REQUIÃO QUER EXPLICAÇÕES SOBRE VENDA DE AÇÕES DA EMBRAER



Preocupado com a possibilidade de a França ter hoje participação majoritária no capital da Embraer, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) anunciou nesta segunda-feira (dia 6) que apresentará pedido de informações ao governo brasileiro para que explique essa quastão. Referia-se à venda de 20% das ações ordinárias, o que significa 7% do capital total, feita recentemente pela Embraer a quatro empresas francesas e a um grupo britânico-suíço.
Observando que as empresas francesas ou são puramente estatais, ou tem participação do estado, e explicando que, na venda desse pacote, foi ofertada parte das ações do governo brasileiro, Requião disse que a questão fundamental é: "tem ou não tem, nesse momento, a França uma situação privilegiada em relação ao Brasil?". Ele próprio respondeu que, hoje, "a Embraer, montada com os esforços da nossa Aeronáutica, é muito mais francesa que brasileira, apesar das Golden Shares e do capital mantido ainda em mãos do governo brasileiro".
Requião disse que, "mais uma vez, à sorrelfa, na escuridão e na madrugada, nós estamos vendo um investimento público, duramente conquistado pelo Brasil, entregue a setores militares estratégicos de outro país". No seu entender, isso resume o governo Fernando Henrique, "ou pelo menos mais uma das múltiplas facetas de um governo absoluta e rigorosamente entreguista".
O senador listou as empresas que compraram ações da Embraer, relatando a participação do governo francês no capital de três delas: Aerospatiale Matra - participação superior a 50%; Dassaut Aviation - aproximadamente 38%; e Thonson CSF - aproximadamente 40%. As outras empresas do grupo comprador da Embraer foram: Snecma e o grupo British Aerospace-Saab.
Referindo-se a artigo publicado por Luís Nassif no jornal Folha de S.Paulo, que considerou interessante a nova composição da empresa, o senador disse que "pouco interessante foi o fato de que o Ministério da Aeronáutica, possuidor das famosas Golden Share, ações preferenciais que lhe dão assento na direção da Embraer, para defender os interesses nacionais vinculados a uma empresa desenvolvida pelo esforço brasileiro, não foi chamado à mesa de negociações".
Requião sustenta que nem esse ministério nem o governo brasileiro foram chamados a conhecer a operação. Por isso, está encaminhando seu requerimento de informações que ainda não sabe a quem dirigir, mas que deverá ser respondido pelo governo brasileiro. Ele leu um resumo do requerimento, texto em que estranha que o negócio tenha se realizado sem levar em considerado a posição do governo brasileiro.

06/12/1999

Agência Senado


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