FOGAÇA DEFENDE VENDA DE PARTE DA EMBRAER



A venda de 20% do capital da Embraer para um consórcio de empresas estrangeiras lideradas pela companhia européia Aerospatiale foi defendida nesta sexta-feira (dia 31) pelo senador José Fogaça (PMDB-RS). Ele acredita que essa é a saída possível e a mais adequada no momento para dar poder de fogo à empresa brasileira no disputado mercado mundial de pequenas e médias aeronaves. Fogaça fez seu pronunciamento exatamente no dia em que a Organização Mundial do Comércio (OMC) decide sobre a procedência ou não das acusações de que a Embraer recebeu subsídios irregulares da parte do governo brasileiro. O processo foi aberto na OMC pelo Canadá, país de origem da Bombardier, principal concorrente da Embraer, em função da venda de aviões da companhia brasileira à empresa de aviação norte-americana Continental Express, no valor de US 6,7 bilhões. De acordo com o senador, a acusação feita pela Bombardier é "injusta". O que ocorreu segundo ele é que a produção das aeronaves teve que ser financiada por bancos internacionais num momento em que o Brasil ainda se ressentia da falta de credibilidade provocada pelas moratórias e atrasos no pagamento da dívida externa. Diante do chamado "risco Brasil", os bancos exigiram da Embraer juros muito acima dos cobrados normalmente no mercado internacional para esse tipo de operação e de empresas do porte e da saúde econômico-financeira da Embraer. Assim, o governo brasileiro viu-se na contingência de compensar a companhia pelos juros exorbitantes, sob pena de inviabilizar a operação ou torná-la não lucrativa. Foi procedida então a compensação por meio do Programa de Financiamento às Exportações (Proex), entendida como subsídio pela Bombardier. Conforme Fogaça, esse conflito mostra bem a necessidade que a Embraer tem de se fortalecer para fazer a frente a seus competidores. A venda de parte do capital acionário a grupos estrangeiros poderá dar à empresa o respaldo financeiro e o apoio de grupos de lobby para se contrapor à pressão que parte de organizações privadas e instituições oficiais. - Não se trata de desnacionalização, já que a empresa continuará com a maior parte das suas ações em mãos de brasileiros - explicou Fogaça. Em aparte, o senador Romero Jucá (PSDB-RR) disse concordar com a venda parcial de ações da empresa e conclamou o Senado, e em particular a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), a atuar com firmeza em defesa dos interesses nacionais. - Esta associação da Embraer com os grupos estrangeiros é regular e legítima - opinou Jucá.

31/03/2000

Agência Senado


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