Fraga acredita que o PIB ainda pode crescer 2% este ano



O presidente do Banco Central (BC), Armínio Fraga, disse nesta quinta-feira (dia 20) que, embora os cálculos do governo ainda não estejam prontos, o país pode vir a crescer 2% em sua economia este ano. Ao abrir para os parlamentares dados da política monetária e cambial, Fraga disse também que a dívida líquida do setor público elevou-se em 2% do PIB (Produto Interno Bruto) neste primeiro semestre de 2001. Ele atribuiu esse resultado a um choque de crises vivido pela conjuntura econômica.

O presidente do BC, em cumprimento à Lei de Responsabilidade Fiscal, avaliou o cumprimento dos objetivos e metas das políticas monetária, creditícia e cambial no primeiro semestre em reunião conjunta da Comissão Mista de Orçamento, das Comissões de Fiscalização e Controle e de Assuntos Econômicos do Senado, e das comissões de Finanças e Tributação, de Economia, Indústria e Comércio e de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados.

Ao comentar as perspectivas de crescimento do PIB, Fraga disse que, na pior das hipóteses, a economia brasileira crescerá 1,5%. "Mas, com certeza, teremos um crescimento positivo", afirmou, ao destacar que um resultado dessa magnitude será excepcional, se for levado em conta que a Europa reviu sua previsão de crescimento de 4 para 2% e que os Estados Unidos trabalham com a projeção de 1,5% de crescimento, contra os anteriores 4%.Fraga disse que o BC apresentou no primeiro semestre, em função da instabilidade das taxas de câmbio, que chegou a um índice acumulado de 17,9%, um resultado negativo de R$ 4,08 bilhões. Só a despesa líquida com correção cambial foi de R$ 3,84 bilhões. As operações com títulos públicos feitas pelo BC geraram uma despesa de R$ 11,84 bilhões, contra despesas de R$ 7,19 bilhões das operações com o Tesouro Nacional. As despesas administrativas do BC custaram R$ 480 milhões, e as outras despesas, R$ 20 milhões, gerando uma despesa total de R$ 19,53 bilhões.zzOs resultados positivos do balanço do BC vieram das operações da área externa (R$ 11,74 bilhões), das operações da área bancária (R$ 50 milhões ), dos créditos e títulos a receber (R$ 1,33 bilhão), das provisões (R$ 1,17 bilhão) e do resultado não operacional (R$ 1,16 bilhão), perfazendo um total positivo de R$ 15,45 bilhões. A soma algébrica desses dois grupos (resultados positivos e negativos) leva, portanto, a um resultado negativo de R$ 4,08 bilhões.

O déficit nominal do setor público (receita menos despesas, incluindo-se os juros da dívida pública) no primeiro semestre de 2001 foi equivalente a 5,34% do PIB. Sem a variação cambial adversa, explicou Fraga, esse déficit teria sido de 2,79% do PIB. Uma elevação de um ponto percentual na taxa de juros real aumenta a dívida líquida do setor público em 0,275% do PIB, enquanto uma desvalorização de 1% na taxa de câmbio real aumenta a dívida líquida do setor público em 0,259% do PIB, disse.

Fraga informou que nos meses de janeiro, fevereiro e abril deste ano o BC não precisou intervir no mercado de câmbio. Em março, contudo, para evitar uma desvalorização do real a níveis não desejados, teve de intervir no mercado, gastando US$ 310 milhões, e mais US$ 250 milhões em maio. Novos ingredientes da crise internacional levaram o BC a intervir novamente no mercado em junho, gastando US$ 1,325 bilhão para proteger a moeda nacional.

Fraga disse que no início deste ano o cenário se apresentava muito favorável à economia brasileira. Mas logo vieram sérias crises como a da Argentina, questões de natureza política interna gerando um ambiente de ansiedade, a crise de energia, uma desaceleração econômica global e, finalmente, os recentes ataques terroristas aos Estados Unidos. "Não fossem esses choques negativos simultâneos, nós iríamos crescer entre 4 e 5% este ano, de forma sustentada, com uma taxa de inflação de 4% ou até menor, e taxas de juros bem menores. Basta lembrar que, no início deste ano, chegamos a ter juros de 15,75%", lembrou, lamentando as atuais taxas de 19% ao ano.

Para o presidente do BC, contudo, mesmo diante do atual cenário adverso, o Brasil mostra sinais positivos de recuperação dos superávits na balança comercial e de controle da inflação. Ele entende que, graças ao ajuste fiscal e à austeridade da política monetária, os resultados virão a médio e longo prazos, colocando o país em nova trajetória de crescimento sustentado.

20/09/2001

Agência Senado


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