Executiva Estadual do PT regulamenta as prévias









Executiva Estadual do PT regulamenta as prévias
A Executiva estadual do PT passou toda a manhã de ontem reunida em sessão extraordinária para definir a regulamentação da prévia interna que vai escolher no voto o candidato do partido para o governo do Estado. A principal decisão foi a composição de uma comissão eleitoral e a definição da realização de debates entre Olívio Dutra e Tarso Genro.

Os nomes escolhidos pelos apoiadores de Olívio para formar a comissão eleitoral foram Marcel Frison, secretário de comunicação do PT regional, membro da Articulação de Esquerda; João Ceolin, secretário de finanças, da Ação Democrática; e Chico Vicente, secretário-geral e integrante da Democracia Socialista. Os indicados pelas tendências que apoiam Tarso Genro, foram: Vitor Labes, secretário de organização, do PT Amplo; Luis Carlos Saraiva, membro da executiva regional, participante do Movimento de Construção Socialista; e Luix Costa, secretário de formação, do Fórum Socialista. O presidente David Stival será o voto de minerva.

Resolvendo a polêmica surgida sobre a possibilidade de realização de debates externos ou apenas aos militantes, a comissão optou por viabilizar as duas posições. Para isso, definiu a realização de cinco encontros, sendo o primeiro em Porto Alegre, aberto à imprensa, e os demais, no interior, restrito aos militantes.

Amanhã a comissão eleitoral volta a ser reunir para definir a data dos debates e os locais onde se realizarão no interior. O secretário-geral do PT gaúcho, Chico Vicente, salientou que também será estipulado um limites de gastos de campanha para cada candidato e a disponibilizado um espaço junto a sede do partido, tanto para Tarso como para Olívio. Não foi colocada nenhuma restrição a implantação de comitês externos para a divulgação das propostas de cada candidato.

Discussões públicas dão armas à oposição
Outra determinação tomada em resolução emitida pela comissão eleitoral das prévias do PT gaúcho é de que está permitida a manifestação pública de apoio aos candidatos. "Entretanto elas deverão estar enquadradas dentro de princípios éticos que serão controlados e duramente cobrados por parte do partido, caso hajam abusos por parte dos dois lados", disse Vicente.

Essa decisão contemplou a proposta apresentada pelo grupo de apoio ao governador Olívio Dutra que defendeu a punição de militantes que promovam ações ou declarações prejudiciais ao projeto gaúcho da Frente Popular.

Dirceu Lopes, secretário do Interior do governo do Estado, alegou a discussão pública entre os candidatos só serve para fornecer armas à oposição e ampliar a dificuldade de vitória do partido.

Lopes criticou, ainda, a sinalização do vereador Estilac Xavier de que haverá cobrança das promessas não cumpridas durante os quatro anos da gestão de Olívio. Diante da situação, o presidente David Stival afirmou que uma chapa de consenso está praticamente descartada, dando como praticamente acertada a realização da disputa entre o governador e o prefeito da Capital.


Preso acusado da morte do prefeito de Santo André
Andrelison dos Santos Oliveira, mais conhecido como "André Cara Seca", acusado de ter matado o ex-prefeito de Santo André no Grande ABC (SP), Celso Daniel, foi preso ontem, em Vitória da Conquista, na Bahia, depois de uma perseguição que durou oito dias. "André Cara Seca" faria parte de uma quadrilha de seqüestradores que tinha uma das bases na Favela Pantanal.

"André Cara Seca" vem de avião para a capital paulista escoltado por agentes da Polícia Federal (PF). A Assessoria de Comunicação da PF anunciou que ele será apresentado à imprensa, mas não deu informações detalhadas sobre a prisão. Além dele, integrariam o bando Itamar Messias Silva dos Santos; Juscelino da Costa Barros, mais conhecido como "Cara de Gato"; Mauro Sérgio Santos de Sousa, conhecido como "Serginho", e o irmão de "André Cara Seca", Rodolfo Rodrigo dos Santos Oliveira, o "Bozinho". Todos estão foragidos e com a prisão preventiva decretada.


Megaprojeto beneficia o livro
Numa sociedade marcada pelas imagens, onde se fazem constantes declarações sobre a morte do livro, é necessário nadar contra a corrente e tomar medidas enérgicas para que não se perca uma tradição tão antiga, um legado tão importante como o da literatura escrita. Com este preâmbulo, o secretário Estadual da Cultura, Luiz Marques, anunciou o Programa Pró-Livro, em entrevista coletiva à imprensa, segunda às 16h, no Solar Palmeiro.

