PT acredita que Lula pode vencer ainda no 1º turno









PT acredita que Lula pode vencer ainda no 1º turno
O PT gaúcho comemorou, ontem, o crescimento do candidato do partido à presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, nas intenções de voto do eleitorado brasileiro. Conforme as pesquisas Ibope, Datafolha e Sensus, divulgadas na segunda-feira, Lula subiu seu percentual, mantendo a média de 38%. "Nas outras eleições, nunca tivemos este resultado a 25 dias do pleito, mas esse índice ainda não é o teto", comentou o
coordenador da campanha do petista no Rio Grande do Sul, Paulo Ferreira.

Embora considerem difícil, os petistas vislumbram a possibilidade de vitória já no primeiro turno. "Não entramos ainda na fase de emoção da campanha. Quando a emoção entrar, não sei o que pode acontecer. Onde Lula vai, ele mobiliza multidões, e parte do eleitorado pode votar em nós para resolver o assunto rápido", avaliou Ferreira.

Acrescentou, no entanto, que serão 25 dias de bastante mobilização política e advertiu os militantes petistas a tomarem as ruas. "O candidato do governo, José Serra (PSDB), também sobe nas pesquisas", lembrou.

Para Ferreira, o desempenho de Lula este ano comprova a correção da estratégia adotada pela coordenação, com a ampliação do leque de apoios à sua candidatura, que foi muito criticada pelos setores mais à esquerda do PT. "Nos negamos a permanecer, mais uma vez, no papel de espectadores. Desta vez, decidimos que seríamos agentes atuantes, e as alianças pesaram para a obtenção desses índices inéditos", destacou.

Ferreira passou a segunda-feira em São Paulo, reunido com a coordenação nacional. Ali, foi decidido que a estratégia de campanha continuará a mesma até 6 de outubro. "Combinamos a discussão das questões programáticas com a demonstração das conquistas dos governos do PT pelo País e as mobilizações de rua.

Assim, vamos assegurar a manutenção desses patamares", concluiu.

Ciro intensificará presença no Estado
O presidente do PPS gaúcho, deputado federal Nelson Proença, disse que o partido não se impressiona e não se deixa conduzir pelos números das pesquisas. "Não fazíamos isso quando elas eram favoráveis ao Ciro e muito menos agora", destacou.

Proença garantiu que a estratégia não muda e confirmou que Ciro Gomes deverá intensificar a sua presença no Rio Grande do Sul. "Mas isso já estava programado antes da divulgação das últimas pesquisas", salientou.

O presidente do PPS antecipou que o presidenciável da Frente Trabalhista, venha, provavelmente, na próxima segunda- feira ao Estado. Segundo Proença um roteiro com atividades na Capital e Região Metropolitana está em fase de elaboração.

Beto acredita que Garotinho pode disputar segundo turno
O presidente do PSB gaúcho e candidato à reeleição para a Câmara Federal, Beto Albuquerque acredita, que os diferenciais da campanha do candidato de seu partido à presidência da República, Anthony Garotinho, permitem antever um período de crescimento que pode levá-lo ao segundo turno. Entre esses diferenciais ele cita a exclusividade do candidato ao tratar do aumento do salário mínimo e a forma aberta com que ele vem tratando a atuação dos bancos. "Até porque talvez seja a única candidatura que não tem nenhum centavo de banqueiros", disse Beto. Identificado ideologicamente com o PT - foi secretário dos Transportes no governo Olívio Dutra - o presidente do PSB afirma que um segundo turno entre Lula e Garotinho não seria problema para ele, "pois seria uma maravilha para o Brasil. São os dois projetos que podem trazer soluções para os problemas do país".


Testemunha confirma denúncias feitas ao Ministério Público
A Subcomissão Especial que investiga o caso Pangea ouviu ontem a agente de viagens Maria Ângela Fachini que confirmou todas as denúncias feitas ao Ministério Público (MPE) em 11 de agosto. A funcionária da Pangea Turismo - de propriedade de Diógenes de Oliveira - que denúnciou irregularidades em negócios com o governo do Estado, está sob proteção do Programa Nacional de Testemunhas e, no início do seu depoimento, afirmou que sua mãe está sendo intimidada com telefonemas anônimos.

