Estudo avalia aluno de baixa renda em universidade pública



Bom desempenho depende de família, professores e assistência estudantil

Estudo realizado por pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP) indica que o ingresso e o bom desempenho de estudantes de camadas populares em universidade pública dependem de uma rede de apoio, que abrange família, professores e assistência estudantil. As conclusões estão na pesquisa de doutorado de Débora Cristina Piotto, psicóloga e educadora da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP.

Débora analisou, por meio de entrevistas em profundidade, a trajetória escolar e a experiência de cinco estudantes provenientes das camadas populares, matriculados em cursos superiores de alta competitividade num dos câmpus da USP. O objetivo inicial, segundo a pesquisadora, era saber qual o papel da escola na trajetória de sucesso desses alunos. Ao iniciar as entrevistas, porém, verificou que, na avaliação dos entrevistados, diversos fatores contribuíram para isso.

A educadora resolveu então analisar também os sentimentos presentes nesse processo. “Procurei evidenciar a importância da consideração da dimensão psicológica quando se trata de estudar o acesso e a permanência do estudante carente no ensino superior, já que essa dimensão, em geral, não é abordada nos estudos sobre o tema”, explica.

Pessoal e social – Da rede de apoio coletivo ao aluno fazem parte, entre outros, a família, que mobiliza outros parentes buscando garantir a continuidade dos estudos do filho; os amigos, que permitem ampliar horizontes; e os professores, que fornecem estímulo e ajuda. Vários outros aspectos funcionaram também como apoio, segundo Débora. É o caso da assistência estudantil fornecida pela universidade, como os serviços de restaurante e moradia no câmpus. “Todos mostram que o acesso e a permanência de um aluno das camadas populares no ensino superior público são uma realização pessoal e social”.

Um ponto que chamou a atenção da pesquisadora é o da relação especial com os professores. Embora esse não tenha sido o objetivo da pesquisa, as considerações dos jovens sobre suas experiências escolares e sobre o papel dos professores trouxeram importantes questões, que, na opinião de Débora, precisam ser aprofundadas. “Os entrevistados fazem menção especial aos professores, demonstrando respeito, admiração em relação ao trabalho docente, bem como expressando o desejo de serem professores. Assim, considero necessário investigar a participação da escola na construção de trajetórias escolares prolongadas”, afirma.

A tese de doutorado, intitulada As exceções e suas regras: estudantes das camadas populares em uma universidade pública, foi defendida no Instituto de Psicologia da USP, na capital. A orientação foi da professora Clotilde Rossetti-Ferreira, da FFCLRP.

Da USP-RP

(M.C.)



06/05/2008


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