O megaprojeto, que pretende financiar a indústria editorial gaúcha, foi lançado oficialmente ontem às 19h também no Auditório do Solar Palmeiro, pela Secretaria de Estado da Cultura (Sedac), junto ao BRDE, Câmara Rio-Grandense do Livro e Clube dos Editores. O programa surgiu devido à necessidade de crédito a longo prazo para ítens de investimento, como o desenvolvimento de planos editoriais e atualização de editoras, distribuidoras e livrarias de micro, pequeno e médio porte, com receita operacional bruta anual de até R$ 45 milhões.

O secretário Luiz Marques não deixa por menos: "Queremos propiciar um verdadeiro boom na indústria gaúcha do livro, oferecendo vantagens como carência de até 24 meses e ausência de limite para o fundo, que pode variar entre R$ 5 e R$ 20 milhões nesse primeiro ano de funcionamento". Entusiasmado, ele cita, entre os ítens financiáveis, atividades como pagamento de direitos autorais, tradução e projeto gráfico, impressão e acabamento final do livro. E ressalta o caráter inédito do programa no País, afirmando que, até então, nunca houve um tão grande comprometimento com a indústria do livro no Brasil. Acrescenta que o programa "deve ser seguido por outros estados, para que desencadeie uma movimentação brasileira, transformando-se num acontecimento histórico marcante".

Situação atual é crítica
Entre as possibilidades do programa, Marques destacou as vantagens individuais através da articulação coletiva. Nisso, foi complementado pelo secretário-adjunto, Charles Kiefer: "Assim como temos a Agafarm (Associação Gaúcha de Farmácias), podemos criar a primeira rede associativa de livrarias. Vantagens? Maior capacidade de compra, estoque e distribuição, aumento e lucro". Pensa-se inclusive numa espécie de livraria virtual, que funcionaria com assessoramento do Procergs, com vantagens especialmente para o mercado livreiro do interior do Estado.

Luiz Marques citou vários empreendimentos do atual governo na área editorial gaúcha, como o projeto para construção de redes de cooperativas de livrarias, além de cerca de R$ 2 milhões destinados à SEC para acervos escolares, e um programa de informatização das escolas públicas, inclusive municipais. Apesar dessa marcante atuação do poder público, a situação da indústria editorial gaúcha é crítica - conforme Marques - o que aliás não seria um fenômeno específico, pois as editoras nacionais estariam desaparecendo.

Essas declarações contrariam recentes informações de Antonio Laskos, presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros, no sentido de que o mercado editorial brasileiro cresceu 5% em 2001, com faturamento de R$ 2,16 bilhões. Sobre isso, Charles Kiefer, esclareceu: "Atualmente, quase todas as editoras gaúchas estão em dificuldades, algumas hipotecadas. Até cinco anos atrás éramos o terceiro polo editorial brasileiro. Entretanto, com a globalização e a entrada de capital estrangeiro, as editoras brasileiras não puderam fazer frente às multinacionais". Ele disse ainda que o mercado editorial brasileiro cresce atualmente nas áreas didática e paradidática, das quais o Rio Grande do Sul não participa. Por isso, a defasagem de nosso mercado editorial em relação a outros estados.


N ovos agentes começam combate à dengue na Capital
Começou ontem em Porto Alegre o trabalho dos 160 agentes de saúde que combaterão o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue. Duas equipes foram divididas entre os bairros Santo Antônio e Partenon, os primeiros a serem visitados na Capital. Os agentes fizeram vistorias nas residências, chamando a atenção dos moradores para a importância do controle dos possíveis focos do mosquito, principalmente para recipientes que contenham água limpa parada, como pneus e vasos.

Atualmente, Porto Alegre tem seis casos confirmados de dengue, todos adquiridos fora da cidade, e 69 pessoas estão sob suspeita. Seis bairros têm focos do Aedes aegypti: Partenon, Medianeira, Cascata, Nonoai, Glória e Teresópolis. Na sexta-feira, um caminhoneiro morreu no hospital de São Luiz Gonzaga com os mesmos sintomas da dengue hemorrágica. Uma amostra do sangue foi enviada para análise em São Paulo. O caso não é confirmado pela Secretaria Estadual da Saúde (SES).

