Especialistas apoiam projeto que determina inspeções periódicas em edifícios



Em audiência pública nesta quarta-feira (10) na Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR), todos os especialistas convidados apoiaram o projeto de lei do Senado (PLS 491/2011) que determina a realização periódica de inspeções em edificações e cria o Laudo de Inspeção Técnica de Edificações (Lite). Para eles, a lei dá maior peso para cumprimento de inspeções já previstas na Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

O presidente da CDR, senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), e o vice-presidente, senador Inácio Arruda (PCdoB-CE), dividiram a condução da reunião que ouviu representantes de vários órgãos ligados à engenharia, arquitetura, construção civil, e condomínios. Embora já esteja com seu parecer concluído, o relator do projeto, senador Zezé Perrella (PDT-MG), disse que concederá um prazo de 15 dias para receber sugestões dos especialistas.

O representante da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Carlos Alberto Borges, observou que já existem normas da ABNT obrigando a realização de inspeções periódicas nas edificações. Ele sugeriu que o projeto faça referência à norma NBR 5674, da qual constam explicações de como fazer a gestão da manutenção preventiva e corretiva.

Borges ressaltou ainda a existência de outras legislações e normas que já trazem a obrigatoriedade de revisão periódica dos edifícios, como o auto de vistoria do Corpo de Bombeiros e o auto de vistoria de segurança. Segundo o especialista, 95% dos problemas estruturais são vistos a olho nu.

- Situações como destacamentos, infiltrações, fissuras, trincas, deformações, o concreto avisa quando tem problema, e a nossa cultura aqui no Brasil é de construções em concreto armado. Então uma inspeção visual consegue detectar – exemplificou Borges.

Segundo o membro da CBIC, apesar da quantidade de normas e legislação sobre o assunto, é importante a aprovação do projeto de lei para dar força à aplicabilidade das regras.

Frequência da Inspeção

Os especialistas questionaram os prazos para a frequência das inspeções, propostos no texto substitutivo ao projeto, elaborado pelo relator Zezé Perrella. Para o presidente do Sindicato Intermunicipal das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis no Rio Grande do Sul, Moacyr Schukster, alguns prazos ficaram muito apertados, inviabilizando a manutenção.

- No edifício com mais de 50 anos, vai ter que a cada ano fazer um laudo. Eu acho que, no que tange ao edifício feito de concreto armado que durou 50 anos e já passou por uma inspeção, não há necessidade de, a cada ano, fazer esse laudo. Eu acho que a cada dois anos está de bom tamanho – opinou Schukster.

Custos para as prefeituras

Os especialistas levantaram ainda a questão dos custos para as prefeituras na realização das inspeções. A senadora Ana Amélia (PP-RS), uma das autoras do requerimento para a realização da audiência pública, mostrou sua preocupação com o excesso de encargos para os municípios.

- Nós estamos sufocando [os municípios] e, enquanto não houver essa repartição dos recursos do Pacto Federativo, nós vamos ter alguns problemas na execução disso – afirmou a senadora.

Zezé Perrella disse buscar uma solução que seja ao mesmo tempo segura e economicamente viável e perguntou ao presidente do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), José Tadeu da Silva, qual o custo estimado de uma vistoria , para o proprietário do edifício.

Segundo Silva, o custo é alto, mas, insignificante diante de outros encargos pagos pelos moradores ou proprietários de edifícios, como o seguro de cartão de crédito ou a taxa para o corretor que vende o imóvel.

- Acontecem acidentes às vezes por questões que, para nós técnicos, são muito claras, mas que para o leigo é algo impossível. Então, o custo é insignificante – afirmou.

Prevenção de incêndios

Segundo o diretor-geral do Instituto Sprinkler do Brasil, Marcelo Olivieri de Lima, a prevenção de incêndios deve seguir uma orientação de prazos para inspeções diferentes dos aplicados à prevenção de colapso de estruturas.

Segundo ele, esse tipo de inspeção precisa ser feito a partir do primeiro ano da edificação.

Lima também afirmou que a maioria dos sistemas de proteção contra incêndio hoje, especialmente nas grandes capitais, não está em condições de funcionamento, porque não existe nenhuma obrigatoriedade de inspeção.

- A gente viu no caso recente da boate Kiss em Santa Maria que um dos grandes problemas foi a falta de funcionamento de equipamentos básicos da rede de incêndio – lembrou.

Pequenas reformas

O presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU), Haroldo Queiroz, alertou para os perigos das pequenas reformas dentro de edifícios. Esse teria sido o motivo do desabamento de três prédios próximos ao Teatro Municipal do Rio de Janeiro, no ano passado. Ele enfatizou a necessidade de manutenções periódicas.

- É muito difícil para os órgãos de fiscalização de exercício profissional controlar reformas internas. Nós estamos buscando estratégias que possibilitem a verificação de reformas pequenas, de apartamentos, de escritórios que podem levar ao colapso uma edificação – afirmou.



10/04/2013

Agência Senado


Artigos Relacionados


Crivella propõe exigência de inspeções periódicas em edifícios

Comissão debate exigência de inspeções periódicas em edifícios

Crivella pede aprovação de projeto que determina fiscalização periódica de edifícios

Governo e especialistas apoiam projeto sobre tipificação do feminicídio

Especialistas debaterão vistoria periódica obrigatória em edifícios

Aprovado projeto que obriga divulgação de inspeções sanitárias pela internet