Garotinho prepara comício da virada









Garotinho prepara comício da virada
Coordenadores da campanha do candidato Anthony Garotinho (PSB), anunciaram ontem, durante reunião do partido, no Rio, a participação de deputados e prefeitos do interior do estado na organização de caravanas em ônibus fretados para o comício marcado de sexta-feira, na Cinelândia.

Além das caravanas, haverá o uso de carros de som e panfletagem diária ao longo da semana na mobilização para o comício da virada, anunciado por dirigentes da legenda como "o primeiro ato de campanha com povo na rua" e "uma resposta para calar a boca dos adversários que trabalham para minar a candidatura de Garotinho".

Ele vem sofrendo pressão de dirigentes do PSB para renunciar. Sua campanha tem sofrido baixas, como as renúncias dos candidatos a governador Jacó Bittar, em São Paulo, , e Lídice da Mata, na Bahia, além da retirada de apoio do candidato do partido no Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg.
Coordenador da campanha da candidata a governador do Rio Rosinha Garotinho (PSB), mulher do candidato , Jayme Cardoso afirmou que sexta-feira será o dia da arrancada. "O sai-não-sai não está mais em cogitação. Cada candidato a deputado estadual e federal e a prefeito vai organizar as caravanas e disponibilizar ônibus para os militantes", disse.


Serra vai intensificar a sua campanha em Minas
Candidato tucano que recuperar queda sofrida nas pesquisas e conter o crescimento de Ciro no Estado

O candidato à Presidência da República pelo PSDB, José Serra, decidiu intensificar sua presença em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do País. Na quinta-feira, Serra estará inaugurando, na capital mineira, um comitê integrado, que envolverá também as candidaturas tucanas ao governo do estado e ao Senado.

A medida faz parte da estratégia da campanha tucana para recuperar a queda sofrida por Serra nas últimas pesquisas. Serra esteve ontem fazendo campanha em Campinas (SP), circulando pelo centro da cidade e chegando até a subir num ônibus coletivo para pedir voto aos eleitores da cidade.

O objetivo de investir em Minas, segundo o coordenador da campanha de Serra no estado, Silvio Mitre, é recuperar o "atraso" da campanha presidencial do PSDB, motivada, principalmente, pela forte ascensão de Ciro Gomes, da Frente Trabalhista (PPS, PTB e PDT), nas pesquisas eleitorais. "Estamos correndo atrás", admitiu Mitre.

O coordenador disse também que a presença mais constante de Serra em Minas – a coordenação de campanha pretende que ele visite pelo menos uma vez por semana o estado – seria uma forma de o tucano ocupar o espaço que vem sendo cobiçado por outras candidaturas presidenciais, devido ao apoio suprapartidário que o deputado Aécio Neves, candidato à sucessão estadual, conquistou. Aécio conta com o apoio do governador Itamar Franco, que vai apoiar também Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, para presidente da República, e não Serra.

Ontem, Aécio recebeu o apoio da Força Sindical e participou de uma plenária com sindicalistas na capital mineira, ao lado de Paulo Pereira da Silva, presidente licenciado da entidade e candidato a vice-presidente na chapa de Ciro Gomes.

O encontro foi realizado no comitê eleitoral de Aécio, onde foram espalhadas faixas que pediam votos para o candidato tucano ao Palácio da Liberdade e Ciro Gomes. "Nós não vamos, em hipótese nenhuma, atropelar a campanha do Aécio, mas o fundamental é o apoio do Aécio a José Serra. É uma questão que nós não abrimos mão", enfatizou Mitre.

Aécio reforçou que o seu candidato é José Serra, mas reconheceu que existem afinidades entre os partidos que apoiam a sua candidatura e compõem a Frente Trabalhista. "Às vezes as pessoas se surpreendem ao ver extrapolar os limites, por exemplo da coligação que conduz o meu partido no plano federal, mas é porque Minas é assim. Minas não se acovarda, Minas não tem o seu limite estabelecido por regras eleitorais", afirmou.


Juiz indicia petistas do caso da propina
O juiz da 1ª Vara Criminal de Santo André (SP), Iassin Hamed, aceitou ontem a denúncia feita pelo Ministério Público contra o ex-secretário municipal de Serviços Públicos de Santo André, Klinger Luiz Oliveira Souza, o empresário Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, e outros quatro acusados de envolvimento em suposto esquema de esquema de extorsão de empresários de ônibus e corrupção na Prefeitura de Santo André, administrada pelo PT.

Os seis são acusados de concussão e formação de quadrilha. Com o acolhimento da denúncia, feita em 17 de junho, os acusados passam a ser considerados réus – antes eram denunciados.
O juiz rejeitou a defesa preliminar dos acusados, que censuravam a inépcia da denúncia e pretendiam sua rejeição. O recebimento da denúncia implica na imediata instauração da ação penal.

Hamed ordenou uma série de diligências, entre elas o indiciamento formal dos denunciados e ofício ao Banco Central, solicitando informe sobre contas bancárias no território nacional e no exterior de cada um dos denunciados, no período entre 1997 a 2001.

