Ex-diretor da Unimed diz que recursos enviados ao exterior eram legais



Em depoimento nesta quinta-feira (18) à CPI do Banestado, o ex-presidente da Unimed de São Paulo, médico José Ricardo Savioli, afirmou que os recursos enviados por ele ao exterior são oriundos de mais de 30 anos de serviço na medicina e foram devidamente declarados ao Imposto de Renda. Ele foi acusado de fazer remessas de mais de R$ 2 milhões poucos dias antes de a Unimed São Paulo sofrer intervenção da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Savioli, que é ortopedista, apresentou à CPI documentação que acredita justificarem as movimentações bancárias, que totalizam R$ 2.510.632. O médico abriu seu sigilo bancário à CPI e já entregou extratos comprovando as operações. Garantiu que seu patrimônio é compatível com as emissões feitas ao exterior e contou que trabalha como ortopedista há mais de 30 anos e que dirige clínica particular especializada em mãos, onde trabalham mais de 50 profissionais.

O relator da CPI, deputado José Mentor (PT-SP), esclareceu que as remessas feitas por Savioli foram realizadas nos dias 18, 19, 22 e 26 de dezembro, cada uma no valor de R$ 500 mil. Contou ainda que a ANS decretou intervenção da Unimed no dia 21 de dezembro de 2000. Mais uma aplicação foi feita em 2001, no valor de R$ 641 mil, informou Mentor.

Savioli afirmou que as remessas nada tiveram a ver com a intervenção decretada pela ANS. Segundo o médico, apenas em 27 de março ficou sabendo da iniciativa da ANS de intervir na Unimed paulista. De acordo com Savioli, as remessas foram feitas por motivos pessoais, uma vez que encontra-se há seis anos em litígio com a ex-mulher. No entanto, os bens do médico encontram-se bloqueados pela ANS.

A senadora Ideli Salvati (PT-SC) questionou por que motivo, morando em São Paulo, o médico usou o Banco Araucária do Paraná para fazer suas aplicações. Perguntou também se houve transferência de patrimônio para algum filho. O médico explicou que usou o banco Surinvest, localizado em São Paulo, para fazer a aplicação, mas que este banco não tinha conta no exterior e por isso precisou usar o Araucária como caminho para aplicar no Uruguai. Contou que fez a aplicação por conselho do agente financeiro Jorge Verges, um ex-diretor do Surinvest de São Paulo. Afirmou ainda que fez uma doação a um filho que cursa medicina e queria entrar como sócio em uma clínica de radiologia.

Segundo Savioli não há denúncias contra ele de desvio de recursos, apenas de má gestão. Afirmou ainda que a Unimed paulista entrou em dificuldade financeira por ter investido em projetos muito grandes, como o de oferecer serviço de remoção aérea.

A próxima reunião da CPI será na terça-feira (23), às 10h. Deverão ser ouvidos os gerente do Banestado Eraldo Ferreira, Ricardo Franczyk, Valdir Antônio Perin e Valderi Werle, que não compareceram na reunião desta semana.



18/09/2003

Agência Senado


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