Especialistas acreditam que Petrobras não terá dificuldades para capitalização



A Petrobrás não terá dificuldades para fechar sua operação da capitalização, pela qual ela vai conseguir do governo federal e dos seus acionistas dinheiro para sustentar seus investimentos, especialmente na chamada área do pré-sal da Bacia de Santos. A opinião é de especialistas ouvidos na noite desta segunda-feira (9) pela Comissão de Serviços de Infraestrutura, presidida pelo senador Fernando Collor (PTB-AL). Entretanto, eles entendem que a Petrobras deverá fornecer mais informações ao mercado antes da venda das ações. Este foi o 4º painel convocado pela comissão para discutir o marco regulatório do pré-sal.

- Na dúvida, o mercado obviamente não oferecerá os preços mais elevados. O mercado ainda nem sabe qual será o critério a ser usado na emissão das ações. Não sabe se será pelo preço médio nem se haverá prêmio - observou a engenheira de produção Paula Kovarsky, que lidera a área de Análise Petróleo e Petroquímicos no Itaú Securities.

O economista Eduardo Teixeira, ex-presidente da Petrobras, explicou que a capitalização busca dar suporte aos investimentos que a Petrobrás fará até 2013, que exigirão US$ 174,4 bilhões, sendo US$ 28,9 bilhões só para o pré-sal. Ele Ponderou que a atual capitalização se dá em situação totalmente diferente do passado, quando se buscava garantir investimentos para que a empresa tentasse encontrar petróleo. Agora, continuou, a situação é diferente, pois a Petrobrás "se tornou uma noiva muito brindada" com as descobertas do pré-sal.

- Os investidores têm um grande apetite em relação à Petrobras e ao pré-sal. Eles sabem que a empresa é hoje a mais reconhecida no mundo em águas profundas e a taxa de sucesso nas perfurações na bacia de Santos é extraordinária. Não é de 100% como se tem falado, mas pouco superior a 70% - sustentou Eduardo Teixeira.

O senador Francisco Dornelles (PP-RJ) questionou os palestrantes como o mercado está vendo a mudança, prevista na nova legislação, de concessão de exploração para partilha da produção. Hélder Queiroz Pinto Jr., professor do grupo de economia da energia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, disse que não vê diferença nos dois sistemas e que as multinacionais do petróleo trabalham com os dois modelos no mundo.

No entendimento do professor, o governo optou pela partilha e pela exigência de que a Petrobrás participe de todas as explorações por temer que a estatal viesse a perder áreas adjacentes ao campo de Tupi. Explicou que os geólogos hoje acreditam que essas áreas próximas sejam uma extensão de Tupi. Ou seja, multinacionais poderiam ficar próximas de Tupi explorando uma mesma reserva.

Já o professor Ernani Torres, superintendente de Pesquisas do BNDES, ressaltou a importância do pré-sal para o país e para a Petrobrás, lembrando que ela ocupa a 11ª posição entre as grandes produtoras de petróleo do mundo. Se a produção da estatal brasileira de 4,3 milhões de barris/dia prevista para 2020 fosse antecipada para hoje, ela pularia para a 3ª posição, disse.

Ao final, o senador Fernando Collor, presidente da CI. afirmou que a Petrobrás tem de se capitalizar e acredita que a empresa oferecerá ao mercado todas as informações para que os investidores se sintam mais seguros. A série de audiências convocada por Collor foi elaborada por um grupo de trabalho composto pelos senadores Delcídio Amaral (PT-MS), Flexa Ribeiro (PSDB-PA) e Gim Argello (PTB-DF).



09/11/2009

Agência Senado


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