Freire: “Lula é o preferido da direita”
Freire: “Lula é o preferido da direita”
Busca apoio para candidatura de Ciro à Presidência e afirma que pesquisas não importam agora
O presidente nacional do PPS, senador Roberto Freire, afirmou ontem, em Porto Alegre, que a candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República é a única com capacidade de modificar o quadro político pela estrutura que está formando. Freire ressaltou que, neste momento, bem mais importante que os índices nas pesquisas de intenção de voto é a articulação de base forte com outros partidos que possa dar suporte para a candidatura em todo o país. Ele destacou que a aliança com o PTB está reafirmada e o entendimento com o PDT também avança em direção ao acordo. 'Enquanto estamos buscando o diálogo com o trabalhista Leonel Brizola, que nos interessa pela sua história política, o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, visa conversar com o PMDB de Orestes Quércia', enfatizou. Freire afirmou que o líder petista é o candidato que deveria estar mais preocupado com as pesquisas porque vem tendo queda nos percentuais e perde nas simulações de 2O turno. 'Até o empresário Silvio Santos, que não está concorrendo, ganharia de Lula. Ele é o candidato preferido da direita porque ela sabe que pode derrotá-lo', ressaltou Freire.
Com relação à candidatura do governador do Rio, Anthony Garotinho, do PSB, Freire afirmou que é impossível vencer a eleição apenas com um partido pequeno. 'Ele pensa no exemplo de Fernando Collor, que sequer tinha partido, mas a diferença é que as elites brasileiras estavam por trás daquele projeto. Eu gostaria de saber se Garotinho quer representar esse segmento', ressaltou.
As articulações no Estado deverão acompanhar as alianças em nível nacional. Freire destacou que o partido já manifestou apoio ao presidente regional do PTB, deputado Sérgio Zambiasi. 'Vamos trabalhar junto à candidatura de Zambiasi para o governo do Estado ou o Senado, depende da sua escolha', informou. Freire disse ainda que outra alternativa é a composição com o PDT para a chapa majoritária ao Palácio Piratini.
Brizola elogia preparo de Ciro para Planalto
O presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, afirmou ontem que o partido deverá fechar aliança com o PPS e o PTB visando dar maior força e espaço no horário eleitoral a Ciro Gomes, candidato à Presidência da República. Segundo Brizola, Ciro é de todos o mais bem preparado para governar. Brizola comentou que no momento examina como a composição com o presidenciável do PPS poderá ser projetada nos estados. 'Nós estamos procurando construir essa aliança trabalhista', disse.
Brizola também criticou o governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, do PSB, seu adversário político. 'É uma vergonha para um país como o nosso admitir a candidatura desse demagogo que conhecemos', afirmou. Como Garotinho foi eleito governador do Rio com o fundamental apoio de Brizola, o presidente do PDT fez um mea culpa: 'Nós lamentamos termos contribuído para a ascensão desse personagem'.
A política 'fechada e egoísta' do PT foi alvo de Brizola. Ele disse que essa atitude vai afetar principalmente a causa geral. Comentou que aqueles que pensam como o PT estão praticando 'esquerdismo inorgânico', pois desconsideram as causas maiores da humanidade. 'O PT está enganado em sua atuação, vai perder muito dessa forma', afirmou o presidente do PDT.
Brizola informou que está empenhado em organizar o movimento trabalhista como resistência nacionalista. A esquerda que está aí, acusou, é frouxa. Brizola disse que a proposta tem por base a recuperação do país pelo trabalho e pela produção, unindo o povo com as classes dirigentes. 'Não queremos ocupar posições extremas, mas fazer defesa intransigente dos interesses nacionais, tratando de recuperar os erros que foram cometidos pelo atual governo', mencionou.
Sobre o Fórum Social Mundial, Brizola disse que será preciso acompanhar mais de perto esse movimento, embora considere que o PT não conduza bem o evento. Ele criticou a tentativa do partido de tirar vantagens eleitorais. Lamentou que muitas causas solidárias deixam de receber apoio de outros segmentos da sociedade porque o PT chamou para si 'de forma egoísta' toda a responsabilidade do fórum. Confirmou que o PDT foi convidado a participar e os trabalhistas estão liberados para acompanhar.