Os novos agentes, que participaram do curso de capacitação na semana passada, se somarão aos 50 já existentes na Capital. O diferencial deste trabalho é o controle mecânico, em que o profissional orienta a comunidade sobre como combater o inseto. Nas outras vezes, a prioridade de controle era com a utilização de produtos químicos.

Segundo a bióloga da equipe de controle de zoonoses da Secretaria Municipal da Saúde, Cláudia Lima, o Brasil investe no trabalho de controle químico, mas o contágio continua aumentando, principalmente no Rio de Janeiro, onde já houve pelo menos 11 mortes. Em São Paulo, no começo desta semana, morreu a primeira pessoa de dengue hemorrágica contraída dentro do Estado.

"É preciso que as pessoas percebam a importância da mudança nos hábitos, mas para isso é necessário mais informação. É neste sentido que estamos trabalhando", afirma. Segundo Cláudia, após a avaliação, monitoração e esclarecimento da população, pode haver colocação de produtos químicos, caso os agentes considerem necessário.

Laboratório gaúcho analisará amostras
Ainda neste mês, o Laboratório Central do Estado (Lacen), terá condições de analisar as amostras de soro dos casos suspeitos de dengue, trabalho que até agora vinha sendo executado pelo Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo. De acordo com a diretora substituta do Lacen, Helena Rosek, a estimativa é que a equipe do laboratório possa realizar cerca de 300 exames por semana. Os resultados deverão ser conhecidos em três dias úteis. Hoje, essa espera é de quase um mês. Do início de janeiro até segunda-feira passada, o Lacen recebeu 204 amostras. Destas, 55 foram enviadas para São Paulo e 149 estão em Porto Alegre e serão analisadas por técnicos do Laboratório Central do Estado, que é um departamento da FEPPS- Fundação Estadual de Produção e Pesquisa em Saúde.


70% dos jovens desejam ingressar nos quartéis
A atual realidade brasileira, que inclui dificuldades econômicas, falta de oportunidades e altos índices de desemprego, está fazendo com que muitos brasileiros acima de 18 anos adotem a idéia de ingressar no Exército. De acordo com o Comando Militar do Sul, 70% dos jovens que se alistam têm o desejo de prestar o serviço militar. O quadro é inversamente proporcional à situação de duas décadas atrás, quando apenas três em cada dez rapazes tinham a intenção de servir.

No Rio Grande do Sul, há uma média anual de 86 mil jovens alistados nas Forças Armadas. Em Porto Alegre, 15 mil se credenciam a uma vaga no Exército, Marinha ou Aeronáutica. No entanto, apenas 1,3 mil (8,6%) são incorporados aos quartéis na Capital.

Este ano, os jovens nascidos em 1984 e que residem em Porto Alegre contam com mais três novos postos de alistamento militar obrigatório. Desde segunda-feira, as inscrições podem ser feitas no Mercado Público e, a partir do dia 4 de março, nos centros administrativos regionais (CAR) dos bairros Sarandi e Vila Bom Jesus. O objetivo é descentralizar o atendimento.

Para se credenciar, o jovem deve apresentar uma foto 3x4, e a certidão de nascimento (original) ou carteira de identidade (com cópia). Os postos funcionam das 8h às 14h. O prazo para alistamento se encerra no dia 30 de abril.

BOX:
Onde se alistar:
  • Junta de Serviço Militar (Rua Freitas de Castro, 850, Santana)
  • Altos do Mercado Público, sala 108.
  • CAR Sarandi (Avenida Bernardino Silveira Amorim, 1358)
  • CAR Vila Bom Jesus (Rua São Felipe, 140)
  • Outras informações pelo telefone 156 ou na Junta de Serviço Militar, (51) 3223-3611 e (51) 3223-3424.


    Paulo da Costa Leite discorreu sobre segurança e a crise de credibilidade do Judiciário
    O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Paulo da Costa Leite, proferiu ontem aula magna na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). A palestra foi dirigida aos alunos dos cursos de graduação e pós-graduação, dentro das atividades comemorativas aos 102 anos da faculdade.

    Paulo da Costa Leite falou sobre segurança pública, a crise de credibilidade pela qual passa o Poder Judiciário e também citou o caso da liberação do ex-presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA).

    Segundo o ministro, entre os motivos da crise no Judiciário estão a escassez de recursos destinados ao Poder, a excessiva demanda de causas que abarrotam os tribunais superiores que poderiam ser resolvidas em primeira instância e o anacronismo das leis processuais. "São itens que contribuem para a sociedade se queixar da morosidade da justiça", afirmou. Entretanto, Costa Leite também admitiu que existem juízes incompetentes, negligentes e omissos, o que colabora para macular a imagem do Judiciário. "Estas falhas estimulam a impunidade."

