Especialistas indicam adoção de nova tecnologia para evitar acidentes em aeroportos de pista curta



A Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT) realizou nesta quarta-feira (26) a segunda audiência pública sobre tecnologias que permitam deter aeronaves que não consigam frear em aeroportos de pista curta. Como na primeira audiência realizada pela comissão, os especialistas indicaram a instalação da tecnologia conhecida como Engineered Material Arresting System (Emas).

A tecnologia consiste no uso, na área de escape, depois do fim da pista, de um tipo especial de concreto que cede ao peso da aeronave, formando uma espécie de tanque de areia que facilita a parada da aeronave, mesmo quando há problemas técnicos. De acordo com o chefe da seção de investigação do 6º Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA), major-aviador Roberto Fernandez Alves, o custo básico de implantação do sistema em uma área de escape de 200 pés de comprimento é de US$ 5 milhões, incluindo preparação do terreno, instalação e manutenção.

De acordo com o major, o EMAS é a única tecnologia de segurança em pistas curtas que existe para a aviação comercial. As outras duas - relacionadas ao uso de cabos e redes que seguram o avião ao fim da pista- só são usadas na aviação militar, em função do tamanho e da performance das aeronaves.

- O EMAS está sendo implementado cada vez mais nos Estados Unidos. Mas tem um custo relativamente alto, que deve ser analisado com bastante critério para decidir sobre a implementação dessa tecnologia nos aeroportos brasileiros - afirmou Fernandez.

O diretor de segurança de vôo do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), comandante Carlos Gilberto Salvador Camacho, também defendeu a instalação do EMAS em aeroportos brasileiros. Mas destacou que uma primeira e melhor medida a ser tomada, mais simples do que qualquer nova tecnologia, seria reduzir o peso das aeronaves que operam em determinadas localidades, com os aeroportos de Ilhéus (BA) e Santos Dumont (RJ). O comandante explicou que o pouso de grandes aeronaves nesses aeroportos é decidido por burocratas e que os pilotos não têm como dizer não aos patrões, sob o risco de perder o emprego.

Sobre a possibilidade de instalação do EMAS em aeroportos nacionais, o comandante Camacho considera que seria "perfeito" e "o melhor dos mundos se todas as pistas tivessem" a tecnologia. Camacho acredita que há recursos financeiros para a instalação da tecnologia.

- O concreto poroso ajudaria muito a controlar um acidente, transformando-o apenas em um incidente aeronáutico. O custo de cinco milhões de dólares é muito pouco. É fácil fazer a conta: a vida que vai ser perdida é a nossa - disse.

O superintendente de Infra-Estrutura da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Luiz Kazumi Miyada, disse considerar "interessante para aeródromos civis" a adoção da tecnologia EMAS. O superintendente destacou que há limitações nos recursos para investimento em segurança de vôo e sugeriu a criação de um programa de financiamento para implementação de medidas de segurança, como o EMAS. Myiada também acredita que é preciso haver uma melhor definição sobre quais esferas do governo são responsáveis por regulamentar a ocupação de áreas do entorno dos aeroportos.

O gerente de Engenharia de Operações da GOL, Murilo Cubas Júnior, garantiu que as empresas aéreas calculam os pesos máximos de pousos e decolagens de aeronaves com base em padrões internacionais. Afirmou ainda que o Brasil tem uma equipe muito eficiente para esse tipo de cálculo e que os pilotos são bem assessorados nesse sentido.

As audiências sobre tecnologias de segurança em aeroportos de pista curta estão sendo realizadas graças a requerimento do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ).

26/09/2007

Agência Senado


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