Debate atesta discriminação contra a mulher no país



Ao promover debate sobre o papel da mulher como sujeito e agente de transformação social, a Comissão Temporária do Ano da Mulher/2004 propiciou a seguinte constatação: a persistência de práticas discriminatórias contra a atuação feminina no país. Embora assinalando avanços na participação da mulher em diversos setores da vida social brasileira, o senador Papaléo Paes (PMDB-AP) afirmou que a desigualdade ainda persiste, -seja de tratamento, seja de oportunidades-.

- Infelizmente, é forçoso admitir que a mulher ainda é discriminada, principalmente no mercado de trabalho, onde seus rendimentos se mantêm inferiores aos dos homens - considerou. Ainda segundo o parlamentar, integrante do colegiado, a mulher também continua a ser a principal vítima de violência na esfera doméstica, -praticada não por homens, mas por seres desajustados, transfigurados em agressores covardes-.

As professoras Dione Moura, do Departamento de Comunicação da Universidade de Brasília (UnB), e Dirce Guillen, do Departamento de Enfermagem da UnB, observaram que a mídia reforça a discriminação contra a mulher ao explorar uma imagem estigmatizada do universo feminino. De qualquer forma, a comunicóloga disse acreditar que a sociedade começa a questionar o papel atribuído à mulher pela mídia, atitude que poderia levar à revisão da representação da realidade feminina veiculada pelos meios de comunicação.

Para Dirce Guillen, a mulher continua a ser desconsiderada enquanto ser social e colocada em posição subalterna. A professora queixou-se ainda da lenta implementação de políticas de saúde para o público feminino, como comitês de controle da mortalidade materna. Em seguida, a professora Lourdes Bandeira, do Departamento de Sociologia da UnB, lamentou o que denominou -minorização política- das mulheres, excluídas das elaboração das leis a que têm de se submeter.

À frente da coordenação do debate, realizado em conjunto com o Instituto Legislativo Brasileiro (ILB) e a Universidade de Brasília (UnB), a professora Silvéria Maria dos Santos, do Departamento de Enfermagem da UnB, afirmou que -o caminho para qualificar a vida humana passa pelo resgate do papel da mulher na sociedade-. Já o diretor-executivo do ILB, Florian Madruga, lamentou que a participação do segmento no cenário eleitoral ainda esteja longe de cobrir os 30% de candidaturas que devem ser reservados às mulheres nos pleitos do país.



14/06/2004

Agência Senado


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