    O ministro disse que deveria caber ao Judiciário (e não ao Poder Legislativo) a investigação dos problemas que envolvem a segurança pública. Segundo ele, o aumento da violência não pode ser visto como conseqüência de uma eventual falta de leis. "Isso seria demonstrar desconhecimento e fechar os olhos para a incompetência, ao imobilismo e à corrupção". Costa Leite acrescentou que para combater a onda de violência, que inclui seqüestros, é necessário uma política nacional de segurança, com a união dos governos federal, estaduais e municipais.

    As atividades comemorativas dos 102 anos da Faculdade de Direito da Ufrgs prosseguirão amanhã, às 19h, com o descerramento do quadro da turma de 1907, na qual pertencia Getúlio Vargas, e sessão de autógrafos de publicações de professores da faculdade.

    Ministro defende fim da polêmica sobre Jader
    O ministro Paulo Costa Leite classificou como "exagerada" a repercussão do habeas-corpus concedido ao ex-senador Jader Barbalho, preso por ordem judicial na noite de sábado e solto no dia seguinte. Para o ministro, é normal que um juiz revogue a decisão de uma instância inferior. Costa Leite afirmou que a decisão foi baseada em argumentos apresentados pela primeira instância.

    O presidente do STJ defendeu o fim da polêmica em torno das decisões que determinaram a prisão e a soltura do ex-senador. Para ele, é necessário "colocar uma pedra" em cima do caso. "Não adianta ficarmos aí, procurando chifre em cabeça de cavalo", afirmou.


    Artigos

    Balanço Social, Marketing ou Responsabilidade Social?
    João Eduardo Olivares Nuñez

    Qual é a empresa que não treina os funcionários, sem aqui levar mérito ao método? Qual é a empresa que não contrata funcionários? Qual a empresa que não concede algum beneficio de ensino - mesmo que seja para quem o dono desejar - de alimentação e, assim por diante outras referências sociais, que na verdade são benefícios e contraprestação barata de trabalho exercido pelos empregados .

    De repente - ou não tão de repente assim - reúnem-se estas contraprestações, se dá uma nova roupagem e se apresenta o belo e falado Balanço Social.

    Este artigo não quer destruir uma visão de futuro, uma demonstração de responsabilidade social ou uma tecnologia de demonstração gerencial de resultados, que é tendência e de muito mais valia que as tradicionais legais. Pretende, isso sim, mostrar também que hoje existem muitas questões mercadológicas e de montagem nesta questão. Se realmente queremos uma sociedade justa e séria, teremos de ter clareza sobre elas.

    Assim, é importante tornar claro que balanço é uma balança, em sua forma mais simples de visão. Existem ativos e passivos. Coisas concretizadas ou a concretizar, constituem ativos e resultados positivos e coisas a cumprir ou mal administradas que constituem passivos ou resultados negativos. Não existem apenas ativos nem apenas resultados positivos. Existe peso para contratações, mas não parece existir peso para demissões. Existe peso para treinamentos, mas não parece existir peso para resultados de treinamento, muito menos os fracassos de treinamentos. Existe peso para horas trabalhadas, mas parece não existir peso para as paralisações trabalhistas que eventualmente existem - qual sua contribuição para os resultados - de quem é a responsabilidade quando existe um movimento paredista - como isto conta no balanço?

    Por sua vez, aquilo que é obrigação legal não nos parece compor uma responsabilidade social. Por quê? Ora, por ser obrigatório e legal, quem não cumpre está na ilegalidade e deve ser fiscalizado para cumprir a lei. Alguns poderão dizer que "tem que mostrar que cumpre". E se não cumprem dirão, farão sua declaração de não pagamento? É uma balança para ser honesta.

    Entendemos que apenas aquilo que vai além do legal - legislação vigente e acordos trabalhistas - e representa o que faço por acreditar em minha responsabilidade social é que deveria compor o balanço de dois lados, em uma justa demonstração do que buscamos fazer versus o que conseguimos fazer. Muito mais um tratado de resposta a um planejamento estratégico do que a um calculo matemático. A sociedade é mais social que matemática.

