Filósofo teorizou sobre 'Revolta do Vinagre' há um ano em simpósio no Senado




Safatle: o direito fundamental de todo cidadão é o direito à rebelião

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O formato das manifestações que há 20 dias tomam o país, assim como a onda de questionamentos ao sistema político e eleitoral, foram analisados de forma profética e detalhada pelo filósofo Vladimir Safatle em palestra proferida no Senado no dia 30 de julho de 2012. O Fórum Senado Brasil 2012 reuniu pensadores franceses e brasileiros para “avaliar a primeira década do século 21 e pensar o futuro".

Professor de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP), Safatle abordou movimentos que estavam então em grande evidência, como a Primavera Árabe e os Indignados da Espanha, além das marchas contra a corrupção registradas no Brasil em 2011. Na opinião do estudioso, essas mobilizações representavam uma ruptura inevitável em um sistema político que havia se distanciado do povo.

Àquela altura, o filósofo já contestava os que buscavam qualificar esses grupos como despolitizados e vazios em termos de propostas, além de vinculados a um tipo de mobilização mais virtual do que concreta. "Acho muito inteligente da parte deles o fato de quererem discutir. E não é verdade que não têm uma pauta, só não querem se submeter ao velho jogo partidário, no qual é preciso dizer ou deixar de dizer algo por conveniência" , advertiu.

"O direito fundamental de todo cidadão, mesmo em estados liberais, é o direito à rebelião. A insubmissão é uma virtude, não um defeito," afirmou ainda o professor, que, na tarde desta quarta-feira (26), ministrou aula a manifestantes no Museu da República, em Brasília, como preparação a uma passeata em direção ao Congresso Nacional.

Em julho do ano passado, Safatle tratou igualmente dos episódios de violência que acompanharam muitas daquelas manifestações

"É preciso observar que a maior parte das maneiras legais de agir foram estabelecidas para que nada mude", denunciou.

Outros pensadores presentes ao fórum expuseram ideias sobre as mudanças vertiginosas provocadas pelo advento da sociedade da informação e da interatividade via internet.

Para o cientista político Sérgio Paulo Rouanet, a política "não precisa mais do mito". Recordando ao público a célebre frase do poeta russo Vladimir Maiakóvski “só a verdade é revolucionária”, Rouanet disse compreender a importância do carisma como agregador de expectativas, mas recusou a necessidade do messianismo.

A prescrição da internet  e da democracia direta como remédios para sanar os problemas do sistema político representativo foram considerados uma ilusão pelo professor de filosofia política da Universidade Federal Fluminense (UFF) Renato Lessa. "O Egito é uma prova de que não é o Facebook quem vai democratizar a sociedade", disse Lessa.



26/06/2013

Agência Senado


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