Flávio Arns acusa governo Lula de "desumano" por não concordar com escolas públicas para alunos especiais



Em tom veemente, o senador Flávio Arns (PT-PR) acusou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de agir de forma "desumana e insensível" ao pressionar os governos estaduais e as prefeituras a "praticamente fechar" suas escolas para alunos especiais, destinadas a alunos com deficiência. Explicou que "pessoas do Ministério da Educação" têm agido com incompetência ao implantar, de qualquer forma, a política de educação inclusiva, pela qual os alunos com deficiência têm de freqüentar escolas comuns.

Flávio Arns leu para o Plenário carta de um pai de Roraima, que tem filho com autismo, onde o governo estadual, em atendimento à política do Ministério da Educação, transformou a escola de educação especial em "centro de atendimento", no qual os alunos "não têm nenhum dos cuidados que recebiam antes". Indignado, o senador observou que as necessidades desses alunos são bem diferentes "do que estudar biologia ou matemática".

- Como é que um aluno especial, que às vezes faz suas necessidades fora do banheiro, vai se integrar em uma sala de aula com alunos comuns? - indagou.

O senador afirmou que nunca na história do país os pais de pessoas com deficiência e as próprias pessoas com deficiência foram tão prejudicados como neste governo.

- Falo isso com tristeza, porque sou pai e sou do Partido dos Trabalhadores. Temos de reverter esta situação e dizer: chega de incompetência. Chega de falta de humanidade. Chega de falta de sensibilidade - desabafou o senador.

Flávio Arns observou que a lei que prevê escolas especiais não foi alterada no governo Lula. Simplesmente "pessoas do Ministério da Educação" passaram a interpretar de maneira diferente a legislação e a pressionar pela educação inclusiva.Para ele, trata-se de uma "postura xiita, fundamentalista".

Em aparte, o senador Augusto Botelho (PT-RR), que é médico, apoiou as reclamações de Flávio Arns, confirmando a transformação da escola de Roraima mencionada na carta lida em Plenário. Botelho ponderou que crianças com alguma deficiência não conseguem se integrar em uma sala de alunos normais. Disse ainda que as professoras também não estão preparadas para atender esses alunos. Ele sugeriu que as comissões do Senado passem a tratar do assunto, inclusive convocando audiências públicas.



17/03/2009

Agência Senado


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