Lula está revoltado com violência
O presidente de honra do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, disse ontem, em Porto Alegre, que os assassinatos dos prefeitos de Campinas, Antônio da Costa Santos, Toninho do PT, e de Santo André, Celso Daniel, causam-lhe revolta. 'A minha garganta vai desentalar apenas quando anunciarem os responsáveis por esses crimes', destacou. O líder petista criticou a atitude do governo federal, que na quarta-feira encaminhou mensagem ao Congresso Nacional com as suas prioridades e deixou de fora projetos na área da Segurança Pública. 'Não estamos preocupados apenas com a morte do prefeito Daniel. Chacinas como essa ocorrem diariamente com cidadãos comuns na periferia de nossas cidades', criticou Lula. Ele afirmou que ameaças e cartas a integrantes do PT continuam, mas o partido não se amedrontará. 'Não vamos baixar a cabeça por conta disso, pois é possível que tenha ligação com as eleições deste ano', acredita.
Lula e o senador Eduardo Suplicy se encontraram pela manhã no Fórum Social Mundial. O líder do PT compareceu ontem à sessão de autógrafos do livro que Suplicy lançou sobre renda mínima, chamado 'Renda de Cidadania, a Saída pela Porta'. Ele resolveu deixar as divergências com o senador de lado, exaltando o seu trabalho. 'Podemos considerar Suplicy um patrimônio da política e da humanidade em nosso país', exaltou.
Simon acusa Calheiros de traição
O senador Pedro Simon, do PMDB, criticou ontem no Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, a atitude do senador Renan Calheiros, do seu partido, por estar articulando aliança com o PSDB e o PFL em vez de defender internamente a candidatura própria à Presidência da República. Simon avaliou como 'traição à base partidária' os encontros que vêm sendo mantidos entre Calheiros e a governadora do Maranhão, Roseana Sarney. O senador elogiou os debates do fórum, salientando que certamente contribuirão para o fim das injustiças e da miséria enfrentados por muitos países. 'Claro que o Fórum Social Mundial não mudará a legislação do nosso país de um dia para o outro, mas a grandiosidade do evento proporcionará a conscientização', avaliou.
O senador conversou com um grupo de índios guató, a segunda maior reserva indígena do Mato Grosso do Sul. Eles pediram que Simon colabore com a devolução de terras e o combate à xenofobia e ao genocídio. O grupo reclamou ao senador que a cultura indígena está sendo morta paulatinamente, salientando que por 500 anos sofrem constante massacre e discriminação dentro do país que ajudaram a construir. O senador é assíduo participante do fórum. No ano passado, integrou os debates e neste ano retornou, a convite do governador do Estado, Olívio Dutra.
Dirceu acha que tucano não pode atacar esquerda
O presidente nacional do PT, deputado federal José Dirceu, contestou ontem as declarações do ministro da Saúde, José Serra, de que a oposição não tem projetos para o país. 'Ele deveria pensar muito bem ao fazer essa afirmação porque, se não fosse a luta da esquerda, Serra não teria voltado ao Brasil', lembrou. Dirceu salientou ainda que várias propostas defendidas pelos partidos de esquerda foram apropriadas pelo governo federal.
FHC assiste antes e gosta dos programas do PFL
O presidente Fernando Henrique Cardoso foi espectador privilegiado dos programas eleitorais do PFL que apresentaram imagens da governadora do Maranhão, Rosean a Sarney, candidata à Presidência. FHC demonstrou admiração pelo publicitário Nizan Guanaes. À exceção do último programa, exibido quinta-feira, as fitas foram vistas previamente por FHC e pelo presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen.
Jantar visa à arrecadação para a compra de sede
O PT estadual irá aproveitar a presença de lideranças nacionais do partido no Fórum Social Mundial para realizar jantar hoje de arrecadação de fundos para a compra da nova sede. O uso de prédio cedido pelo Clube de Seguros da Cidadania causou constrangimento ao partido na CPI da Segurança Pública. Visando promover a festa, o PT fez acordo com os 25 restaurantes do Mercado Público. Os convites terão preços de R$ 10,00 a R$1.000,00.
Maluf rejeita apoio ao ministro
O presidente nacional do PPB, Paulo Maluf, negou ontem que o partido vá abrir mão da candidatura à Presidência e fazer acordo com o ministro da Saúde e candidato do PSDB, José Serra. 'O PPB tem figuras muito expressivas na política, como Delfim Neto, Esperidião Amin e Angela Amin. Não precisa apoiar nenhum outro partido', destacou.
