Embaixador do Iraque diz que Estados Unidos cobiçam as riquezas do país
Em depoimento às Comissões de Relações Exteriores do Senado e da Câmara, poucas horas após o início do bombardeio de Bagdá, o embaixador do Iraque, Jarallah Alobaidy, atribuiu nesta quinta-feira (20) os recentes ataques norte-americanos a seu país ao -desejo histórico imperialista de tomar as riquezas do povo iraquiano-, como a segunda maior reserva petrolífera do mundo e os mananciais de água doce.
O embaixador, que falou em árabe e contou com ajuda de um intérprete para comunicar-se com os parlamentares, garantiu que o Iraque cumpriu as resoluções da Organização das Nações Unidas (ONU) e destruiu a maior parte das armas proibidas. -Falta só uma pequena parcela-, afirmou Alobaidy. Na sua opinião, quem teria de demonstrar que ainda há armas a serem destruídas são os especialistas da ONU.
O Iraque, segundo Alobaidy, teme que as sanções econômicas impostas pela ONU depois da invasão do Kuwait não sejam interrompidas e que o povo iraquiano continue sofrendo punições que trazem muitas mortes para a população, especialmente entre as crianças. O embaixador disse que seu país nunca recusou a volta dos inspetores da ONU.
- Jamais impedimos a volta dos inspetores e nem que continuassem seu trabalho no país. É de interesse do Iraque que eles terminem o trabalho para que o país se livre das sanções - disse o embaixador.
Alobaidy agradeceu o apoio de países como França, Alemanha, China, Rússia e Brasil, que, como observou, lutam pela paz. De acordo com o embaixador, a guerra contra o Iraque não é legítima, mas sim fruto -da lei da selva-. Na opinião do iraquiano, o conflito está mostrando as verdadeiras intenções do governo norte-americano. Para Alobaidy, os EUA se dizem a favor da paz e da democracia, mas atacam um país e não respeitam a decisão do povo iraquiano, que escolheu seu presidente por grande maioria.
- Somos um país que defende a paz, respeitamos a legitimidade e as leis internacionais. Confirmamos que o Iraque não possui armas de destruição em massa, o que foi verificado inclusive pelos inspetores, mesmo os norte-americanos. Uma personalidade brasileira também afirmou isto, o diplomata José Maurício Bustani - destacou Alobaidy, referindo-se ao ex-presidente da Organização para a Proscrição de Armas Químicas (Opaq), substituído no cargo por pressão dos Estados Unidos e agora nomeado embaixador do Brasil na Grã-Bretanha.
Para o embaixador, se o mundo não agir, os Estados Unidos poderão fazer o mesmo em outros países, tirando seus presidentes e colocando outros de acordo com seus interesses. O embaixador agradeceu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva por seus esforços contra a guerra, baseados, acredita, na tradição pacífica do povo brasileiro. Mas disse esperar que o povo brasileiro faça muito mais.
O presidente da CRE, senador Eduardo Suplicy (PT-SP), informou que no dia 3 de abril será ouvida a embaixadora dos Estados Unidos, Donna Hrinak.
20/03/2003
Agência Senado
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