BENEDITA ALERTA PARA FALTA DE RECURSOS NA ÁREA DA SAÚDE



Os problemas de saúde no Brasil não podem mais ser encarados apenas pela perspectiva tradicional de cuidados médicos, disse a senadora Benedita da Silva (PT-RJ), ao registrar hoje (dia 7) a passagem doDia Mundial da Saúde. Ela analisou as origens da situação "dramática" em que se encontra a saúde do povo brasileiro, alertando para a falta de decisão política e de recursos no setor.

- A desnutrição desempenha um trágico e determinante papel no perfil do destino do povo brasileiro. A cada 30 minutos morrem 20 crianças tendo como causa básica, ou associada, a desnutrição profunda. Estudos do Unicef revelam que mil crianças brasileiras morrem a cada 24 horas antes de completar um ano de vida, vítimas da desnutrição. Este é o verdadeiro termômetro que mede a doença social a que ainda hoje, tragicamente, está fadada a nação brasileira - explicou.

Benedita da Silva disse que os surtos de doenças como a dengue é resultado da omissão, descaso e ausência de políticas preventivas por parte do governo. Comparando dados, a senadora revelou que no ano passado foram registrados 226.912 casos de dengue no país. Mas, acentuou, apenas nos três primeiros meses deste ano já são quase 100 mil casos. "O mais grave é que o governo já sabia de todos os riscos, alertado que foi pelo então ministro da Saúde Adib Jatene", afirmou.

A senadora lembrou a advertência de Jatene ao deixar o cargo: "Se não cuidarmos urgentemente desse problema, a epidemia da dengue pode chegar a uma situação jamais imaginável. Temos o melhor programa para combater essa epidemia. É só dar continuidade".

Benedita apontou também o aumento dos casos de hepatite B, que, conforme observou, mata mais pessoas em um dia do que a Aids em um ano, além de ser mais contagiosa. Ela disse que, segundo relatório da Fundação Nacional de Saúde, pelo menos 8% da população brasileira já contraiu o vírus da hepatite B e, mesmo assim, o Brasil ainda não produz a vacina específica.

Outra doença que tem aumentado, conforme ainda a Fundação Nacional de Saúde, é a lepra. A cada ano surgem de 30 mil a 36 mil novos casos de lepra. A tendência é de crescimento do número de casos, pois o período de incubação da doença é semelhante ao da Aids. Em média dura de 3 a 6 anos, mas pode chegar a 10 anos. "Mesmo com um plano de controle da doença, a partir de 1986, o número de casos aumentou. O Brasil ocupa lugar de destaque no mundo em casos de hanseníase, ficando logo depois da Índia", alertou a senadora.

Benedita citou também atuberculose, salientando que essa doença figura como uma das grandes preocupações da Organização Mundial de Saúde (OMS), por ser a que mais mata, em todo o mundo, pessoas com idade entre 15 e 59 anos. No Brasil são notificados anualmente 90 mil novos casos e 5 mil mortes. "Isso significa que a doença mata diariamente 14 pessoas, colocando o Brasil em sexto lugar em número de casos no mundo", disse a senadora.

Ela chamou a atenção para os dados referentes à saúde da mulher brasileira em relação às várias doenças, como câncer e Aids. A seu ver, as doenças e a mortalidade maternas são uma tragédia contemporânea que não tem recebido a devida atenção. "Segundo dados do Unicef, todos os dias mulheres morrem na sala de parto. Mortes que resultam da má qualidade do atendimento e da falta de assistência. Para cada mulher que morre, outras sobrevivem com seqüelas físicas, infecções, incapacitações. Morrem sofrendo, envergonhadas, assustadas, humilhadas, sangrando, com útero perfurado, com feridas infeccionadas, com septicemia progressiva, anemia profunda. Um verdadeiro desrespeito à pessoa humana".

A senadora defendeu uma ação política abrangente em setores como o saneamento básico e a saúde, com recursos orçamentários compatíveis com as necessidades, como forma de recuperação da qualidade de vida e da confiança no sistema de saúde.

JORNALISTAS

O Dia do Jornalista também foi lembrado por Benedita da Silva, que homenageou o trabalho desenvolvido pelos profissionais que cobrem as atividades da Casa para o Jornal do Senado e para a TV Senado, além dos demais jornalistas de outros veículos que estão sempre presentes em plenário. Benedita também lembrou das mazelas da profissão.

- Preocupa-me muito a atividade intensa dos profissionais de comunicação, principalmente em países como o Brasil, onde os problemas sociais e políticos são intensos, o que causa ao jornalista, além de um baixo salário, muitas vezes, a redução da idade por infarto, cardiopatia, úlcera e, com a modernização das redações por computadores, a perda da visão. Os contratos de trabalho com as empresas de comunicação nem sempre recompensam tais prejuízos à vida desses profissionais. Uma melhor legislação neste sentido certamente faria jus à intensa atividade dos jornalistas profissionais - argumentou a senadora.



07/04/1998

Agência Senado


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