa população que não tem médico – afirmou.

Ideologia

O ministro negou que o programa tenha caráter ideológico. Padilha lembrou que o primeiro governo brasileiro a trazer médicos cubanos foi o de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), que é do PSDB – hoje, principal partido de oposição ao governo. Segundo o ministro, a presidente Dilma Rousseff vem recebendo pedidos por médicos de todos os lugares do país e de prefeitos de todos os partidos.

- Vamos continuar caminhando para tirar qualquer conotação ideológica ou partidária desse debate – disse Padilha.

Para o ministro, o programa Mais Médicos também vai facilitar o acesso dos jovens às faculdades de medicina, com a ampliação de vagas no interior e nas periferias das grandes cidades. Ele lembrou que, a cada ano, 700 mil jovens fazem vestibular para medicina, o que representaria 40 candidatos pro vaga.



27/08/2013

Agência Senado


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