Maluf não gostou da atitude do 20-vice-presidente, deputado Pedro Corrêa, que propôs à executiva do PPB a desistência da candidatura própria para apoiar a composição em torno de Serra. 'Nem eu posso falar pelo partido, mas a convenção', enfatizou. Maluf, que é pré-candidato ao governo de São Paulo, ressaltou: 'Se Serra já foi rejeitado duas vezes no estado, não tem condições de se eleger pelo país'.
Mardini denuncia o governo à ONU
O presidente do diretório metropolitano do PPB, Hugo Mardini, entrega hoje à comissária para Direitos Humanos da ONU, Mary Robinson, denúncia contra 'o processo de ideologização nas escolas públicas do Rio Grande do Sul', ao mesmo tempo em que pede intervenção do órgão para coibir a prática. 'O Rio Grande do Sul vem sendo submetido a processo antidemocrático de verdadeira lavagem cerebral que caracterizou o nazismo de Adolf Hitler e o comunismo que teve ápice na era de Stalin', diz o documento assinado por Mardini. Segundo ele, o governo Olívio Dutra transgride os direitos humanos, assegurados pela Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU, ao distribuir em mais de três mil escolas cartilha instituindo processo ideológico.
PSB reage a críticas a Garotinho
O vice-presidente nacional do PSB, Roberto Amaral, condenou ontem, em Porto Alegre, as declarações do senador Saturnino Braga, contrárias à candidatura de Anthony Garotinho à Presidência da República. Amaral deu ultimato ao senador, dizendo que, se até o final do recesso no Congresso Nacional, não passar a defender a candidatura, deverá deixar o PSB e se filiar ao PT. 'Ele não pode ficar no partido defendendo Luiz Inácio Lula da Silva, enquanto os filiados já definiram pela candidatura própria', argumentou. Para Amaral, Saturnino está contrariando os interesses do PSB e sendo indisciplinado. O vice-presidente observou que ficou provado em eleições anteriores que a oposição não tem condições de vencer no 1O turno, sendo estratégica a manutenção de candidaturas próprias dos partidos de esquerda.
Sader se assusta com propostas de Roseana
O sociólogo Emir Sader criticou ontem a governadora do Maranhão, Roseana Sarney, candidata do PFL à Presidência da República, durante o painel Alca e Soberania Nacional, no Fórum Social Mundial. Segundo Sader, o programa de governo de Roseana é 'assustador e anticomunista'. Disse que o crescimento de Roseana nas pesquisas reflete o grau de preconceito que muitos brasileiros têm à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva, do PT.
Serra agenda encontros com PPB sobre aliança
O ministro da Saúde, José Serra, tem telefonado a deputados do PPB buscando apoio à sua candidatura para presidente da República pelo PSDB. Serra agendou encontros para a semana que vem, em Brasília. O PPB também pode se aliar com o PFL da governadora do Maranhão, Roseana Sarney. Até se decidir sobre a coligação, mantém a candidatura do ministro da Agricultura, Pratini de Moraes, ao Planalto.
Suplicy diz que debate interno ajudaria partido
O senador Eduardo Suplicy disse ontem, no lançamento do seu livro 'Renda de Cidadania, a Saída pela Porta', aceitar a objeção do presidente de honra do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, em participar de debates com ele. 'Respeito a decisão, mas que seria produtivo para a opinião pública compreender melhor as proposições do PT', avaliou. No livro, o senador expõe divergências ao Projeto Fome Zero, do Instituto Cidadania, coordenado por Lula.
Artigos
Um mundo melhor é possível
Carlos Adílio Maia do Nascimento
Nossa Porto Alegre está exultante com a presença de tantas pessoas importantes que vieram participar de um grande debate sobre a reformulação da sociedade mundial e seu modelo de desenvolvimento. Nele, autoridades, cientistas e lideranças dos quatro cantos do mundo manifestam-se em uníssono por uma nova ordem de valores éticos e morais, que tragam aos homens, fundamentalmente, mais justiça e os bens dela resultantes: paz, ordem e segurança. É evidente que esta reformulação somente poderá acontecer se for acompanhada de um exercício sociológico novo e efetivo no nível dos órgãos internacionais que têm sido os responsáveis pelo destino dos povos.
