FHC cobra empenho do governo para fazer sucessor







FHC cobra empenho do governo para fazer sucessor
Em reunião ministerial, presidente Fernando Henrique Cardoso convocou sua equipe a trabalhar para eleger o próximo presidente. Nas entrelinhas, ficou claro que a ação reverterá em benefício do candidato tucano

O presidente Fernando Henrique Cardoso reuniu seus 22 ministros, ontem no Palácio do Planalto, e mostrou-lhes como quer que trabalhem este ano para eleger José Serra seu sucessor. Não foi explícito, mas deixou isso bem claro. ‘‘O Plano Real foi feito entre outubro de 1993 e março de 1994. Temos onze meses até o fim do governo, vamos trabalhar’’, insuflou.
Todo o primeiro escalão do governo federal estava presente. Fernando Henrique também convidou os líderes dos partidos aliados e mandou que cada ministro levasse seus principais assessores. Dessa forma, falou para a platéia que concretamente toca a máquina pública no dia-a-dia.

Munido de estatísticas sobre o Brasil nos últimos anos, o presidente gastou mais de uma hora fazendo um balanço minucioso de sua administração. Apresentou dados de indicadores sociais e econômicos. Mostrou fotos de muitas obras, principalmente no setor de transportes. Otimista e seguro, acabou a palestra estabelecendo metas para cada área do governo. Cobrou empenho e pautou até o Congresso Nacional.
O apoio a José Serra, que deixará o Ministério da Saúde depois do carnaval, veio nas entrelinhas. Em primeiro lugar, as realizações do governo nessa área ocupou longos seis minutos de explanação. A Educação, por exemplo, ganhou metade desse tempo na palestra.

Além disso, Fernando Henrique usou frases que pareciam feitas sob encomenda para associar o que acabara de falar, ou seja, as realizações de seu governo, com o candidato do PSDB, partido ao qual pertence. Um exemplo: ‘‘É preciso que as pessoas usufruam do progresso. E sem saúde e educação não há isso’’.
As palavras saíram do mesmíssimo molde em que foi feito o mote da campanha de Serra, mencionado pelo próprio ministro no lançamento de sua pré-candidatura, em janeiro: ‘‘Nada contra a estabilidade, tudo contra a desigualdade: progresso para todos’’.

O arregaçar de mangas convocado por Fernando Henrique contagiou os auxiliares. O ministro da Fazenda, Pedro Malan, saiu do Palácio do Planalto falando mal do PT. Disse que o partido ainda não explicou muito bem o que pretende fazer com a dívida externa caso chegue ao poder. O ataque parece gratuito. Mas não é.
Respeitado no mercado financeiro internacional, Malan atirou no PT para contrabalançar as declarações do governador do Ceará, Tasso Jereissati, feitas na última segunda-feira, no encerramento do Fórum Econômico Mundial, em Nova York.

Tasso é ao mesmo tempo integrante da cúpula do PSDB e antipático à candidatura de Serra. Disse aos investidores estrangeiros que o PT tem um programa muito parecido com o de seu partido; que Lula, se eleito, não quebrará contratos nem mudará a Lei de Responsabilidade Fiscal. As declarações repercutiram muito mal dentro do PSDB.
Malan não é filiado a partido algum, mas agiu para diminuir o estrago feito na candidatura de Serra — com quem nunca se entendeu — no exterior, por causa da dissidência do governador do Ceará. Ponto para Fernando Henrique.

Sobre Serra e Malan, ocorreu um episódio curioso depois da palestra de Fernando Henrique. Os dois deixavam o auditório onde o presidente falara, quando um grupo de repórteres cercou o ministro da Saúde e perguntou se ele manterá Malan no cargo, caso vença a eleição. Malan passava por perto e viu Serra se enrolar para responder. Aproximou-se e pediu que ele ‘‘não aceitasse a provocação’’. Todos riram e ficou por isso mesmo.


