Fita contra Jader foi forjada, atesta laudo de Molina



A fita com conversas tratando de suposta intermediação para liberação de recursos da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) por meio do pagamento de propina e que poderia ser usada para incriminar o presidente licenciado do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA), neste caso, é uma fraude. Isto é o que atesta o laudo elaborado pelo perito Ricardo Molina e entregue ao senador Romeu Tuma (PFL-SP), em São Paulo, na manhã desta sexta-feira (dia 17).

As gravações periciadas, publicadas há dois meses pela revista IstoÉ , continham uma suposta conversa em que o deputado estadual Mário Frota (PDT-AM) utilizava o nome de Jader para facilitar a liberação de financiamentos da Sudam em troca de um pagamento de R$ 5 milhões. De acordo com a perícia, a voz não é de Frota e as gravações foram forjadas pelo ex-assessor do deputado Nivaldo Marinho em época e locais diferentes dos alegados pelo assessor.

De acordo com o senador Tuma, o laudo de Molina mostra que a gravação foi feita recentemente e não há dois anos - como o caso poderia sugerir. O local também não é o alegado pelo assessor, a casa de Frota. O documento ainda aponta para a possibilidade de Marinho haver lido um "roteiro", pois foram identificados ruídos de folhas de papel.

Problemas regionais

O senador Jefferson Péres (PDT-AM) afirmou, em entrevista telefônica, que Marinho já havia confessado a fraude em depoimento à Polícia Federal e à revista IstoÉ , no decorrer dessa semana. Segundo ele, que integra a comissão especial do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar que investiga os casos em que Jader é citado, Marinho admitiu que a manobra foi arquitetada pelo deputado federal Pauderney Avelino e por um secretário de estado do governador Amazonino Mendes, ambos interessados em desmoralizar Frota, que tem, de acordo com as pesquisas, boas chances de ganhar as eleições para o governo do estado.

- Provavelmente, o nome do senador Jader foi utilizado porque os autores da farsa estariam tentando aproveitar-se do desgaste do senador - afirmou Tuma.

Tanto Jefferson quanto Tuma explicaram que a fita agora não servirá para as investigações da comissão, mas lembraram que o caso Sudam continua a ser investigado em 25 inquéritos da Polícia Federal e também pela comissão.

17/08/2001

Agência Senado


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