Embaixadora dos EUA pede reunião reservada e sai antes de responder a senadores
A pedido da embaixadora dos Estados Unidos no Brasil, Donna Hrinak, o presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), senador Eduardo Suplicy (PT-SP), determinou que a reunião realizada na manhã desta quinta-feira (3), que também contou com a participação do embaixador do Reino Unido no Brasil, Roger Bone, fosse reservada. Apenas os embaixadores, parlamentares e assessores das representações diplomáticas e do Senado puderam permanecer na sala de reuniões da CRE.
De acordo com os entendimentos entre Suplicy e a Embaixada dos Estados Unidos, a TV Senado também não transmitiu a reunião da comissão ao vivo. A audiência foi gravada e somente foi ao ar no final do dia.
A passagem dos embaixadores pelo Senado começou às 9h40, com uma visita ao gabinete de Suplicy. A seguir, sob forte esquema de segurança, os diplomatas, acompanhados do staff das embaixadas, seguiram para a Ala Nilo Coelho, onde realizou-se a audiência reservada. No caminho, a Polícia do Senado montou um esquema especial com acesso limitado à área onde se realizou a reunião da CRE.
Logo no início da reunião, os embaixadores receberam de Suplicy cópias de seu requerimento, em que sugere que o Papa João Paulo II convoque uma reunião do conclave de líderes religiosos em Bagdá ou na capital de outro país envolvido no conflito com o Iraque.
Respostas adiadas
Muito elogiada pelos senadores como uma diplomata de alta competência, ao final das intervenções dos senadores, às 12h24, a embaixadora Donna Hrinak pediu licença a Suplicy para se ausentar, em função de compromisso assumido com representantes da sociedade civil brasileira na embaixada, às 12h. Foi o próprio presidente da CRE quem pediu à embaixadora para realizar o encontro.
Mesmo diante dos apelos de Suplicy para que adiasse o compromisso, a embaixadora insistiu que precisaria deixar o Senado e comprometeu-se a responder por escrito às diversas questões apresentadas pelos senadores ao longo da reunião. Assim, perguntas acerca da proteção ao patrimônio histórico do Iraque, dos civis iraquianos e da ausência de provas sobre a existência de armas de destruição em massa naquele país tiveram sua resposta adiada.
Diferentemente de Hrinak, o embaixador do Reino Unido permaneceu até o final da audiência, às 13h20, respondendo às perguntas dos senadores, especialmente sobre a necessidade de criação de um Estado palestino.
Encerrada a reunião, Suplicy reclamou da indisponibilidade da embaixadora de permanecer e responder à argüição dos senadores. Porém, Hrinak ainda estava presente à reunião para ouvir Suplicy recitar, dessa vez em português, a letra da canção Blowing in the Wind, de Bob Dylan:
- Quantas pessoas precisarão morrer até que cheguemos à conclusão de que muitas pessoas já morreram? A resposta, meu amigo, está sendo soprada pelo vento - declamou o senador.
A CRE ouviu os embaixadores dos Estados Unidos e do Reino Unido duas semanas depois de ter realizado audiência pública, aberta, com o embaixador do Iraque no Brasil, Jarallah Alobaidy. Na ocasião, o embaixador permaneceu por três horas no Senado, um dia depois de deflagrado o conflito no Iraque, quando respondeu a questões formuladas por deputados e senadores.
03/04/2003
Agência Senado
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