Estudo do Ipea mostra déficit comercial de US$ 16 bilhões no complexo eletrônico



A balança comercial do complexo eletrônico do País vem aumentando ao longo do tempo e deverá atingir US$ 16 bilhões até o fim deste ano, principalmente nos segmentos de telecomunicações e de componentes, devido ao crescimento das importações.

O déficit somente no setor de componentes eletrônicos é de US$ 7 bilhões, conforme estudo divulgado nesta quinta-feira (28) no boletim Radar, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), sobre as tendências de telecomunicações no País.

De acordo com o pesquisador Lucas Ferraz Vasconcelos, autor do estudo, a situação deficitária do complexo eletrônico brasileiro se acelerou entre 2002 e 2008, quando a taxa de crescimento das importações foi bastante superior à das exportações: enquanto a primeira registrou aumento de 137% entre 2004 e 2008, a segunda elevou-se 60% no mesmo período, fazendo com que o déficit crescesse 169%. Esse déficit equivale hoje a 65% do saldo comercial brasileiro, foi de US$ 4,7 bilhões no ano passado e quase dobrou no primeiro semestre de 2010 para US$ 8,3 bilhões.

Um outro aspecto do estudo analisou os gastos públicos em equipamentos de telecomunicações. Um dos autores, Rodrigo Abdalla, ressalta que a expectativa de crescimento desses gastos “é basicamente na ampliação dos sistemas de defesa existentes e a implantação de novos sistemas – Sistema de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron) e Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB)”. 

Estes dois projetos das Forças Armadas, segundo ele, estão em fase de concepção e devem promover um crescimento do ciclo de investimentos em equipamentos de telecomunicações.

Além disso, está prevista a expansão dos sistemas já existentes – Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam) e o Sistema Brasileiro de Comunicação Militar por Satélite (Siscomis). 

“Diante disso, prevê-se que o maior aumento de investimentos da administração pública direta seria das Forças Armadas”, conclui Abdalla.

O valor dos investimentos previstos pela administração pública direta, excetuando-se as Forças Armadas, é de R$ 20 a 25 milhões por ano. O especialista considera o montante insuficiente para acelerar o desenvolvimento do setor.

No Brasil, fora do setor público, o maior investimento previsto é o da Telebras, que deverá aplicar R$ 4 bilhões (US$ 2,5 bilhões), até 2014. Por isso, o pesquisador do Ipea conclui que “é necessário que o investimento seja bem maior do que o previsto atualmente nos setores público e privado e os instrumentos adequados para isso, pelo nosso estudo, são as Forças Armadas e a Telebras”.


Fonte:
Agência Brasil



28/10/2010 19:37


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