FERNANDO HENRIQUE: "NOSSA FORÇA É O MERCADO INTERNO"



O presidente Fernando Henrique Cardoso disse hoje (dia 9), em entrevista exclusiva à TV Senado, que o grande potencial do Brasil atualmente é o mercado interno. "Temos que aumentar a nossa poupança interna, que é baixa, e por isso as reformas são necessárias, pois seria ilusório imaginar que o Brasil pode avançar baseado no mercado externo, na exportação", afirmou.

Fernando Henrique assinalou que a grande parte do produto nacional, estimado em US$ 800 bilhões, é consumido no país, lembrando que, desse valor, o Brasil exporta entre 6% e 7%. "Isso não é nada. Um país como a França exporta 30%, os Estados Unidos, que são como o Brasil um país continental, está entre 15% e 20%", ponderou.

- Nós precisamos exportar porque precisamos ter divisas e precisamos deixar a economia aberta para a competição, para evitar que haja exploração do nosso povo aqui pelos nossos empresários. Tem que ter um parâmetro de preços, mas nós temos que entender que nossa força é o mercado interno - salientou.

Em relação à crise asiática, o presidente considerou que o Brasil reagiu prontamente, mostrando que o país não possui um sistema financeiro frágil. "Nosso sistema financeiro já estava saneado, graças ao Proer, que salvou a possibilidade de o Brasil funcionar. Agora eles estão tentando fazer um Proer lá com custos muito mais altos do que nós fizemos aqui", sustentou.

- A globalização é um fato, é um processo, não adianta querer ou não querer, não é um botão que a gente aperta. Ou você arranja uma maneira de entrar nela positivamente ou você pode ficar excluído dela. E ficar excluído dela não é melhor não, é pior, você vai para trás. Em alguns países isso acontece, não é, obviamente, o caso do Brasil - defendeu Fernando Henrique.

Conforme o presidente, as crises no sistema capitalista sempre se generalizaram, como a de 1929, mas a "novidade é que o grau de internacionalização da produção e do financiamento nunca foi como é hoje". Além disso, frisou o presidente, o sistema de financiamento passou a ser mais amplo e passou a ser regido com muito mais rapidez pela comunicação imediata, em tempo real.

- Então as crises hoje tem uma repercussão muito maior, realmente repercutem imediatamente aqui e acolá. Foi o que aconteceu nessa última crise. O Brasil não tem nada a ver com a crise da Ásia, que é típica de capitalismo - constatou Fernando Henrique.



09/02/1998

Agência Senado


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