Entrevista coletiva do governador Mário Covas na Assembléia Legislativa



Última parte

Repórter – Governador, o senhor preferiria que o Banespa ficasse com bancos nacionais ao invés dos estrangeiros? Covas – Eu preferiria que ficasse com São Paulo, mas isso é sonho de uma noite de verão, porque não vai acontecer. Repórter – O senhor é a favor de algum tipo de restrição nesta privatização? Covas – Não, não sou a favor de restrições. Mas preferia que ficasse com um dos bancos nacionais sim. Repórter – Se o vice-governador Geraldo Alckmin continuar mal nas pesquisas, ele pode não ser o candidato do PSDB à Prefeitura? Covas – Não sei, isso quem vai decidir é o partido. Eu posso lhe dizer que ele não vai deixar de ser o meu candidato. Primeiro, aceitar o que você está dizendo é aceitar que ele está mal nas pesquisas. Repórter – E não está? Covas – Não, não está nada mal nas pesquisas. Esse papo eu ouvi de vocês durante um ano na minha reeleição. Durante um ano vocês davam risada na minha cara, durante um ano vocês me diziam: “ O senhor não tem a menor chance”. Meu Deus, aquele rapaz de Osasco dizia: “o senhor vai ficar patinando nos 14%”. Isso eu ouvi tanto, e no final estou falando aqui com vocês como governador reeleito. O Geraldinho vai fazer a mesma coisa. Repórter – Mas o que vai fazer virar o jogo? Covas – Nada, a campanha. O que virou meu jogo? Tudo: televisão, rua, tudo, seriedade particularmente. A cidade está precisando muito de uma modificação, de uma gerência, de que seja colocada em ordem. Está precisando muito de um saneamento e, portanto, o Geraldinho é uma figura muito indicada para isso. Repórter – Mas esse ataque do prefeito Celso Pitta à política de segurança, na sua avaliação tem um cunho eleitoral? Covas – Mas eu lá vou, então... Eu não perco tempo nem com ... vou responder o que para o Celso Pitta. Bem que ele gostaria de ter uma discussão comigo. A troco do que eu vou discutir com ele? Repórter – Governador, repita por favor o nº dessa lei que coíbe a guerra fiscal? Covas – 24 de... 1975, consolidada pelo artigo 36, parágrafo III das Disposições Transitórias da Constituição de 88. Se você quiserem a lei, eu deixo uma cópia para vocês reproduzirem. Vamos ver se vocês começam a falar na lei como ela é. Vocês estão falando em guerra fiscal sem nunca ter lido a lei que a proíbe. Repórter – Governador, a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, convocou sete governadores para discutir a questão da guerra fiscal. O que o senhor espera dessa reunião lá em Brasília? Covas – Em Brasília? Quem vai discutir a guerra fiscal? Ah, eu li outro dia que o senador Ney Suassuna estava se propondo, por meio da CAE, a estudar esse problema. Eu acho que essa não é hora de estudar, isso eles já deveriam saber suficientemente bem a respeito disso. Eu não tenho dúvida não, se eles quiserem discutir eu estou pronto, não tenho nenhum problema para discutir sobre isso. Repórter – O secretário de Segurança Pública reconheceu que o Estado não está conseguindo manter um diálogo com a prefeitura e ele disse que o motivo disso é um componente basicamente político, porque a prefeitura é de um partido e o Governo de outro ... Covas – O Petrelluzzi não diria isso não, duvido que ele tenha dito isso. Ele é inteligente o suficiente para não usar esse argumento. Olha, uma vez o prefeito foi me procurar porque precisava falar com o presidente da República, e quem marcou essa audiência foi eu. Portanto, não tenho nada desse negócio de ser de outro partido. Então, meu Deus, estou carregando sozinho o Rodanel, que vai resolver o problema de São Paulo, porque ele não pagou a parte dele. Aí vem essa história de que é porque não somos do mesmo partido! Não tem nada disso. Eu aguentei o Maluf, que era de outro partido. Ele ainda é melhor que o Maluf. Repórter – Por falar em Paulo Maluf existe uma faixa na esquina da avenida Brasil com a Nove de Julho dizendo: Cuidado, você pode ser assaltado!. O senhor acha que tem alguma coisa a ver com o ex-prefeito, já que ele mora ali perto? Covas – É possível, conhecendo bem ele, é possível que tenha feito essa brincadeira, aliás, com muita propriedade. Repórter – Existe uma informação de que o Governo do Estado está abrindo negociação com as concessionárias das estradas para elevar a participação do Estado na receita das concessionárias, em cerca de 3%. Essa informação procede, governador? Covas – Não. O que o secretário tem discutido não é assunto que ... é um assunto para tentar negociar, porque nós não temos o direito. É que no final, uma coisa que nós impusemos a eles, que foi de fazer a ligação da fibra ótica (telecomunicação), foi uma obrigação que nós impusemos a elas. No fim esse limão está se transformando numa boa limonada, porque acabaram transformando isso numa obra maior. Com isso estão faturando algo que não tinha sido calculado na receita deles, mas a rigor, do ponto de vista de Justiça, isso não est

02/01/2000


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