Garibaldi diz que busca elucidação do grampo telefônico



Indagado, nesta quarta-feira (3), se não resultará em burocracia a criação de muitas comissões para investigar a interceptação telefônica de que foram vítimas o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), o presidente do Senado, Garibaldi Alves, afirmou que tudo depende das apurações que já estão sendo realizadas.

O presidente fez essa afirmação no momento em que se dirigia, com os senadores Demóstenes Torres e Tião Viana (PT-AC), para um encontro com o presidente do STF, ocasião em que discutiriam uma idéia, esboçada por Demóstenes Torres, a respeito da criação de uma subcomissão para, dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), acompanhar as atividades desenvolvidas pelo órgão.

- Presidente, o senhor não teme que essa multiplicidade de comissões acabe não dando em nada?

- Bem, em primeiro lugar, é preciso acompanhar essas investigações que estão sendo realizadas. Se, por acaso, elas não tiverem o necessário avanço, é que pensaríamos em outras alternativas. Nós estamos indo lá. O que estou dizendo é que vamos afastar qualquer possibilidade de ter uma solução burocrática, que venha a comprometer as investigações, o desfecho que se busca na apuração deste e de outros casos - respondeu o presidente do Senado.

Garibaldi deu a entrevista depois de reunir-se com o diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, Demóstenes Torres, Tião Viana e os delegados incumbidos do inquérito que vai apurar a interceptação telefônica que a revista Veja atribui a agentes da Abin.

De acordo com o presidente do Senado, o dirigente da Polícia Federal disse esperar a colaboração do Senado nessa investigação, principalmente mediante a ação da Comissão de Controle das Atividades de Inteligência, presidida pelo senador Heráclito Fortes (DEM-PI), que se encontra em viagem pela América Central.

- Eu disse a ele que o trabalho da Polícia Federal terá toda a nossa contribuição. E a conversa girou em torno disso - afirmou Garibaldi.

- O senhor espera que ele ajude na investigação interna do Senado?

- Ele disse que, se houvesse necessidade, estaria pronto para colaborar. Mas o chefe da policia do Senado está dizendo que não há necessidade, que dentro de cinco dias esse trabalho estará efetivado e ele apresentará o relatório - afirmou.

Na mesma entrevista, Garibaldi foi informado de que a executiva do PSDB está defendendo a criação não de uma, mas de duas comissões parlamentares de inquérito - uma na Câmara, outra no Senado -, para investigar as denúncias de grampo. O partido quer também que Garibaldi Alves convoque o Congresso para discutir esse assunto. O presidente do Senado respondeu que não vê necessidade de duas CPIs para essa investigação e lembrou que já está em funcionamento na Câmara a CPI dos Grampos.

Sobre a convocação do Congresso, o presidente do Senado disse que, na próxima reunião de líderes partidários, submeterá isso a discussão, embora já saiba da dificuldade para a execução da idéia, em razão do calendário de atividades da Câmara, que é diferente do praticado pelos senadores.

- Presidente, e essa outra comissão, envolvendo agentes externos e polícia civil, que os senhores vão discutir com o ministro Gilmar Mendes, não pode virar uma daquelas comissões burocráticas?

- Bem, a essa altura eu teria que conversar com Gilmar Mendes para saber exatamente o que deseja Sua Excelência. Não conversei ainda com ele. Nós temos o maior interesse em oferecer soluções, as mais viáveis e urgentes possíveis. Não temos interesse numa solução burocrática, como você está temendo.



03/09/2008

Agência Senado


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