O desenvolvimento de um país faz-se pelo aumento da geração de riqueza e sua justa distribuição através de bens e serviços. A riqueza advém do valor obtido pela venda dos produtos desse país no mercado. A distribuição adequada dessa riqueza acontece quando disciplinada por legislações com responsabilidade social. Certamente não assistiremos ao desenvolvimento do Terceiro Mundo enquanto permanecer a já histórica perda de valor dos produtos primários agrícolas e minerais que constituem a quase totalidade de suas exportações. É preciso que na OMC seja entendido que os povos pobres, para poderem mostrar suas virtudes, necessitam de justa remuneração por suas produções. Assim, o FMI e seus órgãos de apoio verão maior liquidez no desempenho de seus modelos econômicos. Para que isso ocorra, carece que o Brasil, junto com outros tantos países ditos em desenvolvimento, tenha capacidade e poder de convicção junto a esses órgãos internacionais, o que só é conseguido mediante participação efetiva competente e organizada, em bloco, na defesa de interesses comuns.
Que a magnífica oportunidade de esclarecimento que está sendo proporcionada pelo Fórum de Porto Alegre nos valha como emulação para essa tarefa que inexoravelmente teremos que cumprir e que consiste no grande trabalho organizacional interno do Brasil e em uma adequada política externa de aproximação com países semelhantes, no sentido de organizar blocos com capacidade de sinergização e poder de negociação com escala adequada. O desenvolvimento se obtém com organização, trabalho, crescimento e justiça.
Colunistas
PANORAMA POLÍTICO - A. Burd
PRONUNCIAMENTO MARCANTE
O discurso do desembargador José Eugênio Tedesco inscreve-se na linha dos grandes pronunciamentos que caracterizam posses de presidentes do Tribunal de Justiça do Estado. Em um trecho, indagou: 'Que tipo de Judiciário queremos? Um Judiciário burocratizado, limitado a produzir decisões formais? Um Judiciário mitigado pela falta de juízes, servidores e de condições de trabalho? Não, o cidadão quer um Judiciário profissional e capaz de distribuir Justiça. Ágil, simples e informal, mas eficiente. (...) O poder Judiciário é um fundamento do Estado democrático de direito; que as corporações não podem perder de vista a finalidade de sua existência e que a sociedade é o princípio e o fim de nossa atua ção'. Terminou demoradamente aplaudido.
SÓ O QUE QUER
José Serra busca fugir de perguntas sobre sucessão. Assessores chegam a avisar antecipadamente repórteres. Procedimento de quem tem pouca prática. Hoje, submete-se a nova prova na praia de Imbé.
À MARGEM
Peemedebistas que defendem candidatura própria ao Planalto lançam desafio: querem saber qual foi a última vez que a cúpula do governo federal consultou o partido para uma decisão de importância.
CORDA BAMBA - 1) Caixas eletrônicos de Paso de los Libres, na fronteira com o Brasil, tiveram freqüência alta ontem à noite. Foi o temor de que se confirme feriado bancário a partir de segunda-feira, diante da decisão da Justiça argentina de acabar com o bloqueio dos depósitos em dólares; 2) bancos estrangeiros estão dispostos a devolver dólares. Adversário é o próprio governo, que sabe da fragilidade da rede de bancos argentinos.
QUEDA-DE-BRAÇO
Sônia Vaz Pinto, pelo PTB, e Sérgio Fraga, pelo PFL, disputam o cargo de diretor administrativo da Câmara Municipal de Porto Alegre.
NOVA SECRETARIA
O vereador Nereu D'Ávila vai desarquivar, no dia 15, seu projeto que cria a Secretaria Municipal de Segurança Pública. Apresentado em março de 2001, foi aprovado pela maioria das comissões técnicas e está pronto para votação em plenário.
SEM SOLUÇÃO
A Ouvidoria da Assembléia Legislativa, em funcionamento desde novembro do ano passado, fará a última tentativa para que o Executivo responda aos pedidos de informações feitos pela população. Todos os encaminhamentos até agora foram devolvidos à Ouvidoria sem solução. Se o procedimento se repetir, não receberá mais esse tipo de demanda.