Ângela disse que presenciou jogo marcado em processos de carta-convite para a venda de passagens à Secretaria da Saúde; a troca de favores para transferência de um servidor desta pasta para a Metroplan; compra de passagens para o PT - via Clube da Cidadania - com doações de empresários e com a destinação da sobra para o Partido dos Trabalhadores; a montagem de uma viagem fria à China para a obtenção de empréstimo bancário visando sanar o problema de fluxo caixa do PT, e que "90% dos negócios da Pangea eram feitos com órgãos públicos estaduais.

A depoente salientou, também, que participou do esquema para "esquentar" recursos do Clube de Seguros da Cidadania, por um pedido de Diógenes. Segundo ela, ele disse que a ação serviria para cobrir uma questão formal de furo de contabilidade". Conforme ela, Diógenes afirmou que R$ 80 mil teriam que ser devolvidos à contabilidade do Clube da Cidadania, devido a um erro do contador. "Assinei a declaração sem saber que
poderia pegar dois anos de cadeia", disse.

De acordo com o relator da subcomissão, Vieira da Cunha (PDT), "corromper testemunha é crime previsto no Código Penal e Diógenes de Oliveira corrompeu a testemunha oferecendo 15% da empresa Pangea para que fosse ao MPE mentir". O deputado não vê motivos para colocar em suspeita o testemunho de Maria Ângela, já que ela "apresentou fatos e os respectivos documentos" em seu depoimento.

A Subcomissão aprovou o depoimento dos sócios da empresa Pangea Turismo, Diógenes de Oliveira e Marcos Vinicius Manssur Anflor, além de Mogli Carlos Veiga, Jorge Branco, Pedro Bessa, Claudio dos Santos, Jairo Carneiro e David Stival. Participaram os deputados Vieira da Cunha (PDT), Valdir Andres (PPB), Jair Foscarini (PMDB), Mário Bernd (PPS), Paulo Odone (PPS), César Busatto
(PPS), Germano Bonow (PFL) e Flávio Koutzi (PT). Hoje, às 11hs, uma comissão de deputados formaliza ao procurador-geral de Justiça, Cláudio Barros Silva o recurso à decisão do juíz Umberto Guaspari Sudbrack, que inocentou Diógenes de Oliveira da acusação de estelionato.

Koutzi e Vieira da Cunha discutem
A reunião da Subcomissão, que analisa as denuncias de irregularidades em negócios entre a Pangea Turismo e o governo do Estado, começou com uma polêmica entre o deputado Flávio Koutzii e o relator Vieira da Cunha (PDT), sobre a condução dos trabalhos. Baseado no Código de Processo Penal, o pedetista pediu a retirada da sala de Marcos Vinícius Anflor, pois este integra a relação de futuros depoentes.

Koutzii não aceitou o pedido e argumentou que o mesmo não estava amparado no Regimento Interno.

"Estamos em uma subcomissão e não em uma CPI que tem um rito distinto. Portanto, a ausência de prováveis testemunhas é desnecessária", alegou o petista. Ao final da tarde Anflor concedeu entrevista coletiva afirmando ter sido expulso da Assembléia.

Koutzii ainda protestou pelo fato de, como membro titular da subcomissão, não ter sido consultado por Vieira da sua intenção de convocar outras sete testemunhas. O petista reiterou que "a instalação de uma subcomissão para analisar um tema que já foi esgotado pela CPI da Segurança Pública tem motivação política" e que as novas denúncias apresentadas já estão sendo investigadas pelo Ministério Público.

Conforme Koutzii, a Assembléia está esperando o parecer do Tribunal de Contas do Estado (TCE) sobre a contratação de serviços de transporte e hospedagem, pela secretaria estadual da Saúde, dos delegados gaúchos que participaram da Conferência Nacional de Saúde, em dezembro de 2000, em Brasília, um dos casos citados nas denúncias. " Causa-nos perplexidade esta dinâmica da oposição que, antes mesmo do TCE se manifestar, instala uma subcomissão com caráter de CPI para retomar um assunto que já foi analisado por esta Casa", observou.


Tarso Genro participa de ato contra terrorismo
Na véspera do 11 de setembro, o candidato a governador Tarso Genro participou ontem, no final da tarde, de Ato Ecumênico promovido pelo comitê de religiosos da Frente Popular. Cerca de 150 religiosos e políticos do PT, Pcdo B, PCB e PMN reuniram-se no Salão Paroquial da Igreja Pompéia, em Porto Alegre, para reafirmar o compromisso com a paz, a condenação a qualquer forma de terrorismo e os princípios de solidariedade entre os povos e de justiça social.

