Entrada de produtos chineses prejudica o Brasil, afirma Armando Monteiro
Cinqüenta e quatro por cento dos exportadores brasileiros enfrentam concorrência dos produtos chineses e, no mercado interno, uma em cada quatro empresas concorre com os importados da China. Os dados fazem parte da Sondagem Especial divulgada hoje pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), e foram comentados pelo presidente da CNI, Armando Monteiro Neto, na saída da audiência de que participou na manhã desta quinta-feira (8), na Comissão de Serviços de Infra-Estrutura (CI) do Senado.
Conforme a pesquisa, a China tirou clientes de 58% das empresas brasileiras que disputam o mercado externo com os produtos daquele país. Dessas, 6% pararam de exportar porque não resistiram à concorrência, sendo que os mais prejudicados foram os setores de vestuário, de couros e de calçados. No mercado interno, 52% das indústrias expostas à competição chinesa perderam clientes e os setores de têxteis, vestuário, equipamentos hospitalares e de precisão e calçados foram os mais afetados entre as 1.581 empresas pesquisadas.
- Essa entrada de produtos afeta a produção industrial e a economia do país - afirmou o presidente da CNI, Armando Monteiro Neto.
O empresário destacou um fenômeno que vem ocorrendo na indústria brasileira: a diminuição do número de empresas que se destinam à produção de produtos finais ou industrializados, afetando, acima de tudo, a geração de empregos.
- Precisamos reduzir a burocracia, melhorar as condições de funcionamento para essas empresas e reduzir custos de impostos - acrescentou.
Para o presidente da Associação Brasileira da Infra-estrutura e Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy, que também participou da audiência, a entrada dos chineses deve levar o Brasil a uma reflexão profunda sobre a situação das indústrias de base, bens de capital e de consumo.
- A situação pode caminhar para a "desindustrialização" brasileira - disse, criando um neologismo.
08/03/2007
Agência Senado
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