Flexa Ribeiro diz que governadora do Pará protege invasores



O senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) traçou, nesta terça-feira (5), um painel dos conflitos em torno da posse de terras rurais no Pará e creditou a gravidade da situação ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e à governadora do estado, Ana Júlia Carepa (PT). Esta, segundo Flexa Ribeiro, além de permitir invasões de terra, tem feito falsas acusações aos seus adversários, tanto de forma aberta como em jornais apócrifos.

Uma dessas acusações é a de que Flexa Ribeiro seria favorável à intervenção federal defendida pela senadora Kátia Abreu (DEM-TO), presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), órgão de classe dos proprietários rurais. Constante de uma carta de Ana Júlia lida em Plenário pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP), a acusação foi rechaçada pelo parlamentar do PSDB.

- O que eu defendo é o cumprimento da lei - disse Flexa Ribeiro, referindo-se à necessidade da preservação das propriedades rurais e do cumprimento dos mandados de reintegração de posse de fazendas invadidas.

Na opinião do senador, o modelo de reintegração de posse executado pela governadora Ana Júlia "é o do faz-de-conta".

- Ela tira e dois dias depois a Polícia deixa a região, ninguém é preso, nenhuma arma é apreendida e os sem-terra voltam a ocupar a área - denunciou.

De acordo com o parlamentar, essa posição em favor do estado de direito democrático é compartilhada pelos senadores Mário Couto (PSDB-PA) e José Nery (PSOL-PA). Flexa Ribeiro afirmou que os três apoiam "tanto o pequeno, quanto o médio e grande produtor que vão para o Pará ajudar a desenvolver o estado".

Ampliando o leque de suas críticas, o senador disse que há dois anos e meio (tempo de governo de Ana Júlia), o Pará tem regredido em todos os indicadores. Ao reduzir o custeio em algumas áreas, a de segurança, por exemplo, acabou por prejudicar a prestação dos serviços públicos.

- Estou informado que o horário de trabalho da Polícia Militar foi reduzido, como de todas as secretarias, e termina às 14h. Ou seja, a partir das 14h, a Polícia Militar não funciona. Nem bala e treinamento mais a Polícia Militar está recebendo para defender os paraenses - denunciou Flexa Ribeiro.

O senador mencionou como "um dado alarmante" publicado pela imprensa, a informação de que o MST já conta com um exército de 15 mil homens atuando apenas no Pará, segundo estimativas do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e dos próprios sem-terra.

Flexa Ribeiro disse que embora o tratamento dado pelo governo do PT ao MST seja o de movimento social, trata-se, entretanto, de uma organização "que se utiliza de táticas de guerrilha, armamento próprio e que não identifica seus membros". O dinamismo interno e as estratégias usadas pelo MST estariam cada vez mais parecidos com os característicos das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia ( Farc ), segundo o senador.

- Onde o MST está no comando, ninguém entra. Nem mesmo o Estado - afirmou Flexa Ribeiro.

Isso, segundo o senador, seria confirmado por policiais militares e por membros do próprio movimento, que se referem frequentemente a estratégias como "a resistência camponesa".

Daí, no entender do senador, a correlação entre o alto número de membros do MST no Pará e o título que o Estado ostenta de "campeão nacional em conflitos no campo". Dados da Comissão Pastoral da Terra mostrariam que, ao contrário do resto do país, a violência no campo está aumentando no estado.

Em 2008, o estado registrou 245 ocorrências, mais do que o dobro do Maranhão, segundo colocado, que registrou 101. No ano passado, 46,4% dos casos de violência rural no Brasil ocorreram no Pará. No anterior foram 18%. Enquanto isso, o número de assassinatos decorrentes desses conflitos no estado teriam aumentado em 160% - de cinco para 13 mortes. Em contrapartida, as prisões dos envolvidos caíram 50%.

Outros dados apresentados pelo senador: nos últimos dez anos, foram assentadas 80 mil famílias no estado. Destas, 64.691 teriam participado das 377 ocupações verificadas, segundo os dados da própria Comissão Pastoral da Terra. O número de famílias despejadas totaliza 25.857, mas muitas teriam voltado a invadir.

Conforme Flexa Ribeiro, no sul do Pará, o requisito básico para ser assentado pela reforma agrária é participar de invasões. O parlamentar entende que o quadro não poderia ser outro, uma vez que o presidente e o procurador-geral do Instituto de Terras do Pará (Interpa), José Benati e Girolamo Treccani, respectivamente, seriam ligados ao MST.

- É literalmente a raposa tomando conta do galinheiro - ironizou o parlamentar.



05/05/2009

Agência Senado


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