    Assim, nos preocupa observar balanços ditos sociais que nitidamente apresentam uma beleza mercadológica; que representam os esforços positivos de resultado positivo, para mostrar a uma sociedade como somos bons, como cuidamos do ser humano e da sociedade. E lá dentro, como está? Verdadeiramente igual ao balanço ou "um pouco menos" para não dizer "muito longe"?

    Novamente, entendemos que o importante são as verdades. Quem faz mais que o legal deve mostrar isso - até servir de exemplo para os que podem e não fazem - mas mostre a verdade, os dois lados e, principalmente, tenha feito mesmo aquilo que diz que fez, para que não seja apenas uma peça de marketing institucional para atrair louros de qualidade empresarial, distinção social, ganhar prêmios de qualidade, cidadania ou em recursos humanos.

    É claro que sabemos o que é o Balanço Social e apoiamos sua adoção como instrumento de demonstração gerencial de resultados, com corpo, com análises e ponderações técnicas e sociais, mas desejamos levantar esta preocupação pelas verdades.


    Colunistas

    ADÃO OLIVEIRA

    Improcedência
    A detenção do ex-senador Jader Barbalho (PMDB-PA), no sábado, e sua libertação horas depois levantaram no País o debate sobre a decretação de prisão preventiva contra réus que respondem a processos em liberdade. Juristas condenam a proliferação desse tipo de decisão, por considerarem que a prisão preventiva deve ter caráter excepcional. "Por vezes, há o esquecimento de que a preventiva é excepcionalíssima", disse o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello.

    Improcedência
    "A regra é o acusado responder em liberdade ao processo, porque ele goza da presunção da não-culpabilidade." Marco Aurélio lembrou que "a liberdade não pode ser devolvida na hipótese de improcedência da acusação". Em relação ao caso específico da prisão de Jader, anulada menos de 24 horas depois por decisão do presidente do Tribunal Regional Federal da 1.ª Região, Tourinho Neto, Marco Aurélio disse que "tudo indica que foi discrepante".

    Motivo
    Essa é a opinião também do presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Rubens Approbato Machado. Ele divulgou nota elogiando a libertação do ex-senador. "(A libertação) foi absolutamente correta e é aquilo que nós esperamos que se aplique não só ao ex-senador Jader Barbalho, mas a todos aqueles que sofrerem a violência de uma prisão preventiva sem que haja motivo para tanto", diz o texto.

    Fiança
    O diretor-presidente do Centro de Estudos Criminais, uma organização não-governamental paulista, Luiz Flávio Gomes, é outro que critica a decretação abusiva de prisões preventivas. "Não havia motivo concreto para prender Jader", afirmou Gomes, lamentando, porém, que o ex-senador tenha sido solto sem pagar fiança. Segundo ele, o pagamento de fiança seria a melhor forma de o poder público garantir o ressarcimento do dinheiro desviado, em caso de posterior condenação do réu.

    Sanções
    Em vez da prisão preventiva, Gomes defende a adoção de sanções como a detenção domiciliar, a proibição de deixar o País ou a suspensão do exercício profissional, em caso de servidores públicos, somadas à cobrança de fiança. Esse tipo de punição consta na proposta de reforma do Código de Processo Penal, elaborada por comissão de juristas da qual Gomes fez parte e está atualmente em tramitação na Câmara.

    Excesso
    Marco Aurélio admitiu que a decretação de prisões preventivas em excesso, seguidas da soltura dos réus, desgasta o Poder Judiciário perante a população. Mas considera adequada a disposição constitucional de "freios e contrapesos" que representam uma garantia de "revisão de um ato que se tenha como discrepante da ordem jurídica".

    Apoio
    Diante da polêmica em torno da prisão de Jader, a Associação dos Juízes Federal do Brasil (Ajufe) divulgou nota em apoio ao juiz Alderico Rocha Santos, que decretou a detenção do ex-senador. "Não são anormais atos judiciais sobre decretação de prisão prventiva em sentidos contrários", diz a nota.


    CARLOS BASTOS

    PTB gaúcho pode ficar dissidente
    O PTB do Rio Grande do Sul, liderado pelo presidente da Assembléia, deputado Sérgio Zambiasi, está completamente fechado com a candidatura do presidenciável Ciro Gomes, do PPS. Acontece que circulam insistentes rumores em Brasília, no Rio de Janeiro e em São Paulo, de que setores petebistas estariam negociando com o presidente Fernando Henrique Cardoso apoio ao candidato tucano José Serra. Os rumores dão conta que o PTB ganharia um ministério e a direção dos Correios e Telégrafos na reforma ministerial que está por acontecer, em função de muitos ministros terem de se afastar para concorrer a postos eletivos. Podemos informar, contudo, que, mesmo na hipótese de o PTB nacional tomar tal decisão em convenção, os petebistas gaúchos não acompanharão a atitude. Zambiasi e seus companheiros de PTB gaúcho estão inflexíveis no apoio a Ciro Gomes e irão para uma medida extrema, como uma dissidência, para manter sua posição.

