Garibaldi: imprensa superou o Congresso como representante do povo



Ao participar, nesta terça-feira (29), da 3ª Conferência Legislativa sobre Liberdade de Imprensa, realizada na Câmara dos Deputados, o presidente do Senado, Garibaldi Alves, afirmou que a imprensa brasileira é hoje uma caixa de ressonância da sociedade muito mais avançada que o Senado. Ele observou que, embora tenha o poder de fazer as leis, o Parlamento não tem a "capilaridade" nem a agilidade dos meios de comunicação.

- Um Parlamento garroteado, atropelado por outro poder, jamais será cúmplice de uma imprensa independente e vigorosa, que, até quando comete excessos, procura fazer o melhor pelo país - disse.

Para o presidente do Senado, o Legislativo abdicou de sua prerrogativa de legislar e o maior exemplo disso é o excesso de Medidas Provisórias editadas pelo Executivo e que, freqüentemente, impedem o Parlamento de deliberar sobre projetos de lei que estão na essência de suas prerrogativas. Em sua opinião, "o Parlamento deixou de ser aquele canal de expressão da sociedade".

- O jornalista que busca notícias no Parlamento e que interage com os parlamentares exprime alguma coisa que o Congresso deixou de exprimir justamente para dar lugar à imprensa. A imprensa é hoje uma caixa de ressonância muito mais vanguardeira que o Congresso.

De acordo com o presidente do Senado, ainda, numa reunião destinada a discutir a liberdade de imprensa, é inevitável que se observe a defasagem entre o trabalho dos jornalistas e o do Parlamento. Num exercício de autocrítica, Garibaldi disse que, nessa comparação, é inevitável verificar o déficit em prejuízo do Legislativo.

- Hoje, o que se diz é que a mídia pauta os parlamentares. Acentuou-se isso muito mais agora, quando o Parlamento fica a dever, na medida em que não se impõe nem se afirma perante a sociedade brasileira - declarou.

Lembrando a cumplicidade que uniu imprensa e Legislativo ao longo da História do Brasil e em suas campanhas mais memoráveis, como a da abolição da escravatura e a da restauração de eleições diretas, Garibaldi disse que, hoje, "essa cumplicidade está afetada porque a imprensa prossegue à frente enquanto o Parlamento segue, vacilante, atrás".

O senador também afirmou que, mais importante que proclamar a liberdade da imprensa, é oferecer a ela e à sociedade um exercício mais eficaz da atividade legislativa. Garibaldi Alves se disse certo de que não está pregando no deserto quando apela pela recuperação da cumplicidade entre Parlamento e imprensa.

Na mesma solenidade, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, defendeu a aprovação de uma nova lei de imprensa, alegando que a atual se tornou anacrônica. Lembrando que o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu, por meio de medida liminar, 22 dispositivos dessa lei, Chinaglia pediu a aprovação de um texto mais compatível com os princípios constitucionais.



29/04/2008

Agência Senado


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