Entrevista do governador Mário Covas após audiência concedida aos integrantes da CPI do Narcotráfico
Parte II
Segue a entrevista do governador Mário Covas após audiência concedida aos integrantes da CPI do Narcotráfico, no Palácio dos Bandeirantes, na manhã desta quarta-feira, dia 12: Parte II Sindicância dos policiais Pergunta: Com relação a punição dos 22 policias que estavam envolvidos em Campinas o que o senhor disse aos deputados e qual a posição do governo em relação a isto? Covas: Os 22 estão sobre inquérito no Ministério Público e na Corregedoria do Estado. Pergunta: Mas eles não foram afastados, não foram punidos, vão continuar trabalhando? Covas: Afastados eles não foram mesmo. Pergunta: Chegaram a dizer que só aqui em São Paulo nada foi feito depois das denúncias apontadas pela CPI? Covas: Nada foi feito, não! Daqui há dez dias estará pronto o inquérito. Pergunta: Mas até hoje nada tinha sido feito? Covas: Mas escuta filha, você pensa que eu posso ir chegando e afastando as pessoas? O primeiro advogado que entrar na justiça derruba isto. Volta para o trabalho. Funcionário público é funcionário público. Você tem critérios para penalizar. E nem se diga que estes critérios são impossíveis porque eu já demiti 2.500 policiais. Eu tenho falado isto com tal sistematicidade que eu nunca li publicado no jornal. Pergunta: Então vai lá governador, quantos? Covas: 2.500 funcionários. Dois mil da polícia militar e 600 da polícia civil. Pergunta: Com estes 22 de Campinas não daria para ter feito isto também? Covas: Está sendo feito a mesma coisa que foi feito para os outros. Os outros passaram por todo este processo. Você não demite quem tem mais de dois anos na área pública se você não fizer inquérito, que é precedido de sindicância. Portanto, se você não passar por esta fase o advogado que defende o cara vem e anula a coisa. Pergunta: Mas o senhor deu um prazo para terminar logo isto, não é isto? Covas: Eu não dei. Eu perguntei quanto tempo eles ainda iriam levar? Disse que está para terminar daqui a 10 dias eles entregam. Eu não quero nem 10, eu quero 15. Pergunta: O senhor acha que depois deste prazo eles podem ser afastados? Covas: Aí você tem o resultado da sindicância da procuradoria. Você pensa que a gente tem interesse em deixar safado trabalhando? Agora não pode admitir que alguém receba uma denúncia e num mesmo instante você tem que aceitar que esta denúncia é verdadeira. Mesmo quando seja de gente tão importante. Eu queria saber se vocês que trabalham para órgãos de comunicação e alguém chegasse para o dono do jornal ou para a televisão de vocês e dissesse assim: 'Olha, aquele teu funcionário anda vendendo notícia'. O que ele fazia? Afastava vocês e não passava a pagar o ordenado mais? Pergunta: Mas o dono do jornal vende notícia (risos) Covas: Tudo bem. Então vamos inverter. Se a situação fosse feita para o dono do jornal. Ora!! Não é assim gente! A gente vive num estado de direito. Precisa obedecer as leis. Eu04/12/2000
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