Exibidores dizem que meia-entrada chega a 90% dos ingressos vendidos em algumas capitais
O presidente da Federação Nacional das Empresas Exibidoras Cinematográficas (FENEEC), Ricardo Difini Leite, disse que depois da edição da Medida Provisória 2.208/01, sugerida pelo então ministro da Educação, Paulo Renato, a meia-entrada concedida com a apresentação das carteiras de estudantes chegou a 90% em algumas cidades, como Salvador. A MP permitiu que os estudantes apresentassem carteiras emitidas pelos próprios estabelecimentos de ensino.
No Rio de Janeiro, o grupo Severiano Ribeiro vendia com desconto de meia-entrada 13,8%do total dos ingressos em 1997 e, depois da edição dessa MP, o percentual chegou a 61%. Em Goiânia, o número de ingressos vendidos como meia-entrada chegou a 80% do público, disse Ricardo Leite.
- Nunca na História deste país se emitiu tantas carteiras de identidade estudantil irregulares, falsas - disse Ricardo Leite.
Ricardo Leite apontou como solução para o problema a extensão para o plano federal da Lei Municipal 9.989/06, de Porto Alegre, de autoria da então vereadora e atual deputada federal Manoela D'Ávila (PCdoB-RS). Essa lei garante aos estudantes desconto de 10% nos finais de semana e feriados e de 50% nos demais dias da semana. O desconto de 50% em um dia da semana pode ser estendido, assim, para toda a população.
A situação criada com a nova lei permite que, em Porto Alegre, o valor do ingresso "inteiro" no final de semana, das empresas Cinemark e Unibanco Arteplex, os mais caros, seja de R$ 13. O valor dos ingressos dessas mesmas empresas no resto do país oscila entre R$ 16 e R$ 17.
O representante dos empresários manifestou apoio à proposta de Flávio Arns para que somente tenham direito à meia-entrada os estudantes previstos no título V da lei das Diretrizes e Bases da Educação - do ensino básico, fundamental e superior. Ele propõe que sejam excluídos do benefício os estudantes de Pós-graduação, Mestrado e Doutorado.
Já o presidente da Associação Brasileira dos Empresários Artísticos (Aberart), Ricardo Chantilly, afirmou que, de fato, hoje ninguém paga meia-entrada porque, para cobrir os custos dos espetáculos, o preço dos ingressos é dobrado. Na verdade, quem não apresenta carteira de estudante paga o dobro e ninguém tem desconto, disse ele.
- Nós, que somos produtores, estamos vendo nosso público voar, pois o cidadão comum que não tem carteira paga dobrado - argumentou.
Chantilly explicou que, quando se faz uma planilha de custos já sabendo que90% do público vai pagar meia-entrada, dobra-se o preço do ingresso para cobrir os custos. Por isso, segundo ele, ninguém tem desconto algum.
Já o representante dos idosos, João batista de Medeiros, disse que é necessário manter a garantia do acesso do idoso à cultura e ao lazer com os descontos atualmente previstos no Estatuto do Idoso. O projeto de Flávio Arns já mantém essa garantia, estendida também às pessoas com deficiência.
05/09/2007
Agência Senado
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