OUTRO ROMPIMENTO
O prefeito de Lagoa Bonita do Sul, Arthur Possebon, do PDT, quebrou os pratos com o vice José Santana Filho, do PT. O município se emancipou de Sobradinho em 1996.
BOA COMPANHIA
O senador Eduardo Suplicy comparece ao Fórum Social Mundial em boa companhia: a mãe, dona Filomena Matarazzo Suplicy, e a namorada, escritora Ana Miranda. Lula chegou a brincar: 'Onde se viu submeter a mãe de 90 anos ao sacrifício do Fórum?'. Suplicy corrigiu: 'Ela não tem 90 anos, Lula. Tem 93'.
IMPERIAL
Luiz Inácio Lula da Silva, a prefeita Marta Suplicy, o assessor Luiz Favre, a vice Benedita da Silva e o ministro da Cooperação da França, Michel Josselin, reuniram-se no Plaza São Rafael. Só não observaram o nome ao entrar: sala Imperial.
APARTES
PT adiou a prévia nacional por 15 dias, dando chance a que o senador Suplicy desista de ser derrotado.
Assembléia Legislativa terá mais 16 dias de calmaria. Mas, depois...
Definitivo: a partir de agora, suave, moderado e light devem ser qualidades da vida. Marcas de cigarros não.
PSB convidou o ministro Costa Leite para se filiar, após deixar a magistratura, no começo de abril.
Ermínio Gomes Jr. será o diretor de Assuntos Complementares da Câmara, indicado pelo vereador Záchia.
Cerimonial esteve impecável na posse da nova administração do Tribunal de Justiça do Estado ontem.
Na edição dominical do Correio do Povo, risco de pequenos e médios partidos com mau desempenho eleitoral.
Deu no jornal: 'Argentina decide antecipar a flutuação do câmbio'. Já que todos estão no ar mesmo...
De tanto se acusarem por guinadas à esquerda e à direita, candidatos terão de fazer exame para motorista.
Editorial
MENOS RETÓRICA, MAIS AÇÃO
Esta violência avassaladora, principalmente no centro do país, começou a se propagar com a rapidez de uma epidemia há pelo menos três décadas, até se tornar endêmica. Inicialmente parecia distante, estava circunscrita às áreas mais periféricas das cidades. Não atingia a classe média. No entanto, avançou e os primeiros sinais foram as grades. Característica das celas das penitenciárias, as grades começaram a proteger estabelecimentos comerciais e, principalmente, residências de classe média e dos bairros mais nobres. Os cidadãos, a exemplo dos apenados, passaram a viver atrás das grades. E os criminosos na rua, livres. A partir das primeiras eleições para governo dos estados pós-ditadura, em 1982, o combate à violência é pauta das campanhas eleitorais. A violência parecia distante dos futuros parlamentares que a utilizavam politicamente.
Mas os políticos foram atingidos com brutalidade. Em setembro do ano passado foi assassinado o prefeito de Campinas, Antônio da Costa Santos, o Toninho do PT. O crime foi obscurecido pelos acontecimentos de 11 de setembro, nos Estados Unidos, e até hoje não teve solução. A repercussão maior, devido à importância política, ocorreu quatro meses depois, com o seqüestro e a execução do prefeito de Santo André, Celso Daniel, coordenador da campanha para a Presidência da República de Luiz Inácio Lula da Silva. Comoção no país. O Plano de Segurança Pública, lançado em 2000, veio à tona, juntamente com centenas de outras propostas para resolver os problemas de segurança.
No entanto, a falta de consenso e a complicada pauta de votações do Congresso Nacional impediram, apesar da repercussão principalmente da morte de Celso Daniel, uma solução imediata para a violência no país. Depois de várias reuniões que envolveram o presidente Fernando Henrique Cardoso, dois ministros e os presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados, não se conseguiu ir além de uma proposta para adiar o assunto para abril. De concreto (?) foi aprovada a criação de uma comissão de senadores que irá selecionar os projetos mais importantes a serem votados. Essa comissão começa seus trabalhos em 15 de fevereiro e terá o prazo de 60 dias para apresentar um relatório. Significa marcar uma ação 'imediata' para daqui a dois meses! A violência requer decisões urgentes. O que o país precisa é de menos retórica e mais ação. Há 30 anos convivemos com o medo. É preciso dar um basta.
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02/02/2002
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