    Diversas
  • E o deputado Sérgio Zambiasi voltou a reafirmar, ontem, que está decidido a disputar uma das duas vagas no Senado Federal, afastando por completo a possibilidade de vir a concorrer à sucessão do governador Olívio Dutra.
  • Na primeira sessão plenária da Assembléia, o deputado Jorge Gobbi (PSDB) fez uma homenagem emocionada ao deputado federal Nelson Marchezan, recentemente falecido.
  • O deputado Francisco Appio (PPB) apresentou requerimento pedindo a criação de u ma comissão especial de segurança pública, visando mobilizar a sociedade contra a violência.
  • A defesa da paz em contraposição à guerra foi o tema escolhido pela deputada Maria do Rosário (PT) em seu primeiro pronunciamento na sessão de ontem da Assembléia. Destacou a realização do Fórum Social Mundial em Porto Alegre.
  • Deputado Valdir Andres (PPB) assume hoje a primeira vice-presidência da Assembléia, substituindo Francisco Appio (PPB). O deputado Kalil Sehbe assume uma secretaria no lugar do pedetista Paulo Azeredo. E o deputado Manoel Maria (PTB) ocupa a vaga do deputado João Osório (PMDB) na Mesa Diretora.
  • Bancadas do PPS, PDT e PTB já mantiveram uma reunião preliminar, ontem, no gabinete da presidência da Assembléia e, hoje, realizam um almoço de confraternização com a participação dos 23 deputados dos três partidos, no Restaurante Copacabana.
  • Integrantes da diretoria central e dos núcleos do Cpers/Sindicato realizam amanhã, ao meio-dia, no Mercado Público, ato em apoio à pré-candidatura de Tarso Genro ao governo.
  • O deputado Ivar Pavan (PT), líder do governo, diz que a criação de uma subcomissão para examinar o relatório da CPI de Segurança Pública, proposta pelo deputado Jair Foscarini (PMDB), é anti-regimental.

    Última
    O líder da bancada do PPB, deputado Vilson Covatti, pediu que a direção do PT exija a suspensão imediata do uso da máquina pública em favor do governador Olívio Dutra, candidato às prévias partidárias. "Espero que o Ministério Público Eleitoral esteja atento também às movimentações do prefeito Tarso Genro e promova a fiscalização que lhe é garantida constitucionalmente, a fim de evitar abusos quanto aos gastos públicos para uma campanha eleitoral interna", advertiu.


    FERNANDO ALBRECHT

    O Centro vai mal...
    A deterioração do Centro de Porto Alegre é visível até pela quantidade de imóveis vazios, por alugar a preço de banana e pela saída de empresas e escritórios da área. Um bom exemplo disso é a Galeria Santa Catarina, às moscas com suas loja desocupadas. Em qual outra época se observou isso? Lojas, salas e conjuntos tiveram uma queda alarmante no seu valor de alguns anos para cá.

    ...mas há controvérsias
    Em contrapartida tem gente comprando espaços na área central. Motivo? Segundo estes investidores, os preços estão tão baixos e a deterioração é tal que, em algum ponto do futuro, alguém vai ter que tomar alguma atitude e realmente revitalizar o Centro, o que tornará novamente valorizados os imóveis. Segundo um comprador, ele faz uma poupança imobiliária para seus netos. Bota fé nisso.

    Grenal no tribunal
    Antes de dar a aula magna na Faculdade de Direito da Ufrgs, o presidente do STJ, ministro Costa Leite, foi apresentado pelo presidente do TRF, Teori Zavascki. Como bom gremista que é, Teori disse que entre os vários títulos Costa Leite mostrava uma deficiência, o de ser conselheiro do Inter mas não possuir os títulos de Campeão da América e do Mundo. Costa Leite matou no peito: ao contrário, disse, este era um dos seus maiores títulos.

