Enem é forma democrática de acesso à universidade, dizem senadores
Apesar de ter problemas, o Exame Nacional do Nível Médio (Enem) é um instrumento de inclusão social e representa uma forma democrática de acesso à universidade. Essa é a opinião da maioria dos senadores que participaram de audiência pública nesta terça-feira (16), que discutiu falhas no exame deste ano com o ministro da Educação, Fernando Haddad.
A senadora Marisa Serrano (PSDB-MS) - que requereu o debate juntamente com o senador Romero Jucá (PMDB-RR) - disse temer que os problemas verificados na prova do Enem possam colocar esse instrumento em descrédito. A senadora informou que 36 universidades adotam o exame como forma única de ingresso ao nível superior e disse esperar que o ministério aja no momento certo para permitir sua continuidade.
Marisa Serrano disse estar preocupada com a situação dos estudantes que se sentem prejudicados pelas falhas de impressão no último exame realizado. Quanto a isso, o ministro Haddad garantiu que o ministério vai zelar pelo direito de todos os estudantes e permitir que refaçam as provas.
A senadora Ideli Salvatti (PT-SC) também disse considerar o Enem um instrumento de democratização de acesso à universidade. Para ela, o exame não apenas realiza uma avaliação do nível médio, mas, principalmente, dá acesso à universidade. Ela disse que, antes do Enem, o ingresso à educação superior acontecia de forma discriminatória.
- O Enem vem na contramão disso para permitir que todos que realizarem o exame e tenham boa avaliação possam ingressar na universidade - disse a senadora.
Ideli reconheceu a necessidade de aperfeiçoamento na forma de realização das provas, mas disse que as críticas ao Enem são feitas por aqueles que querem a extinção do exame.
A antiga estrutura de ingresso à universidade, observou o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), beneficiava alguns setores, que sentem seus interesses prejudicados. Agora, com o Enem, disse o senador, alguns se apoiam nos erros como pretexto para que se volte ao antigo sistema de acesso ao ensino superior.
- O Enem que temos hoje é o instrumento de acesso à universidade pública. Claro que, quando se consolida, vai prejudicar interesses de quem se beneficiava da antiga estrutura - disse o senador.
O senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) elogiou a preocupação do governo e do Ministério da Educação em garantir justiça para os estudantes prejudicados com as falhas da operação. O senador informou que apenas 14% dos brasileiros de 18 a 24 anos frequentam a universidade, o que demonstra a desigualdade que ainda existe no Brasil.
Além de facilitar o ingresso dos estudantes brasileiros à universidade, ressaltou Valadares, o Enem gera melhoria na qualidade de ensino do país. Assim, ao priorizar a educação, disse o senador, o Brasil poderá estar entre os países desenvolvidos.
Aperfeiçoamentos
O senador Roberto Cavalcanti (PRB-PB) destacou que o exame deve ser aperfeiçoado e defendeu maior competitividade entre as gráficas que realizam as provas. Em sua opinião, se houver mais empresas concorrentes, poderá haver maior condição para evitar riscos e fazer economia financeira.
O ministro Fernando Haddad sugeriu a realização de mais de uma edição anual do exame como forma de evitar atropelos, bem como permitir a habilitação de mais instituições que queiram colaborar com o Inep. Ter duas provas por ano, segundo Haddad, "dilui os riscos e aumenta as oportunidades aos estudantes".
Ao responder o senador Alvaro Dias (PSDB-PR), o ministro Haddad garantiu que todos os estudantes que foram prejudicados com os problemas de impressão terão oportunidade de refazer a prova. O ministro afirmou ainda que a responsabilidade pelos problemas gráficos verificados não recaem sobre os servidores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep).
- O Enem pode ser analisado pelos problemas que ocorreram e a dificuldade para o estudante que aguarda as decisões. Mas lembramos que o Enem é a forma mais democrática de seleção - disse.
16/11/2010
Agência Senado
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