Estado quer criar Centro Internacional de Cientistas Aposentados



O secretário estadual de Ciência e Tecnologia, Adão Villaverde, anunciou hoje pela manhã na audiência do Fórum Democrático, realizada no auditório Dante Barone, da Assembléia Legislativa, que a Universidade Estadual (Uergs), quanto implantada, irá contar com um Centro Internacional de Cientistas Aposentados. Segundo ele, será um espaço constitucional que irá agregar cientistas renomados, “quem sabe até ganhadores do Prêmio Nobel, que apesar de aposentados continuam tendo idéias, produzindo, “as vezes até de maneira mais criativa”, e que portando poderiam compor uma espécie de “Centro de Produção de Idéias”. A manifestação do secretário foi realizada durante o painel “Perfil e Projeto Institucional da Universidade”. Para Adão Villaverde as incompreensões em relação à Uergs deve-se pelo fato de ter ela propósitos inovadores. “A Uergs estará voltada à pesquisa e ao desenvolvimento regional”, afirmou. Fazendo distinção entre a Universidade Estadual e a UFRGS, Villaverde diz que enquanto o objetivo da pesquisa da universidade federal é gerar conhecimento para contribuir com o conhecimento universal, na universidade estadual a intenção é que ela gere produtos para utilização pela estrutura produtiva do Rio Grande do Sul. Isto para o secretário de Ciência e Tecnologia não significa dizer que a Ufrgs esteja equivocada. “Vemos a universidade pública federal como necessária, que precisa ser preservada e fortalecida”, disse o secretário, complementando que a proposta da Uergs é complementar as atribuições das universidades tradicionais. Como novidades, Villaverde disse que a Uergs atuará no sistema multicampi, com unidades de ensino, pesquisa e extensão espalhados por todo o território gaúcho, e irá ofertar cursos pioneiros como o de formação de profissionais de saúde pública à nível de graduação; a instalação de uma escola de Administração Pública; cursos voltados às vocações regionais e que privilegiem áreas como a indústria metalúrgica, da pesca, do meio ambiente e da agropecuária; e a criação de centros de idiomas, artes e de tecnologia da informação e comunicação. Críticas ao projeto O segundo palestrante do painel foi o representante da Universidade de Caxias do Sul (UCS), José Antônio Adamoli. Embora considere importante a criação da Uergs o representante da UCS disse que sua instituição vê a necessidade de esclarecimentos em relação aos propósitos do projeto. E cita três deles: o primeiro é a forma como se dará a parceria do Estado com a rede de universidades existentes para a implantação do sistema multicampi. O segundo é uma garantia de que a universidade será realmente da sociedade e não de uma tendência política ou ideológica. “O projeto não permite definir isto com clareza”, afirmou Adamole. O último, reforçando esta preocupação, diz respeito a constituição dos Conselhos Universitário e Consultivo da Uergs. Ele afirma ser necessário a garantia, na sua composição, da presença dos mais diversos segmentos da sociedade gaúcha e nos só os ligados ao Poder Público. Concluindo sua manifestação, Adamoli disse que a intenção da UCS é ser propositiva na construção de uma universidade para todos, mas que reconhece que entre o discurso, a discussão técnica e o projeto do Governo há muito ainda para ser construído para chegar a universidade estadual ideal. O terceiro pronunciamento foi realizado pelo professor de economia da Ufrgs, Sabino Porto Júnior. Para ele, a forma como a criação da Uergs está se processando lembra o “jogo de soma zero”, onde no final ninguém ganha nada. “O que importa é o que a Uergs fará para melhorar a distribuição de renda para o povo gaúcho”, disse Porto Júnior. Segundo ele, “o projeto apresentado não prioriza este objetivo, só deixa transparecer o favorecimento de um partido em um determinado momento”. O representante da Ufrgs afirmou, ainda, que o projeto da universidade estadual reproduz no Rio Grande do Sul o discurso populista de um sistema de distribuição de renda “que é extremamente perverso onde 36% das verbas federais para Educação beneficiam apenas 6% dos estudantes, que são os que conseguem ingressar no ensino superior, sendo que destes privilegiados apenas 5% representam a classe trabalhadora”. Sobre a utilização da Uergs como formadora de educadores para o ensino fundamental e médio Porto Júnior declarou que isto é uma falácia. “Qual o professor que conclui o doutorado e volta para dar aula no segundo grau, onde a defasagem salarial é brutal ?”, indagou. Do mesmo modo, criticou a apregoada reserva de vagas para estudantes oriundos a escola pública. “Sem critérios objetivos, onde não é feita nenhuma distribuição de renda, vão continuar ingressando na universidade apenas alguns poucos privilegiados”, concluiu Sabino Porto Júnior. A secretária municipal de Educação de Rio Grande, Sônia Tissot, encerrando as manifestações, reclamou da falta de investimentos do Estado na qualificação do ensino fundamental e médio. Para ela, investir em Educação deve ser a prioridade de todos os governantes, “daí não ser contra a Uergs”, mas ressaltou que o Governo precisa, antes disso, atender as necessidades da parte do ensino que é de sua obrigação. “O grande problema no Rio Grande do Sul é o ensino médio onde existe uma grande demanda para ser atendida”, afirmou a secretária. Dentre a necessidade de investimentos no ensino médio Sonia Tissot citou a instalação de novas escolas; capacitação dos professores; e criação de um sistema para aqueles que não conseguiram entrar na Uergs ou não se interessaram por seus cursos. Concluindo seu pronunciamento, a secretária Tissot criticou a forma como está previsto, no projeto original, a elaboração dos Estatutos e do Regimento da Uergs. Nele esta previsto que será através de decreto do governador. “Questões educacionais não podem ficar ao livre arbítrio dos governantes”, declarou.

05/28/2001


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