    Problemas da cidade
    O que as pessoas se queixam dos motoboys e suas estripulias não é normal. Ziguezagues, cortadas, ultrapassagens pela direita sem o menor pudor, passagem no sinal vermelho, desrespeito às faixas de segurança e por aí vai. O pior é que os pardais não pegam essa turma. E se o infeliz prejudicado resolver reclamar, o motoqueiro aciona sua turma pelo rádio ou celular. Carroças a dois por hora, motoqueiros a mil por hora, azuizinhos multando adoidado no meio, é mole a vida nesta cidade?

    Seu Sujismundo...
    A cidade volta a ter monumentos pichados a torto e a direito por uma figura que adora ver seu nome no jornal. Pois aqui não vai levar. Os vereadores Nereu D'Ávila (PDT), Adeli Sell (PT) e João Dib (PPB) se ocuparam dele na colenda. Adeli lembra que a pichação é multada com até 750 UFMs, além da reparação do dano, aliás lei de sua autoria. Já o vereador Nereu D'Avila (PDT) criticou o contrato firmado entre o DMLU e a Cootravipa para a limpeza das pichações.

    ...segue sujando
    Nereu reclama que o contribuinte vai marchar com os R$ 25,00/hora que a cooperativa receberá para limpar o estrago do Sujismundo. "É preciso multá-lo, prendê-lo e fazê-lo limpar o que fez", disse. Dib foi pelo mesmo caminho. O problema é que Sujismundo é ininputável, por ser doente, sua família até publicou um apedido neste sentido. Bom, e aí? A cidade seguirá sendo pichada por este cidadão? Seja como for, algo precisa ser feito.

    Dura lex, sed lex
    O deputado João Luiz Vargas (PDT) alerta novamente os prefeitos sobre a gravidade da Lei de Responsabilidade Fiscal. O Tribunal de Contas está de olho com seus competentes técnicos auditores. Que depois não haja choro e ranger de dentes, alerta João Luiz, nunca esquecendo que o não pagamento da multa pode ser impedimento para concorrer a cargo público.

    Sai de cima
    Através do [email protected] os leitores Inez Tavares, Caroline Beatriz Fauri e Cristiano Silvestrin de Souza criticam a nota Sai de Baixo que fala de Miguel Falabella. "O texto é deplorável", dizem. "Um homem não pode "borboletear", alegam. Certo, homem não borboleteia. Só que o Aurelião registra que borboletear significa vagar, vaguear, ou devanear, fantasiar. Então, pensando bem, como é que homem não pode borboletear?

    Bala na agulha
    Uma águia muito observadora, com raio de ação nacional, garante que o caso DNER vai sobrar, e sobrar grande para o ex-ministro Eliseu Padilha. O passarinho em questão fala que a seqüência ACM, Jáder Barbalho, José Arruda, Luiz Estevão, Paulo Maluf agora terá o ex-prefeito de Tramandaí.

    Limite na Uergs
    Se depender da proposta do deputado Onyx Lorenzoni (PFL), a Uergs deverá ter uma taxa de inscrição menor para o vestibular de inverno. Mais exatamente, o máximo de 5% do salário mínimo regional, ou R$ 12,50. Para o parlamentar, a taxa de R$ 51,00 espantou os candidatos pobres.

    E.C. Novo Hamburgo vendeu Por R$ 4,5 milhões o Estádio Santa Rosa para a Feevale.

    Chega mais uma grande empresa do Interior, a Eny Calçados, de Santa Maria.

    Maceió começa a comemorar sua eleição como Capital Americana da Cultura 2002.

    Assespro RS firmou convênio com empresas áreas. Desconto mínimo de 40% às associadas.

    Moinhos Shopping inicia sua liquidação recebendo seus clientes VIP com um brunch.

    Sidi Medicina por Imagem oferece a Ecografia em 3D, a observação do feto em movimento.

    Unimed inaugura dia 6 o Unimed 24 Horas Região das Hortênsias, em Gramado.

    A coluna de José Simão no JC voltará à normalidade na edição desta sexta-feira.


    Editorial

    LIÇÕES DE UMA IMPREVIDÊNCIA

    O anúncio oficial do fim do racionamento de energia elétrica no país presta-se admiravelmente para traçar um novo paralelo entre as elites dirigentes e o povo, este ente tão citado e tão facilmente confundido como algo sem luz própria. Bem de acordo, aliás, com o tema. Em primeiro lugar, todos lembramos o desastre que foi o anúncio do temível racionamento, que fez com que a economia calcasse com força o pedal do freio. Logo então, quando os indicadores econômicos davam sinais de uma retomada de atividade. Foi o que se viu, um apagão nas nossas esperanças de melhores tempos. Afora a constatação da brutal incompetência dos nossos órgãos de planejamento, falhou também comunicação entre as autoridades do setor e a cúpula governante. Pode se dizer, sem trocadilhos, que houve um notável curto-circuito, que sobrecarregou o humor não só da economia como trouxe um desgaste inevitável para o presidente da República.