Tarso Genro afirmou que o brutal atentado de 11 de setembro é inaceitável e deve ser um marco na história da humanidade. "Mudou a vida de todos, porque foi uma síntese da instabilidade gerada por este modelo que orienta a ação política e econômica das nações mais poderosas. O atentado foi um sinal de que a humanidade não pode mais continuar como está", disse o candidato petista."Um modelo que mercatiliza tudo dissolve as identidades das pessoas e dos povos e sem identidade é impossível reconhecer-se o outro e amá-lo", concluiu.

Ao entrarem no Salão, todos os participantes receberam uma folha de papel para registrarem uma mensagem.

Ao final do Ato, todas as mensagens foram penduradas na Árvore da Paz da Frente Popular. A primeira folha colocada continha a mensagem do candidato a governador: "A base da construção da paz é a certeza de que o amor ao outro não tem raça nem pátria."


Parceria entre BID e agências promove valorização do idoso
O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a Associação Latino-Americana de Agências de Publicidade (Alap) acertaram uma parceria para desenvolver uma campanha de valorização da terceira idade junto ao meio publicitário. A proposta do banco é promover uma nova "cultura da velhice", em que o idoso seja tratado e retratado na publicidade de forma positiva e como alguém que ainda tem muito a produzir. O protocolo de intenções foi assinado ontem, na sede da Associação Riograndense de Imprensa (ARI), em Porto Alegre, pelo coordenador da Divisão de Saúde do BID, o médico panamenho Tomas Engler, e pelo presidente da Alap, Luiz Coronel.

Segundo Engler, que é especialista em Saúde da Divisão de Programas Sociais do BID para os países do Cone Sul, a articulação de uma estratégia de comunicação também tem como meta estimular o aproveitamento da mão-de-obra de idosos. "Queremos provar que velhice também pode ser sinônimo de produção e de consumo de bens de serviços", afirmou. "Temos que tratar os velhos como cidadãos e evitar a discriminação."

A parceria BID-Alap não prevê, num primeiro momento, aportes financeiros. "O BID não é só transferência de verbas. Também atuamos em questões conceituais", salienta Engler. O banco, segundo ele, já vem apoiando projetos com ONGs dedicadas ao serviço de idosos e de revisão das políticas públicas a este segmento.

A Alap sugeriu ao BID que Porto Alegre seja o mercado-piloto dessa iniciativa para a qual estão sendo convocadas as agências de publicidade, além de instituições públicas e privadas. Luiz Coronel afirmou que há a possibilidade de o BID premiar campanhas publicitárias sociais com o tema da terceira idade no 14º Festival
Mundial de Publicidade de Gramado, em 2003.

RETRANCA
Brasil será o sexto país com população mais velha
Um estudo das Nações Unidas sobre população global e envelhecimento indica que o Brasil será o sexto país com mais idosos no mundo ainda nesta década. Hoje, o País ocupa a 12ª posição.

No Brasil, o número de idosos cresce rapidamente. A expectativa de vida passou de 66 anos (em 1991) para quase 69 anos. Entre os homens, a vida média é de 65 anos; entre as mulheres, 73.

Segundo a ONU, uma em cada 10 pessoas no mundo tem 60 anos ou mais, e por volta de 2050 será uma em cada cinco. O estudo indica que 21% dos velhos terão 80 anos ou mais, e o número de centenários irá crescer cerca de 15 vezes, passando dos 210 mil de hoje para 3,2 milhões.


Portal reduz gastos das prefeituras
A redução de até 30% no valor das compras efetuadas deverá ser o maior atrativo para as prefeituras que aderirem ao Portal Municipal de Compras, lançado em Canela pela Confederação Nacional de Municípios (CNM).

Através do www.cidadescompras.com.br, os órgãos públicos poderão adquirir bens e serviços de empresas de todo País. Vence o fornecedor que apresentar o menor preço. O diretor de compras da prefeitura de Novo Hamburgo, Leandro Scheffel, deverá em breve começar a utilizar a solução. "Estamos organizando internamente as nossas compras, através de um software, e logo depois que isto estiver finalizado pretendemos iniciar as compras pelo pregão eletrônico", diz.

Ele destaca como fator positivo a possibilidade das consultas serem feitas em empresas de todo País, via catálogos eletrônicos. "Existe um tempo determinando para que os lances sejam feitos e um computador inteligente para que haja total transparência no processo", destaca.

