Empresário confirma à CPI emissão de notas ilegais em favor de construtora
O empresário Sérgio Lima Santoro, representante da empresa Planicampo Terraplanagem, confirmou nesta quinta-feira (dia 16), em depoimento à CPI do Banestado, que emitiu notas fiscais no valor de R$ 93 milhões em favor da Construtora Mendes Júnior por serviços de terraplanagem que, de fato, não foram realizados na cidade de São Paulo. Segundo o empresário, a Mendes Júnior lhe pagou apenas 10% do valor das notas.
Ele disse ter ouvido dos gerentes da Construtora que a diferença, R$ 83,7 milhões, seria destinada ao pagamento de propina ao então prefeito Paulo Maluf e a outros funcionários da Prefeitura de São Paulo. O dinheiro, segundo declarou, seria entregue a doleiros e remetido para o exterior.
Santoro foi ouvido pela a CPI do Banestado, que investiga a evasão de divisas através de contas CC5, na Assembléia Legislativa de São Paulo.
- As informações de Sergio Santoro confirmam as investigações do Ministério Público. Houve superfaturamento e remessa ilegal de recursos para o exterior - afirmou o presidente da CPI, senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT).
A Polícia Federal foi mobilizada pela CPI para localizar e intimar a depor o empresário Renato Lanzuolo Filho, sócio da pizzaria Leona, situada em São Paulo, que remeteu para o exterior cerca de dois milhões de dólares. Lanzuolo foi convocado semana passada para ser interrogado pela CPI, mas não foi localizado nem pela assessoria da CPI e nem pela Polícia Federal.
- Já convocamos outros dois sócios de Renato para depoimento, mas o nosso interesse é ouvi-lo pessoalmente, já que as remessas de dólares estão em nome dele - explicou o senador.
A CPI também ouviu em São Paulo os economistas Daniel Gleiser e Demóstenes Madureira Pinho, ex-diretores do BC, que fizeram exposições aos deputados e senadores da CPI sobre as razões que levaram a instituição a aprovar resoluções que acabaram facilitando a saída de recursos através de contas CC5, no período entre 1989 e 1998.
16/10/2003
Agência Senado
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