Estudo avalia efeitos da poluição do ar em cidades latino-americanas
Faculdade de Medicina da USP integra a equipe internacional de pesquisadores
A Faculdade de Medicina (FM) da USP integra um projeto de pesquisa internacional sobre os efeitos da poluição do ar na saúde em grandes centros urbanos da América Latina. Os pesquisadores avaliam a influência da qualidade do ar na população, especialmente entre crianças, jovens e idosos. No Brasil, o estudo é coordenado pelo professor Nelson Gouveia, do Departamento de Medicina Preventiva da FM.
Gouveia participou nesta quinta-feira (6) de entrevista coletiva sobre o projeto na 19ª Conferência da Sociedade Internacional de Epidemiologia Ambiental (ISEE 2007), realizada na Cidade do México. A pesquisa, denominada Estudo de Saúde e Contaminação do Ar na América Latina (ESCALA na sigla em espanhol), é financiada pelo Health Effects Institute (HEI), com sede nos Estados Unidos, e envolve instituições do Brasil, México e Chile.
Há um ano e meio, pesquisadores dos três países avaliam o impacto da poluição em grupos mais vulneráveis da população, como crianças, jovens, pessoas idosas e carentes. Também é medida a influência, a curto prazo, dos poluentes na ocorrência de mortes prematuras nas cidades do México, Monterrey e Toluca (México), São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre (Brasil), e Santiago, Temuco e Rancagua (Chile). Além da FM, a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) também integra o projeto.
Qualidade do ar
No ano passado, a OMS divulgou um documento contendo as Diretrizes de Qualidade do Ar, no qual foram anunciados os novos padrões mundiais de qualidade do ar e as metas recomendadas para a redução dos riscos à saúde. As diretrizes recomendam níveis de material particulado (PM10) abaixo de 20 microgramas por metro cúbico (µg/m3) para evitar efeitos danosos à saúde, mas muitos países latino-americanos ainda têm padrões de qualidade do ar em torno de 50 µg/m3.
Diversos estudos científicos comprovam a relação da poluição atmosférica com a redução da expectativa de vida. As metas requerem níveis bem mais baixos de poluição do que aqueles observados atualmente na maioria das cidades da América Latina e Caribe.
A OMS estima que a redução dos níveis de PM10 de 50 µg/m3 para 20 µg/m3 poderia reduzir as mortes nas cidades poluídas em até 9% ao ano. A poluição do ar em áreas urbanas que excedem os níveis recomendados provoca mais de 750 mil mortes prematuras por ano em todo o mundo, mais da metade entre populações de países em desenvolvimento.
As novas diretrizes também baixaram substancialmente os limites recomendados de ozônio e de dióxido de enxofre. Participaram da elaboração novos padrões 80 especialistas de várias partes do mundo, entre eles os professores Nelson Gouveia e Paulo Saldiva, da FM. A Conferência da ISEE acontece até o dia 9 de setembro, no México.
Da Agência USP
Com informações da Assessoria de Imprensa da Faculdade de Medicina da USP
(I.P.)
09/08/2007
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