De acordo com o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, a iniciativa está começando a envolver outros municípios brasileiros apenas agora, já que a lei 10.520/02, que possibilita desde 2000 a utilização do pregão eletrônico pelo governo federal, só foi estendida para os municípios em julho. "Algumas capitais já estão utilizando este sistema para pequenas compras, que agora será aprofundado e envolverá novos municípios", prevê. O Data Center que integrará todas as informações foi construído em Brasília. O investimento da CNM no projeto foi de R$ 200 mil.

Outra modalidade de licitação eletrônica oferecida pelo portal cidadescompras é o Convite, na qual o município apresenta o edital na internet e os fornecedores fazem a proposta pela rede. Esta, por sua vez, é criptografada (a mensagem é transformada em código), garantindo assim o caráter confidencial até o momento da abertura, que só será feita após o horário determinado. Tanto o convite como o Pregão Eletrônico devem ser usados apenas para compras acima de R$ 8 mil.


Justiça suspende seguro-apagão em 41 cidades gaúchasM
A Justiça Federal em Santa Maria concedeu liminar ontem ao Ministério Público Federal que suspende a cobrança dos encargos de capacidade emergencial (o seguro-apagão) em 41 municípios da região central do Estado. A decisão afeta a AES Sul, Rio Grande Energia (RGE) e Usina Hidroelétrica Nova Palma (Uhenpal) na cobrança dos encargos de capacidade emergencial, de aquisição de energia elétrica emergencial e de energia elétrica livre adquirida no Mercado Atacadista de Energia Elétrica (MAE).

As concessionárias deverão informar nas contas de energia elétrica dos consumidores que os encargos foram suspensos por determinação judicial. Além disso, não devem repassar os valores já cobrados à

Comercializadora Brasileira de Energia Emergencial (CBEE). O juiz fixou multa diária de R$ 10 mil em caso de descumprimento da decisão.

No Estado, a Justiça Federal já suspendeu a cobrança do seguro-apagão nas regiões de Bento Gonçalves, Novo Hamburgo, Caxias do Sul, Rio Grande e Uruguaiana. Em Santa Cruz do Sul, o pedido de liminar foi negado.


Artigos

Um ano depois dos atentados
Décio Pizzato

Há exatamente um ano o mundo viu, estarrecido, a barbárie praticada contra Nova Iorque e Washington, que teve milhares de mortos, e ficou com a certeza de que a partir daquela data tudo começaria a mudar. O centro financeiro mundial mostrou a sua fragilidade, não só sob o aspecto de defesa contra ataques terroristas, como veio a desnudar as empresas que er am o expoente dos negócios na Bolsa de Valores de Nova Iorque. As queridinhas do mercado, as empresas da nova economia, tais como as dos setores de alta tecnologia, e também as ponto com, já vinham ladeira abaixo nas cotações registradas pelo índice Nasdaq. A economia americana, após aquela data, manteve-se em compasso de espera, não crescendo, e o Federal Reserve - FED - foi obrigado a fazer reduções na taxa de juros básicos até o nível de l,75%, o mais baixo dos últimos 40 anos, mas mesmo assim não houve o aquecimento esperado. Com isto surgiu a gota d'água que transbordou e mostrou toda a fragilidade do mercado acionário americano, com a descoberta de que as mais conceituadas empresas vinham, ao longo de anos, fraudando os seus registros contábeis e apresentando lucros fictícios, que visavam mais a beneficiar os seus administradores do que os investidores que nelas confiavam. Assim, grandes bancos que gerem fundos de pensões e de investimentos viram os realizados em ações dessas empresas sumirem, assim como tiveram também que absorver prejuízos com os títulos da Argentina, cuja economia ruiu ao final de 2001. Só que, desta vez, as vítimas foram centenas de milhares de pensionistas e investidores.

O impacto no Brasil daquele atentado foi imediato, mas mostrou que tínhamos novas oportunidades, e essas se mostraram claramente. Partiu-se para buscar novos espaços no cenário do comércio internacional. Não sem antes ter que enfrentar, como continua-se ainda enfrentando, toda a sorte de análises tendenciosas feitas por agências de classificação de risco, precedidas pelas feitas no início de maio deste ano por bancos de investimentos de Wall Street. O objetivo dessas análises era o de aumentar o deságio dos C-Bonds brasileiros para permitir ganhos mais altos com os mesmos, a fim de recuperar os prejuízos com os erros cometidos com ações daquelas empresas fraudadas em sua contabilidade e cujo valor virou pó, além das perdas com títulos argentinos. A nova meta de superávit de US$ 7 bilhões na balança comercial anunciada, mesmo com reservas, pelo ministro do Desenvolvimento, não deve ser vista apenas como um feito conseguido pela área. Este superávit ultrapassa a necessidade para o fechamento das contas do ano de 2002. Assim, existe um trabalho em ação que projeta um superávit de US$ 8 bilhões para 2003, até alcançar US$ 18 bilhões em 2006.

