Ética e inclusão são temas de debate em congresso da Fundação Pestalozzi
Na abertura do 12º Congresso da Federação Nacional das Associações Pestalozzi (Fenasp), realizado no auditório Petrônio Portela na tarde desta terça-feira (2), a presidente da entidade, Gysélle Saddi Tannous, pediu o apoio dos parlamentares para a efetivação de políticas públicas que favoreçam as pessoas portadoras de deficiência.
Com o tema "Ética e Inclusão: Construindo práticas e conceitos de uma sociedade para todos", o evento prossegue até a próxima sexta-feira (5) com a realização de palestras e mesas-redondas sobre saúde, educação e qualidade de vida, entre outros assuntos.
- O Brasil, país de todos, quer ser também daqueles que sempre foram colocados nas beiradas dos recursos, nas sobras das políticas públicas, nos restos de uma sociedade que se acostumou a tratar seus excluídos com indiferença. É por isso que estamos aqui, para conclamarmos nossos parceiros do Legislativo a cobrar a efetivação desse país para todos - disse.
Além de Gysélle Tannous, compuseram a mesa a presidente de honra da Fenasp, a professora Sarah Couto César; a diretora para Assuntos Internacionais da entidade, Lizair de Morais Guarino; o secretário-geral da Frente Parlamentar pelos Direitos das Pessoas com Deficiência, deputado federal Waldir Maranhão (PP-MA); o deputado federal Otávio Leite (PSDB-RJ); e o jurista Dalmo de Abreu Dallari.
A abertura do evento também contou com a participação da cantora Lenilde Ramos, do Mato Grosso do Sul, que executou o Hino Nacional e o Hino da Fenasp no acordeom; do coral da Fundação Pestalozzi de Goiânia, que cantou as músicas É Preciso Saber Viver e Amigos Para Sempre; e do grupo folclórico da Fundação Pestalozzi de Belém do Pará, em uma exibição animada que empolgou toda a platéia do evento.
Direitos
Em entrevista à Agência Senado, Gysélle disse que o congresso pretende discutir a inclusão das pessoas com deficiência na sociedade.
- A gente tem visto que, por vezes, as leis que forçam a inclusão acabam por excluir mais os nossos cidadãos, quando impõem que eles convivam à força dentro de alguns meses. O importante é que a sociedade se prepare, se informe, consiga entender melhor os potenciais das pessoas com deficiência, para que não seja a força de lei, mas um encontro entre pessoas que querem compor uma sociedade de paz - afirmou.
Mesmo apontando avanços nos últimos 12 anos, Gysélle observou que o Brasil ainda precisa avançar na efetivação dos direitos das pessoas com deficiência.
- Avançamos bastante no plano legal, no plano dos direitos, e ainda temos muito o que fazer para que esses direitos sejam efetivados. A gente tem muitos papéis e ainda pouco efetivamente conquistado em espaços sociais, por exemplo, com escolas da rede pública bem preparadas, com professores bem capacitados. Temos muito o que avançar - avaliou.
Autor da palestra "Direito à diversidade na sociedade brasileira do século 21" e um dos símbolos da resistência contra o regime militar no Brasil (1964-1985), Dalmo de Abreu Dallari exortou a platéia a ter persistência e a lutar com altivez pelos seus direitos à saúde, educação e trabalho, conforme previstos na Constituição.
- São direitos, não é caridade. Direito à diversidade na sociedade não é apenas o direito de ser diferente, é também o direito de não sofrer restrição aos direitos pelo fato de ser diferente - disse o jurista, bastante aplaudido pelos presentes.
Palestras
O congresso prossegue nesta quarta-feira (3), a partir das 9h, com palestra do assessor técnico da Associação Pestalozzi de Campo Grande (MS), João Carlos de Andrade, sobre "A formação laborativa da pessoa com deficiência: rompendo paradigmas do mercado de trabalho".
Às 10h, haverá mesa-redonda com o procurador da República Humberto Jacques de Medeiros e outras autoridades, que falarão sobre o tema "Direito à saúde sob a égide da equidade".
Para as 14h, está prevista a participação do ministro da Educação, Fernando Haddad, em palestra sobre o tema "Educação inclusiva: discutindo um conceito e uma política".
02/09/2008
Agência Senado
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