Experiência do Interlegis comprova acerto na adoção do software livre



Desde seu início, em 1997, o Interlegis, programa desenvolvido pelo Congresso Nacional, em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), traçou como meta a modernização e integração do Poder Legislativo nos seus níveis federal, estadual e municipal e de promoção da maior transparência e interação desse Poder com a sociedade. Atingir este objetivo ao menor custo possível é a tarefa diária de Paulo Fernandes de Souza Júnior, coordenador de Desenvolvimento de Tecnologia do programa. Por isso, a opção pelo software livre foi natural no desenvolvimento do Interlegis, pioneiro no uso deste modelo na área governamental.

- Todas as nossas soluções estão sendo desenvolvidas e criadas a partir de softwares livres. Como nossa meta é distribuir um sistema que seja usado por mais de cinco mil casas legislativas em todo o país, imagine o custo se empregássemos os softwares proprietários - explicou Paulo Fernandes.

Mais que custo, porém, o coordenador aponta outras vantagens na adoção do software livre pelo Interlegis. A palavra "sustentabilidade" resume, para ele, os ganhos com este modelo em termos de evolução permanente e da participação da comunidade no desenvolvimento das ferramentas e soluções adotadas, todas com base nos programas de código-fonte aberto.

Assim foi com o primeiro deles, o Sistema de Apoio ao Processo Legislativo, há três anos distribuído às casas legislativas pelo país afora, ao Sistema de Apoio à Atividade Parlamentar (desde o final de 2002) e, mais recentemente, ao Sistema de Protocolo Legislativo. Nos planos do Interlegis, desenvolver nos próximos meses um pacote de apoio legislativo que ajude no gerenciamento de recursos humanos e no controle de material e, mais adiante, sistemas de administração legislativa e de fiscalização e controle.

Hoje, como resultado do esforço do Interlegis, mais de 1500 Câmaras Municipais já receberam computadores e impressoras para se ligarem à Internet, usarem o correio eletrônico e colocarem suas informações à disposição dos internautas. Este ano, mais 2500 Câmaras serão equipadas para se integrarem ao projeto. Todas as Assembléias Estaduais passaram a contar com Salas Multiuso (20 computadores em rede) e Salas de Videoconferência totalmente equipadas.

Na Coordenação de Desenvolvimento, todos os programas são livres. Desde a plataforma Zope (um servidor de aplicações para web) até o programa de correio eletrônico Evolution, passando por navegador de Internet (Mozilla), banco de dados (My SQL e PostSQL), ambiente de trabalho (Linux) e pacote de ferramentas de escritório (Open Office). Isso assegura à equipe uma vivência diária com o software livre, essencial para entendimento de suas maiores vantagens.

- Além de propiciar soluções mais baratas, ele assegura independência tecnológica e de suporte, além de ser muito útil na capacitação do profissional. Com o software livre, as pessoas se sentem mais motivadas, sabem que estão adquirindo conhecimento, não ficam dependentes de um único fornecedor e à mercê de uma caixa-preta que você não consegue decifrar - avaliou Paulo Fernandes.

Tema cada vez mais preocupante, a segurança com o uso dos programas abertos é até maior do que com os softwares proprietários, garante o especialista. "Só se sente seguro quem conhece o código-fonte", justifica, revelando que são raros os casos de invasões por hackers ou contaminação por vírus:

- Aqui na nossa coordenação, não temos um caso de infecção do sistema por vírus há dois anos. Os vemos circulando, mas não somos afetados. A própria arquitetura do sistema Linux é mais segura contra eles - revelou.

Paulo Fernandes disse que o software livre, como um novo modelo de negócios, vai ocupar um grande espaço no mercado e, no caso do Poder Legislativo, é um caminho sem volta. "Haverá resistências, mas tenho certeza de que ele é a escolha do futuro", completou o coordenador.

Para saber mais:

http://www.interlegis.gov.br/



11/03/2004

Agência Senado


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