Superávits na balança comercial cada vez mais crescentes tenderão a fazer com que haja diminuição na dependência de financiamentos externos, ocasionando nesses anos queda nas taxas de juros. Instituições financeiras com comportamento oportunistas, que os americanos chamam de free-riders, aproveitam-se assim do cenário eleitoral brasileiro para provocar aumento do risco-Brasil. Informam haver uma exposição muito grande em linhas de crédito para financiamento do comércio exterior, o que, em seu ponto de vista, seria estarem sujeitos a grandes riscos. Além, é claro, de afirmarem que a dívida interna, por ser muito alta, estaria sujeita a um calote pelo próximo governo que assumir. Existe um motivo para que façam isso, e os efeitos climáticos mundiais nos dão a resposta, pois favorecem o Brasil. A seca que se acelera na faixa Sul-Norte, passando pelo Oeste dos EUA, atinge nove estados, fazendo com que haja grandes perdas com soja e milho.

Somam-se a isto as catástrofes com as inundações na Ásia, como na Coréia do Sul e também na China e na Índia, estes últimos, países que já ultrapassaram cada um a barreira de 1 bilhão de habitantes, apontando para as necessidades por alimentos que virão. Desta forma, não é à toa que há um movimento de ganância, como dito pelo presidente do FED, Alan Greenspan, em cima de um bom momento que se aproxima para o Brasil.


Colunistas

ADÃO OLIVEIRA

Da generalização
Ontem, aqui nesta coluna eu escrevi sobre baixo nível da campanha eleitoral deste ano. Entre outras coisas eu defendia uma legislação que evitasse que os candidatos ficassem se acusando no rádio e na televisão. Isso, na minha opinião, é um desrespeito ao eleitor!

Na defesa desse argumento eu preservei o indefeso eleitor, a quem chamei de cobaia do Tribunal Superior Eleitoral. O eleitor gostaria de saber o que os postulantes ao governo pretendem fazer. O que ouvem são agressões a todo o momento, não só nos programas gratuitos mas também nas inserções dos intervalos comerciais.

Tanto em nível nacional, quanto aqui no Estado, a agressão alcança índices jamais vistos em outras campanhas políticas. E, peço que os candidatos falem de soluções para o estado e para o país, que estão precisando de muitas. Defendo a existência de uma lei que proiba isso como pena de inegibilidade.

Fábio Bernardi, o marqueteiro do PPB, discorda do que leu. Mandou-me um e-mail com o seu ponto de vista que me permito levar ao conhecimento de meus leitores com a intenção de ampliar o debate.

O texto:

Caro Adão.

Como teu leitor assíduo, um dia eu teria que discordar de ti. E foi hoje, terça, 10 de setembro.

Acontece que não concordo com a generalização que fizeste em tua coluna.

Inclusive, tenho a convicção que é esta generalização que estimula que os partidos e candidatos deixem as propostas de lado e partam para as acusações e baixarias. Porque com estas, a imprensa repercute de maneira individual; com aquelas, é de forma coletiva e generalizada.

Um colunista de outro jornal chegou a dizer que "nenhum candidato ainda tocou no assunto da diminuição ou aumento de gastos públicos. Deveria". O colunista só pode ter falado de má vontade com os políticos e marqueteiros, sem ver os programas. Se não fosse assim, ele saberia que o Bernardi fez um programa inteiro sobre este assunto, inclusive apontando onde haveria redução de gastos, como e de quanto seria a economia.

Em resumo: os candidatos que se dedicam a fazer propostas são prejudicados porque deles não se salienta o conteúdo, e ainda por cima a generalização não separa o joio do trigo.

Aproveitando a "deixa", falta também ao jornalismo político cobrar a diferença entre proposta e intenção.

Tem muito candidato que diz ter propostas quando, na verdade, tem intenção. Exemplo: equipar a polícia e a Brigada não é proposta, é intenção de governo. Para ser proposta é preciso dizer como vai equipar e de onde sairão os recursos.

