Falta um projeto nacional para a Amazônia, diz Mesquita Júnior
Ao discursar nesta segunda-feira (11), o senador Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC) disse que a preservação e o desenvolvimento sustentável da região amazônica deveriam ser uma prioridade para o Brasil. Na opinião do senador, falta "um projeto nacional para aquela região".
- Daqui a trinta anos a situação vai estar terrível se não tomarmos algumas providências que devem ser tomadas. É um problema de gravidade extrema - alertou.
O senador citou declarações do subchefe do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em Alta Floresta (MT), Cláudio Cazal, segundo o qual a maior parte do desmatamento na Amazônia é realizada sem autorização dos órgãos competentes. Ainda de acordo com o subchefe do Ibama, disse Mesquita Júnior, o instituto atua "de forma precária nas regiões críticas e tem excesso de servidores, verbas e estrutura em Brasília", ou seja, "os servidores e os recursos estão concentrados onde o problema não existe".
Cazal também diz, informou o senador, que o Ibama de Alta Floresta é responsável pela fiscalização de 13 municípios - uma área maior que os estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo juntos - com apenas três servidores e nenhum carro.
Na opinião de Mesquita Júnior, é fundamental que o país tenha um grande projeto para a região, inventariando as riquezas naturais da Amazônia e planejando a exploração sustentável, acabando com as derrubadas criminosas. Esse projeto, explicou, poderia contar com a participação do Ibama, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), das universidades, do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra)e das Forças Armadas, entre outros organismos.
- É necessário, entretanto, que essas instituições sejam dotadas de recursos humanos e matérias proporcionais ao tamanho da tarefa, do contrário, continuaremos fazendo de conta que estamos nos esforçando para mudar o quadro - avisou.
Mas o desmatamento não é o único problema da região, acrescentou Mesquita Júnior, pois doenças como a malária também afligem a população, além dos periódicos acidentes com embarcações precárias, muitas vezes com vítimas fatais. O senador disse ainda ser necessária a diferenciação entre "os verdadeiros assassinos da floresta" e os pequenos produtores rurais, pois os primeiros precisam ser punidos exemplarmente, enquanto os agricultores familiares precisam é de apoio, incentivos e capacitação por parte dos governantes para conseguirem produzir sua subsistência sem destruir a floresta.
- A nossa história é a da exploração predatória de matéria-prima bruta à custa do trabalho quase escravo da maioria da população amazônica. Isso aconteceu com a borracha, com a castanha, com os minérios e agora acontece com a nossa madeira. Qualquer política a ser executada na Amazônia tem que ter como foco principal os homens e as mulheres que ainda vivem aos milhares na floresta e na zona rural daquela região. Se dermos a eles melhores condições de sobrevivência, estaremos garantindo a sobrevivência de toda a Amazônia - afirmou.
11/02/2008
Agência Senado
Artigos Relacionados
Mesquita Júnior acusa: Sem projeto para a Amazônia, governo só proíbe e pune pequenos agricultores
Mesquita Júnior propõe a criação de ministério para a Amazônia
Mesquita Júnior condena distribuição de recursos previstos no PAC para a Amazônia
Mesquita Júnior cobrou incentivo do governo para exploração legal da Amazônia
Mesquita Júnior quer plebiscito para que Amazônia escolha fuso horário
Mesquita Júnior denuncia falta de lisura nas últimas eleições no Acre