FH tenta convencer demais ministros do PFL a não deixarem o gove









FH tenta convencer demais ministros do PFL a não deixarem o governo
BRASÍLIA. Para evitar a saída do PFL da base governista, o presidente Fernando Henrique Cardoso fez ontem à noite um apelo aos ministros Roberto Brant (Previdência), José Jorge (Minas e Energia) e Carlos Melles (Esporte e Turismo) para que não deixassem seus cargos, a exemplo do ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho. Fernando Henrique reiterou que o governo não teve qualquer participação na operação da Polícia Federal no escritório da empresa da governadora do Maranhão, Roseana Sarney, e de seu marido, Jorge Murad. Os pefelistas saíram sensibilizados e já não falam mais em rompimento.

— Uma conversa nesses termos, com o presidente tendo aberto o coração e falado com muita veemência sobre os interesses do país, é claro que tem de ser levada em conta — relatou Brant.

Brant aceita conciliação e tenta convencer Roseana
O ministro, que declarara estar com vergonha do país e que acusara a PF de ter montado a operação para prejudicar a candidatura de Roseana à Presidência, mudou o tom. Do Alvorada, foi para a casa da governadora em Brasília para informar que Fernando Henrique gostaria de se reunir com ela e o presidente do PFL, Jorge Bornhausen, antes de embarcar hoje para o Panamá. Mas Roseana, ainda magoada, mandou avisar que sua agenda está cheia.

Brant acredita que a conversa dos ministros com Fernando Henrique deverá ser levada em conta durante a reunião da executiva nacional na quinta-feira, quando o partido decidirá se permanecerá ou não no governo.

Na reunião, Fernando Henrique disse que o ministro da Justiça, Aloysio Nunes Ferreira, exagerou no tom das declarações ao defender a ação da PF. O presidente tentou convencer a cúpula pefelista de que o episódio não favoreceria a candidatura do tucano José Serra à Presidência, mas sim do petista Luiz Inácio Lula da Silva.

Fernando Henrique reiterou a importância da manutenção do equilíbrio, ressaltando que a base do governo deve ser preservada, porque ainda há projetos importantes a serem votados, como a prorrogação da CPMF. Também participaram do encontro o secretário-geral da Presidência, Arthur Virgílio, o chefe da Casa Civil, Pedro Parente, e o presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG).

Mesmo que consiga manter o PFL no governo, alguns assessores acreditam que Fernando Henrique vai acabar acelerando o processo de reforma ministerial, escolhendo os substitutos dos ministros que sairão até 5 de abril para disputar as eleições de 2002. Ontem mesmo ele já escolheu José Carlos Carvalho para substituir Sarney Filho. Para o lugar de Brant está cotado o secretário da Receita Federal, Everardo Maciel. No caso do Ministério da Justiça, a tendência é a nomeação do secretário-executivo, Bonifácio de Andrada.

O presidente do PSDB, deputado José Aníbal (SP), disse que Fernando Henrique está fazendo seu papel de articulador.

— O presidente faz isso no sentido de dar um pouco de tempo às coisas, de deixar decantar as coisas um pouco, para que não seja tomada nenhum decisão impulsiva — disse Aníbal, que não deixou de criticar “comportamentos impulsivos de integrantes do PFL”.

Apesar da crise, presidente demonstra bom-humor
Apesar de toda a preocupação, Fernando Henrique procurou demonstrar bom humor ontem à tarde, ao receber empresários do Conselho Deliberativo da Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica.

— É um prazer vê-los aqui num dia tão tranqüilo — disse, irônico, sorrindo e provocando risos.


MP quer saber origem de dinheiro apreendido
PALMAS. Os procuradores da República que estão fazendo uma devassa na extinta Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) vão requisitar à Receita Federal um levantamento sobre o R$ 1,39 milhão encontrados num cofre da Lunus, empresa de Jorge Murad e de sua mulher, a governadora do Maranhão e candidata do PFL a presidente, Roseana Sarney. Os procuradores estranharam a decisão do casal de guardar o dinheiro num cofre. Eles querem saber se esses recursos foram declarados à Receita pela Lunus ou por Murad. Os procuradores também cobraram explicações sobre a origem do dinheiro.

Roseana vai pedir hoje pressa na investigação
Hoje, Roseana vai à sede da Polícia Federal e do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Ela vai pedir pressa nas investigações. Com o gesto, pretende demonstrar que não há preocupação de sua família com o resultado das apurações nem com a apreensão de documentos e dinheiro.

Sobre as notas encontradas no escritório da Lunus, a governadora afirmou que a quantia é menor do que a que foi noticiada, mas alegou que somente seu advogado, que acompanha o caso, poderia dar mais detalhes. Para explicar o fato de guardar tanto dinheiro num cofre do escritório, ela argumentou que “todas as empresas têm dinheiro em caixa”:

— Isso é normal — disse.

Para procuradores e policiais federais que participaram das buscas, no entanto, não é comum empresários guardarem tanto dinheiro num cofre particular. Nessas condições, o dono e os funcionários da Lunus estariam mais expostos a assaltos. Além disso, o dinheiro estaria sendo diariamente corroído pela inflação. Mas o pedido de explicações só será feito depois que o Tribunal Regional Federal (TRF) da 1 Região deliberar sobre o destino do material apreendido no escritório.

Em São Luís, o advogado da Lunus, Vinícius Berrêdo, obteve autorização judicial e teve acesso ontem à relação de tudo que foi apreendido pela Polícia Federal na sede da empresa. Berrêdo disse que o dinheiro encontrado no escritório da Lunus não pertence à empresa.

— Lá no escritório funciona uma outra empresa, que está fazendo um complexo turístico. Esse complexo é feito de madeira, o que envolve pagamentos em espécie. O dinheiro é dela — disse o advogado.

Se for acionada pela Justiça, a Receita Federal vai investigar a origem do dinheiro. Segundo uma fonte do Fisco, este é um procedimento normal.

— É um procedimento técnico adotado pelos fiscais, toda vez que são encontradas grandes quantias, seja em espécie, seja em depósitos em contas correntes— afirmou o funcionário da Receita Federal.

O material — dinheiro, computadores e documentos — foi lacrado e guardado na Superintendência da PF em São Luís por ordem do presidente do TRF, Tourinho Neto. O mérito do mandado de segurança que Murad ajuizou no tribunal em Brasília será julgado apenas dentro de um mês. Em nome da Lunus, o marido da governadora do Maranhão pediu a suspensão do envio para Palmas (TO) — onde estão sendo apuradas as fraudes na Sudam — dos documentos e equipamentos apreendidos.

Mérito será analisado por juiz da 2 Seção
O mérito do mandado de segurança será analisado pelo juiz Mário César Ribeiro, da 2 Seção do TRF. O julgamento deverá acontecer apenas no início de abril. Antes de preparar seu relatório, Ribeiro deverá aguardar informações sobre o caso solicitadas ao juiz do Maranhão. O material deverá ser enviado, ainda, à Procuradoria Geral da República para anexação de parecer antes da apreciação do tribunal.

Enquanto o recurso da Lunus não é julgado, vale a liminar de Tourinho. Os advogados da empresa queriam que todo o material apreendido voltasse para a empresa. Os procuradores insistem que ele deveria ser remetido a Palmas, para não atrasar as investigações. Mas o juiz determinou que tudo fosse lacrado e mantido na sede da Polícia Federal em São Luís.


Aliados tentam barrar pedido de CPI no Maranhão
SÃO LUÍS. A base do governo estadual esvaziou ontem a sessão da Assembléia Legislativa do Maranhão para evitar repercussões do caso Murad. A oposição amea


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