Acho que os eleitores ganhariam com uma cobertura menos generalista por parte de toda a imprensa, em
especial dos jornais, que possuem menos restrições legais.

Abraços do leitor de sempre,
Fábio Bernardi

Debate

É opinião generalizada entre os jornalistas: se houver mais dois ou três debates entre os candidatos ao Senado, pode haver a maior reversão de expectativa na história política do Rio Grande.


CARLOS BASTOS

Segundo turno vai complicar partidos
Os partidos gaúchos se verão numa situação complicada com o segundo turno nas eleições presidenciais.

Neste caso estão setores do PMDB gaúcho que pregam um apoio do PT, caso Germano Rigotto não chegue no segundo turno. Como apoiariam a candidatura de Tarso Genro, aqui no Estado, e defenderiam a candidatura do tucano José Serra na disputa nacional com o petista Lula. Outra situação incômoda será do PPS de Antônio Britto, pois tudo indica que na sucessão presidencial, na hipótese de haver um segundo turno entre Lula e Serra, o partido deverá se inclinar pelo candidato do PT. Um caso complicado também seria o do PDT, pois não há hipótese de Leonel Brizola apoiar Serra num segundo turno. Ele optaria por Lula, ou abriria a questão para o partido. O PTB e o PFL, por sua vez, deverão se manifestar por Serra no âmbito nacional.

Garotinho , do PSB, deve ficar com Lula, e se isto não ocorrer, Beto Albuquerque levará seu par tido no Rio Grande do Sul a apoiar o petista.

Nos jornais de centro do país começam circular informações de que Ciro Gomes abre imediatamente seu apoio a Lula, assim que tiver conhecimento oficial do resultado das eleições. O candidato teria afirmado isto em conversas reservadas com amigos. Como Garotinho já admitiu publicamente votar em Lula, verifica-se que o petista entrará muito fortalecido no segundo turno.

Aliás é de se registrar que apesar da queda livre dos índices de Ciro Gomes nas pesquisas, chegando aos 15% depois de ter alcançado 27%, José Serra não consegue ultrapassar os 20%, segundo a pesquisa do Ibope. Sua rejeição ainda é muito alta, por seus vínculos com o governo Fernando Henrique. Lula está com quase o dobro das intenções de voto de José Serra. Esta diferença será muito difícil de superar num segundo turno.

É verdade que o candidato tucano vai usar em seus programas de rádio e televisão, provavelmente já neste primeiro turno, aspectos negativos das administrações do PT no Rio Grande do Sul e em outros Estados com governadores do partido, e nas Prefeituras de São Paulo e de Santo André. Sabe-se que os marqueteiros de Serra já dispõem de farto material para ser utilizado.

A artilharia tucana que atingiu diretamente Ciro Gomes - que os ajudou muito com suas mancadas - vai evitar a pessoa de Lula como alvo, apesar de Serra ter questionado em seu programa de ontem à tarde se ele estaria preparado para governar o Brasil. Os marqueteiros de Serra vão procurar "desmontar o estilo petista de administrar". Se conseguir desfazer a diferença abismal que separa Lula de Serra nas pesquisas, Nizan Guanaes vai se consagrar como o maior "mago" em campanhas políticas em atividade no Brasil.

Última
Lula tem deixado evidente para seus assessores mais próximos que o governador Olívio Dutra ocupará um ministério caso chegue ao governo. O candidato petista é muito ligado ao governador gaúcho, desde os tempos da Constituinte, na segunda metade da década de 80, quando dividiram um apartamento em Brasília.

Podem anotar: caso Lula seja o sucessor do presidente Fernando Henrique, Olívio Dutra tem lugar cativo em seu ministério.


FERNANDO ALBRECHT

Debates culturais
Os acontecimentos de 11 de setembro de 2001 seguem desdobrando-se e motivando seminários e debates.

Dois encontros internacionais movimentarão a Capital dias 16 e 17. No Gasômetro, a Reunião Pública Mundial da Cultura, idéia da Secretaria Municipal da Cultura em parceria com a Unesco e Rede Mercocidades. É reunião preparatória da Agenda da Cultura, evento que se realiza em janeiro de 2003. Nos mesmos dias acontece o seminário internacional Cultura, Poder e Tolerância em um Mundo Complexo, promoção do Instituto Teotônio Vilela e da PUC. Seja qual for o ângulo abordado, os atentados mancharam a história da humanidade.

