Especialistas defendem maior articulação de ações educacionais no Entorno do DF
O futuro da educação básica, técnica e superior na Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (Ride/DF) – formada por 30 regiões administrativas do DF, 19 municípios de Goiás e três municípios de Minas Gerais – depende de planejamento integrado e ações articuladas entre os governos federal e dos estados que a compõem.
O diagnóstico foi feito na segunda audiência pública do ciclo de debates da Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR) sobre alternativas para o desenvolvimento autossustentável e a geração de emprego e renda no Entorno do DF, realizada nesta segunda-feira (9).
Quem primeiro sinalizou nessa direção foi o professor da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília Célio da Cunha. Além da articulação com o Plano Nacional de Educação (PNE), essa proposta deveria – entre outras ações - buscar a universalização da educação básica, resgatar a idéia das escolas parque (escola em tempo integral), diversificar o ensino médio, ampliar a rede de escolas técnicas e a oferta de vagas noturnas nas universidades públicas.
O educador também sugeriu a criação de centros de residência pedagógica no Entorno do DF, dedicados a capacitar - em escolas-modelo - professores recém-formados ou contratados antes de sua inserção em sala de aula. De acordo com o representante da Secretaria de Educação de Goiás, José Frederico Lira Neto, o governo estadual já decidiu exigir o cumprimento do estágio probatório dos novos professores concursados nesses centros de residência.
Disparidade salarial
Outro desafio educacional na Ride/DF, segundo assinalou José Frederico Lira Neto, é a disparidade salarial entre os professores do Distrito Federal – mais bem remunerados – e os que atuam nos municípios do Entorno. Esse desequilíbrio tem afugentado os profissionais da sala de aula, fuga que o governo de Goiás pretende desestimular com a oferta de remuneração diferenciada para quem topar trabalhar em tempo integral e nas escolas “mais desafiadoras”, localizadas, justamente, nessa região.
Para o representante da Escola de Educação Popular do Distrito Federal e Entorno, Rodrigo Rodrigues Garcia, o levantamento das necessidades educacionais da região deve preceder o planejamento das ações integradas no setor. Dedicado à formação de beneficiários de programas sociais, quilombolas, indígenas, catadores, moradores de rua e desempregados, o educador popular defendeu a disseminação da educação integral no Entorno e a descentralização do ensino superior público na região.
Greve
Autor da proposta do ciclo de debates sobre o Entorno do DF, o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) lamentou a ausência de um representante da Secretaria de Educação do Distrito Federal, que já enfrenta 30 dias de greve dos professores. Segundo informações do sindicato da categoria, o impasse persistiria pelo descumprimento de dois pontos do acordo com o governo: envio de projeto de lei para reestruturação do plano de carreira e oferta de plano de saúde para os professores.
– O transtorno causado pela greve é terrível, principalmente para as crianças e suas famílias. Devemos insistir no diálogo – declarou Rollemberg, que chegou a propor ao governador Agnelo Queiroz (PT-DF) a intermediação de um acordo pela bancada do DF no Senado.
Apesar de não dispor de dados sobre a realidade educacional no Entorno, Rollemberg citou estatísticas preocupantes sobre a situação do DF, constantes do relatório Todos pela Educação. O levantamento revelou a existência de quase 40 mil crianças e jovens fora da escola; a piora na média de desempenho das escolas públicas no Enem; e a inserção do DF entre as três unidades da Federação com maior número de repetentes no país.
09/04/2012
Agência Senado
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