Especialistas destacam papel da ação individual na agenda ambiental



Em audiência pública sobre o tema "Governança: como administrar as soluções", realizada nesta quinta-feira (18) como parte do ciclo de debates promovido pela Subcomissão Permanente de Acompanhamento da Rio+20, os três professores convidados mostraram preocupação com a possibilidade de a reunião de cúpula prevista para o próximo ano Rio de Janeiro não trazer resultados significativos. No debate, mediado pelo senador Cristovam Buarque (PDT-DF), eles enfatizaram a necessidade de formação de cidadãos ambientalmente conscientes.

Para Márcia Leuzinger, professora da Universidade de Brasília (UnB), governança ambiental significa consenso estatal e não-estatal visando à superação da crise que ameaça a sobrevivência humana. Da parte do Estado, ela cobrou ações dos três poderes, destacando os dispositivos constitucionais relativos ao meio ambiente e o papel do Ministério Público.

No ponto de vista da professora, o papel das ONGs como entidades coletivas deve ser complementado pela conscientização dos indivíduos, conduzindo-os a "pequenas ações pessoais do dia-a-dia" para minimizar o impacto pessoal sobre o ambiente. A professora acredita que, para se garantir a participação dos entes privados na governança ambiental, a educação deve ir além dos bancos escolares. 

No mesmo sentido, Solange Teles da Silva, da Universidade Presbiteriana Mackenzie e da Universidade do Estado do Amazonas, propõe que o Brasil assuma a frente de uma "alfabetização política ecológica", lembrando que no trato do meio ambiente não há possibilidade de ação unilateral de qualquer Estado no mundo. Ao relacionar governança com processo decisório, a professora assinalou o conflito entre a administração de longo prazo e as eleições de curto prazo, que se põe como obstáculo para uma unidade política internacional que reúna esforços e aumente eficiência.

Marcelo Varella, professor do Centro Universitário de Brasília (Uniceub), disse temer o esvaziamento temático da Rio+20 e esperar que a crise econômica não prejudique a participação dos Estados Unidos no encontro de cúpula. Em sua visão, os políticos e o povo brasileiro precisam buscar formas de aumentar a efetividade dos tratados internacionais de proteção ambiental, considerando que os mecanismos atuais de fiscalização são pouco eficazes.

Varella mostrou-se otimista quanto à crescente consciência ambiental das crianças de hoje e defendeu a proposta de uma Organização Mundial do Meio Ambiente, além do uso mais expressivo no Brasil das novas mídias para controle ecológico.



18/08/2011

Agência Senado


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