Prêmio Melhores Mulheres

Atrás de uma grande mulher sempre existe uma grande história de sucesso. O Melhores Mulheres é uma iniciativa da Lojas Renner e do Jornal do Comércio

. Uma escolha feita através de eleição entre jurados determinará as nove mulheres de maior destaque, em nove categorias diferentes, com festa dia 10 de outubro no Leopoldina Juvenil. O troféu é da artista plástica gaúcha Glória Corbetta. Durante a entrega, o JC circulará com o Caderno Especial Mulher.

Falso padre

A Santa Casa de Porto Alegre adverte que um falso padre, o "Padre José", está angariando donativos em nome da instituição. O vigarista pede em torno de R$ 200,00/300,00 para compra de remédios para paciente do Hospital Santa Rita e fornece um recibo da Associação Filantrópica de Assistência Social aos Indigentes do Rio Grande do Sul (Afasi), fria como o Padre José.

Lei da Mordaça

A Assembléia de Rondônia inseriu a Lei da Mordaça para o Ministério Público na Constituição estadual. O Conselho Nacional dos Procuradores-gerais de Justiça, presidido pelo gaúcho Cláudio Barros Silva, articula a derrubada dos parágrafos inconstitucionais "por ser uma afronta ao trabalho dos promotores e uma forma de calar o Ministério Público, que tem o dever de denunciar falcatruas do poder público e dos homens públicos".

Língua de ouro I

A nota de ontem sobre uma compra de língua bovina para os apenados de Uruguaiana motivou reparos de inúmeros leitores, por dizer que o preço do quilo era de R$ 3,80, num total de R$ 5.843,00 para 341 kg, segundo o Diário Oficial de 30 de agosto. Ora, dizem os leitores, se são 341 Kg a comida dos apenados custaria estratosféricos R$ 17,13 o kg. Outro leitor faz o mesmo cálculo, aduzindo que a R$ 3,80 o quilo, 341 kg somariam R$ 1.295,80 e não os R$ 5.843,00.

Língua de ouro II
Lendo-se o texto do Diário Oficial a confusão permanece. É certo que este peso e este valor dão realmente R$ 17,13 o quilo. Mas no parágrafo inicial o texto refere-se a uma supressão do "excedente de 275 quilos, ou seja, 15,18% do respectivo termo, no valor de R$ 1.045,00". Depois, o Diário Oficial é claro quando arremata: "Cláusula primeira, anexo B, 1.b.05 língua bovina; quantidade 341 kg; preço unitário 3,80 kg". E durma-se com um barulho desses.

Feliz aniversário
Uma indústria do bairro Sarandi, a Reitz, comemora hoje seu aniversário com um apelo publicitário que tem tudo a ver com a data: "Aquilo que alguns destróem no dia 11 de setembro a Reitz e suas ferramentas ajudam a reconstruir". A Reitz dedica-se à fabricação de ferramentas pneumáticas.

Ora direis, ouvir buracos...
A questão dos buracos da cidade é outro assunto que é um vespeiro. Fala num, vem queixa de tudo quanto é lado. Leitor da Zona Sul escreve para reclamar do que ele chama de buraco do tipo ATSCD (Atravessado
Sem Chance de Desvio), que há mais de dez dias foi aberto de fora a fora na Rua Dea Coufal, que liga Ipanema à Cavalhada. Nesse caso, não existe qualquer chance de desvio. A falta de sinalização obriga a freadas abruptas acompanhadas de muita raiva e buzinadas.

Mulheres petistas
As mulheres do PT estão a mil e com entusiasmo maior que os homens petistas. Hoje às 19h elas fazem no comitê da Sarmento uma festa chamada "Rodando a baiana", apoio à candidatura Raul Pont. Sexta, as petistas promovem almoço no restaurante Pacífico, no Mercado, desta vez para Emília Fernandes. E pro Paim, nada?

Makro em Caxias
Com 39 lojas no Brasil, o Makro Atacadista abre suas portas oficialmente em Caxias do Sul no mês de outubro, a segunda filial da empresa no Estado. Está instalada no Km 2 da RST 453, bairro Desvio Rizzo, e funcionará como loja-âncora do Shopping de Fábricas Martcenter, área anteriormente ocupada pelo Exxtra Macroatacado.