    Feito o anúncio e tomadas as primeiras providências, constatou-se que a sociedade respondeu admiravelmente ao s pedidos de economia energética. Fabricantes de aparelhos entraram no jogo e anunciaram melhorias tecnológicas; bancos, repartições públicas, shoppings centers, lojas, indústrias, todos, enfim, trataram de evitar o pior e reduziram a demanda pela eletricidade, algo quase tão importante quanto o ar que respiramos. Não só: a população tratou de apagar lâmpadas desnecessárias, trocá-las por outras mais econômicas, fazendo das tripas coração para ajudar nesta economia. Ao mesmo tempo, o governo anunciava obras para melhorar a oferta.

    Nossas deficiências são tão antigas que qualquer criança sabe que energia existe, o que há é má distribuição e problemas como a insuficiência dos famosos linhões para transportar a energia das usinas aos consumidores. Passam-se estes meses todos e vem o senhor Pedro Parente dizer, candidamente, que o pior passou e que voltamos ao normal. Como assim, voltamos ao normal, se os reservatórios não estão nem na metade e as obras ainda nem começaram? E se amanhã São Pedro resolver mudar de novo seu humor?

    O melhor de toda essa crise é que a população se acostumou com a necessidade de economizar energia. Não fosse por outra razão, porque descobriu que dá para diminuir a conta da luz sem prejudicar a qualidade de vida. Aí vem o seu Governo e sugere nas entrelinhas "gastem à vontade, estamos novamente cheios de energia". Lastimável esta atitude. Precipitada, também quando temos de contar com chuvas fartas no último trimestre do ano. Seja como for, as lições do apagão que não houve, a nossa Itararé energética, deixou patente que o povo é melhor, muito melhor, que seus governantes. Sabe onde aperta o calo e só não o sabe melhor porque nossas elites não fazem melhor o seu famoso dever de casa. Tratou-se, claro, de dizer que já não somos mais um país à beira do apagão. Garantir, quem há de? Por via das dúvidas, é melhor botar as barbas de molho.

    Frases
    As pessoas não vão voltar a consumir energia como antes do racionamento. Há um espírito de economia, sem dúvida. (Antônio Ermírio de Moraes (foto), do grupo Votorantim, um dos maiores consumidores de energia).
    Existem juízes incompetentes, negligentes e omissos, o que colabora para macular a imagem do Judiciário. (Ministro Paulo da Costa Leite, presidente do STJ, comentando as queixas contra o poder Judiciário em aula inaugural na faculdade de Direito da Ufrgs).

    O dia que tivermos que dolarizar, vamos embora. (Eduardo Amadeo, porta-voz do presidente argentino Eduardo Duhalde, se referindo às pressões que o governo sofre para dolarizar completamente a economia do país).

    O grande problema da desvalorização do peso é que os argentinos continuam pensando em dólares. (Amadeo sobre o mesmo assunto).

    Essa questão não está sendo discutida com a sociedade, não se sabe se o povo, de fato, quer ter em sua mesa produtos geneticamente modificados. (João Paulo Rodrigues, coordenador nacional do MST, que defende um plebiscito para decidir sobre a liberação do cultivo e comercialização dos transgênicos).

    Temos de pensar no investimento de longo prazo, mas também nos custos, que estão ficando muito altos. Um grande fator de competitividade brasileira sempre foi o preço baixo da energia. (Júlio Sérgio Gomes de Almeida, do Instituto de Estudos para o Desenvolimento Industrial, de São Paulo, sobre a necessidade de investimentos em geração de energia).

    Personagem
    Não é, mas parece que a top model Gisele Bundchen, como gaúcha, já fez sua escolha para a prévia do PT. Na chegada a Foz do Iguaçu onde foi para um ensaio fotográfico, a modelo, que é considerada uma das mulheres mais lindas do mundo, foi apanhada em um ângulo que o prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro, tem todos os motivos para comemorar. Como diria seu oponente na prévia, Olívio Dutra, é a campanha se espraiando.


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    02/20/2002


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