Fusão das cervejas causa polêmica na CAE



A polêmica fusão das marcas de cerveja Antartica e Brahma formando a Ambev, também detentora da Skol, foi discutida nesta terça-feira (27) na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). O diretor de relações corporativas da Companhia de Bebidas das Américas (Ambev), Milton Seligman, afirmou que a empresa atendeu todas as exigências do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e, além disso, aumentou o número de empregos. Já o presidente da Federação Nacional dos Distribuidores de Cervejas e Refrigerantes, Valdemir de Oliveira Machado Filho, afirmou que a relação da Ambev com os distribuidores é de canibalismo. O advogado da Federação, Ricardo Sayeg, afirmou que, pelo poder que detém, a Ambev pode manipular preços e excluir distribuidores.

Valdemir Machado Filho afirmou que a Ambev vem tomando decisões unilaterais que prejudicam os distribuidores e não institui política de negociação. "Ninguém discute que a Ambev cresceu depois da fusão, temos que discutir a que custo foi esse crescimento", disse Valdemir. Milton Seligman, da Ambev, informou que a empresa faturou R$ 16,2 bilhões em 2000, o que a deixa na posição de quinta maior cervejaria do mundo, detentora de 69,4% do mercado de cerveja brasileira. A empresa emprega 17.500 funcionários (eram antes, somados os da Antártica e Brahma, 16.126) e 10 mil terceirizados.

O secretário de direito econômico do Ministério da Justiça, Paulo de Tarso Ramos Ribeiro afirmou que os preços da cerveja estavam decrescentes entre 96 e 98 e que após a fusão houve reversão na tendência de queda. "Não subir tanto quanto outros bens não significa diminuir", afirmou. O coordenador-geral de fiscalização da Secretaria da Receita federal, Paulo Ricardo de Souza Cardoso, disse que não há variações substanciais na arrrecadação da Ambev depois da fusão.

No termo de compromisso assinado junto ao Cade, informou Seligman, a Ambev se comprometeu a vender a marca Bavária - que agora pertence a uma empresa canadense - e vender cinco fábricas em grandes centros. Além disso, a empresa foi obrigada a abrir a rede de distribuição regional para pequenos produtores regionais, como a Dado Beer, do Rio Grande do Sul. Seligman afirmou que a empresa presta informações semestrais ao Cade e que a fusão trouxe como principal benefício ao consumidor a queda de preços. De acordo com ele, os preços de cerveja diminuíra se os valores forem comparados com o aumento de preços dos alimentos.

O conselheiro do Cade, João Grandino Rodas, explicou que os atuais membros do conselho não podem mais modificar as exigências contidas no termo de compromisso e que o caminho para recorrer contra a fusão agora é a Justiça. Rodas disse que a empresa está cumprindo os termos e apresentou séries de preços auditadas pelo Instituto Nielsen indicando que houve queda. O representante do Ministério da Fazenda, Paulo Correa, afirmou que o reajuste dos preços da cerveja passou a ser mais próximo dos índices de inflação do que antes da fusão, ou seja, o preço passou a subir mais do que antes.

27/11/2001

Agência Senado


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