FALTA DE ESCOLA E EMPREGO EMPURRA JOVENS PARA O CRIME, ALERTA BENEDITA



O desemprego, somado ao baixo grau de escolaridade dos jovens, estátornando-se um dos principais fatores de risco para o aumento da violência e da criminalidade, alertou hoje (25/06) a senadora Benedita da Silva (PT-RJ), em pronunciamento no plenário do Senado. Com dados da Polícia Militar de São Paulo e osresultados de pesquisa feita pelo professor Márcio Pochmann, da Unicamp (Universidade de Campinas), a parlamentar observou que o processo que o país vive hoje é "altamente marginalizador". Ela defendeu a adoção de medidas que revertam esse quadro.

A pesquisa feita pelo professor Pochmann revela que os jovens com menos de 25 anos perderam 86l mil postos de trabalho entre l989 e l996. Além disso, l,6 milhão de empregos para essa faixaetária, que antes estavam situados no mercado de trabalho formal, como a indústria, passaram para o mercado informal (os chamados bicos). Pesquisa do sistema Dieese/Seade de São Paulo, por outro lado, indicava no mês passado que 50%dos jovens de 15 a 17 anos que estavam procurando trabalho não encontraram emprego.

"Esses são fatos e constatações que precisam ser encarados de frente", destacou a senadora petista, pedindo ao governo ações "que resultem no aumento do número de vagas que absorvam essa classe de trabalhadores, além da intensificação da aplicação de recursos no setor educacional". Benedita da Silva defendeu a multiplicação, pelas comunidades do país, de iniciativas como a bolsa-escola. A problemática inserção dos jovens no mercado de trabalho, no entanto, exige medidas complexas para sua solução, acrescentou a senadora, que citou a socióloga Helena Abramo: "A questão da educação é central, mas não é suficiente".

De acordo com Benedita da Silva, a relação entre desemprego e violência juvenil oferece números "assustadores". Dados apresentados por Mário Volpi, ex-coordenador do Movimento Nacional dos Meninos e Meninas de Rua, no livro O adolescente e o ato infracional, indicam que mais de dois terços das pessoas com menos de 21 anos presas sequer passaram da 4ª série do lº Grau. De um total de 4.245 jovens pesquisados, 53 por cento não trabalhavam quando foram presos, enquanto 44 por cento estavam no mercado de trabalho informal.



25/06/1998

Agência Senado


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