Presidente combinou teor do discurso com Serra
No balanço que fez de seus sete anos de governo, Fernando Henrique Cardoso reservou mais espaço às realizações do Ministério da Saúde

O discurso do presidente Fernando Henrique Cardoso foi previamente conversado com o candidato do PSDB e ministro da Saúde, José Serra, na terça-feira. Embora o presidente tenha tomado todo o cuidado para não demonstrar preferência explícita por Serra perante seu ministério multipartidário, a pasta da Saúde recebeu atenção especial e um comentário de seis minutos por parte de Fernando Henrique, enquanto a Educação foi falada por apenas três minutos.

Além da atenção especial à Saúde, os integrantes do PSDB perceberam ainda semelhanças entre o discurso que o ministro tem adotado nos encontros de que participa e o balanço do governo. Um exemplo foi a defesa das exportações, ênfase em todos os pronunciamentos do candidato.
Tanto para os agricultores e militantes do PSDB em Sinop, no interior do Mato Grosso, como para os empresários do Rio de Janeiro, Serra bateu nessa tecla. ‘‘Precisamos de dólares’’, dizia ele. ‘‘Se vendermos mais, mais teremos condições de gerar emprego e recursos para projetos sociais que o governo já começou e precisam ser ampliados’’, afirmou o candidato nas duas oportunidades. Em conversas reservadas, integrantes do partido não negam que o objetivo é mesmo colar no PSDB e no seu candidato todas as vitórias do governo.

Acreditam que o governo, se bem avaliado, carreará votos para Serra.
Enquanto o presidente apresenta à população os avanços da sua gestão, Serra aproveita suas noites para cuidar da política. Na terça-feira, reuniu-se com o vice-líder do governo no Congresso, deputado Ricardo Barros (PPB-PR). Barros foi dizer a Serra que uma parte expressiva do partido está disposta a apoiá-lo na campanha presidencial.
‘‘O Maluf não cumpriu o acordo que tinha conosco de expor o ministro (da Agricultura) Pratini de Moraes no programa de TV do partido. Só exibiu o próprio Maluf’’, disse Ricardo Barros, referindo-se ao ex-prefeito paulistano Paulo Maluf.‘‘O PPB está dividido’’, explicou o deputado, dando a entender que há uma ala do partido disposta a seguir com Serra.Mas sequer mencionou o nome da candidata do PFL, Roseana Sarney. Serra ficou animado, mas sabe que o PPB não pretende decidir agora de que lado ficará na eleição.

Depois de participar da reunião ministerial — a última dele como ministro da Saúde —, Serra seguiu para Belo Horizonte, para a formatura de 5.235 agentes de saúde. Outros dois presidenciáveis estavam na cidade, o governador do Rio, Anthony Garotinho (PSB) e o ex-ministro da Fazenda Ciro Gomes (PPS). Garotinho chegou atacando Serra. ‘‘Cuidado, onde o Serra vai, a dengue vai atrás.’’ Ciro não deixou por menos. ‘‘Serra não decolará nas pesquisas. Tenho certeza de que a população que já deu oito anos para eles, não dará mais quatro’’, disse Ciro. Serra já havia seguido para Mato Grosso do Sul quando Ciro falou sobre ele. Mas a crítica de Garotinho não passou em branco: ‘‘O Garotinho precisa parar de se comportar com um garotinho e começar a trabalhar’’


PROPAGANDA

Atrasa estréia tucana na TV

O atraso no envio das fitas de propaganda, pela Executiva Nacional do PSDB, inviabilizou a primeira aparição na TV do pré-candidato do governo, ministro José Serra, que estrearia ontem a campanha eleitoral no Paraná. Serra usaria metade dos cinco minutos destinados ao PSDB estadual pela Justiça Eleitoral. No começo da noite, as fitas ainda eram aguardadas na sede do PSDB, em Curitiba. Com o atraso, o presidenciável só deve estrear na sexta-feira. (Da Agência Folha)


PMDB dá mãozinha ao PSDB

O Tribunal Superior Eleitoral permitiu que o PMDB troque com o PSDB as datas de veiculação dos programas nacionais a que os partidos têm direito neste semestre. Com a decisão, as pequenas peças publicitárias do PSDB do ministro da Saúde, José Serra, serão apresentadas no início de março e n


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