Editorial

GUERRA NO IRAQUE AFETA PETRÓLEO E PREJUDICA O BRASIL

A cada aumento de US$ 1,00 no barril de petróleo, durante 12 meses, diminui o saldo da balança comercial brasileira em US$ 200 milhões. Daí a ansiedade da equipe econômica com a vontade da ala mais conservadora do governo Bush em tirar Saddam Hussein do poder pela força. Ora, temos muitos problemas para equacionar até dezembro e, razoavelmente, estamos superando a fase mais aguda com a restrição das linhas de crédito comercial. O périplo de Pedro Malan e Armínio Fraga aos EUA surtiu algum efeito ou, pelo menos, estancou o corte, agora, na Europa, tentam o mesmo. A Petrobras produz 80% do 1,8 milhão de barris que consumimos diariamente, os estoques garantem um mês sem problemas. Mas o preço é a incógnita da equação, pesa na balança comercial por um lado e, por outro, eleva o lucro da Petrobras, ou seja, do superávit primário, reestimado para 3,88% do PIB. A conta petróleo, de janeiro a julho, está deficitária em US$ 2,23 bilhões e a gasolina continua sendo vendida abaixo do custo, "não por causa das eleições", jura Francisco Gros. Se os Estados Unidos atacarem, e não precisam de apoio militar de ninguém, temos de torcer para uma rápida solução do conflito, com um governo pró-Washington. Só assim o preço do barril, que está, na média, em torno aos US$ 27,00, não ficará neste patamar tanto tempo. Além disso, o risco-Brasil é alto, 1.700 pontos-base, com isso pagamos até 17% a mais do que os títulos do Tesouro dos EUA.

Os quatro candidatos melhor colocados nas pesquisas têm se comportado bem, promoveram encontro histórico com o presidente Fernando Henrique Cardoso e prometeram ao País e ao mundo honrar os compromissos com o FMI. Se houver guerra, seja qual for o eleito ele dependerá do Fundo para controlar as contas externas. Ainda assim a situação não é tão ruim, salvo a taxa Selic em insuportáveis 18% e a diminuição dos investimentos estrangeiros, a aversão ao risco e ao Brasil aumentará com o conflito. O déficit em conta corrente com o exterior foi rebaixado para US$ 16 bilhões, a balança comercial subiu para US$ 8 bilhões e os investimentos estrangeiros diretos devem bater em US$ 17 bilhões. Somando, subtraindo, multiplicando e dividindo, 2002 não será catastrófico, ainda que o PIB cresça parcos 1,5%, um terço do índice desejável para que o País gerasse os tão ansiosamente aguardados empregos. Como a Opep promete manter o barril na faixa entre US$ 22,00 a US$ 28,00, garantindo também que produzirá o suficiente para que o mundo não pare, puxado por uma brutal recessão nos EUA, talvez as portas do inferno não sejam escancaradas, por conta de um ataque norte-americano ao Iraque. Mas o Brasil não vive só de apreensões e más notícias. Nesta terça começou em Manaus a I Feira Internacional da Amazônia, promoção do governo federal e da Suframa, a fim de atrair novos investimentos àquele pólo industrial, com 200 empresas selecionadas a comparecer. Este ano, a Zona Franca de Manaus está deficitária em US$ 1,5 bilhão, ainda que metade dos US$ 3 bilhões de 1999. A Zona Franca, criada em 1969, gera 55 mil empregos e evita o desmatamento, onde o Amazonas aparece com apenas 2% de índice, bem abaixo dos demais Estados. Existe um centro de Biotecnologia, com 26 laboratórios e uma incubadora, inclusive o Genius, instituto criado pela Gradiente. A fábrica da Honda da Zona Franca tem 28 mil m2, com 4,7 mil empregados, produzindo 750 mil motocicletas, 98% de nacionalização, a maioria exportada. Por estes altos e baixos, o próximo presidente terá de começar a governar de fato após as eleições, precisa formar maioria na base legislativa e reverter a onda de azar, pois tivemos US$ 33 bilhões aplicados aqui há três anos, em 2002 a China recebeu US$ 30 bilhões, só no primeiro semestre.


Topo da página



09/11/2002


Artigos Relacionados


Ibope confirma Lula perto de vencer no 1.º turno

Fraga acredita que o PIB ainda pode crescer 2% este ano

Paim acredita que fator previdenciário pode acabar ainda este ano

Brasil ainda precisa vencer obstáculos para proteger a indústria, diz Geovani Borges

SUPLICY ACREDITA QUE MARTA SERÁ ELEITA NO PRIMEIRO TURNO

Mesquita Júnior acredita que eleições no Acre vão ao segundo turno