Filme de Barbieri mostra que história dos negros não começa com a escravidão



Mostrar a história dos afro-descendentes brasileiros com um olhar diferente, para além dos grilhões e em uma perspectiva histórica distinta da escravidão. Essa é a intenção do documentário Atlântico Negro - Na rota dos orixás, do cineasta Renato Barbieri, que foi exibido nesta terça-feira (13), no Auditório Petrônio Portella, como parte do lançamento do Ano Cultural 2008 do Senado Federal e das comemorações dos 120 anos da Abolição da Escravidão.

- A verdadeira história está na África, antes da escravidão. Essa é a nossa proposta - disse o cineasta, em rápida conversa antes do filme.

Barbieri explicou que o documentário representa a tentativa de mostrar o mapa da diáspora, com as regiões de origem dos africanos, como o Benin, e os destinos no Brasil, como Salvador e São Luís durante o tráfico negreiro. Ele apontou as dificuldades para delinear essa rota, e afirmou que o Ministério da Educação "tem o grande papel de fazer as informações chegarem" aos afro-descendentes, ciosos por conhecerem a sua história. No filme, também é evidenciada a grande influência africana na religiosidade brasileira, "na musicalidade, na dança, no gestual, no apreço pelas cores", e as contribuições dos africanos em matérias como a mineralogia, a agricultura tropical e a criação extensiva do gado.

O filme é uma parceria de Barbieri com o historiador Victor Leonardi, estreou em 1998 e ganhou nove prêmios, incluindo o Festival de Cannes, o Premio Margarida de Prata e o Prêmio Pierre Verger.



13/05/2008

Agência Senado


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