Requisitou também às administradoras de cartões de crédito American Express, Credicard e Dinners, no mesmo período, em nome de cada um dos denunciados.

Além de Klinger, acusado de receber o dinheiro da propina cobrada de empresários, e de Sombra, que acompanhava o ex-prefeito Celso Daniel (PT) quando ele foi seqüestrado e morto em janeiro deste ano, também foi denunciado o empresário Ronan Maria Pinto, dono de empresas de ônibus e de limpeza urbana.

As denúncias indicam a possibilidade de existir um caixa 2 na Prefeitura, formado com o dinheiro que seria extorquido dos empresários, que serviria para financiar campanhas eleitorais do PT.


Ciro diz que governo é dragão da maldade e rebate denúncia
O candidato do PPS Ciro Gomes atribuiu ontem ao governo federal a onda de acusações que representantes de sua coligação, a Frente Trabalhista (PPS, PTB e PDT), tem sido alvo. Para Ciro, as forças governistas abriram "sua caixinha de maldades".

"O dragão da maldade começou a se apresentar. Quando começam as dificuldades, surge aquela tradição negativa, desagradável, de tentar destruir reputações sem provas", afirmou. "Isso é um sintoma de deseducação política de quando não se consegue se afirmar e começa o jogo da canelada. Mas o povo é vacinado, a gente é limpo e aguenta bem", afirmou, referindo-se ao fato de José Serra (PSDB) aparecer em terceiro lugar nas recentes pesquisas de intenção de voto à Presidência.

Ciro disse que, mesmo com o dever de pesquisar tudo, a imprensa deve ter critério na divulgação das acusações contra seu vice, Paulo Pereira da Silva, que supostamente teria feito uso irregular de recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

Ele usou como defesa de Paulinho a nota divulgada no sábado pela Força Sindical sobre o caso, que alega "inocência absoluta" do presidente licenciado da central sindical.

Questionado sobre o empréstimo do tesoureiro do ex-presidente Fernando Collor de Mello, Paulo César Farias, ao deputado federal José Carlos Martinez (PTB-PR), um dos coordenador de sua campanha, Ciro disse que havia sido feito há 11 anos, quando não havia nenhuma acusação contra PC.

O presidenciável repetiu os argumentos que Martinez vêm utilizando em sua defesa, de que o empréstimo foi declarado à Receita.


Homens armados roubam comitê de Lula em São Paulo
O comitê sindical de campanha do candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT), inaugurado há pouco mais de um mês, em São Paulo, foi assaltado na madrugada de domingo por três homens armados, que entraram no prédio depois de render o vigia.

Os assaltantes levaram as CPUs de seis computadores, três mo nitores, um scanner de mesa, duas impressoras, dois aparelhos de fax, quatro aparelhos telefônicos, um frigobar, e uma geladeira.

Em junho, a inauguração do comitê, montado por sindicalistas ligados à Central Única dos Trabalhadores (CUT), teve participação dos principais candidatos paulistas do partido – o próprio Lula, o candidato ao governo estadual José Genoíno e o candidato ao Senado, Aloízio Mercadante.

Ontem, também em São Paulo, um grupo de empresários lançou um manifesto de apoio à candidatura de Lula. O documento contém assinaturas de 100 empresários filiados e não-filiados ao partido.

O objetivo do manifesto é dar apoio político ao petista. Os empresários que participam do movimento ressaltam que não haverá apoio financeiro à campanha. O comitê empresarial que coordena o manifesto é encabeçado pelo empresário José Carlos de Almeida, da JC Engenharia. Também fazem parte do grupo Oded Grajew, do Instituto Ethos, Lawrence Pih, do Moinho Pacífico, Michael Haradom, da indústria de defensivos agrícolas Fersol, e Paulo Feldmann, da Ernst & Young.

Almeida informou que até setembro o comitê espera coletar entre cinco e 10 mil assinaturas de empresários em todo o País. Segundo ele, a candidatura de Lula representa a mudança que se faz necessária no País. Já para Paulo Feldmann, da Ernst & Young, "ninguém tem uma proposta tão honesta, concreta e confiável como o Lula".


Governo dá prazo para o preço do gás baixar
O ministro de Minas e Energia, Francisco Gomide, disse ontem, em Curitiba, que o governo está monitorando, durante esta semana, a evolução do preço do gás de cozinha. Caso as revendas e as distribuidoras não retornem às margens de ganho que vinham sendo seguidas desde o início do ano, o governo intervirá.

"Lamentando muito, vai ser estabelecido preço máximo ao consumidor", afirmou. Para o ministro, as margens precisam voltar, em valores absolutos, àquilo que era fixado no início do ano.

Segundo Gomide, o governo lamenta o tabelamento, em razão de ter trabalhado para "criar uma confiança no investidor" de que haveria preços livres.

O Conselho Nacional de Política Energética deve se reunir entre 5 e 16 de agosto e uma das questões a serem analisadas é a do preço do GLP. A decisão ficará com o conselho, já que ainda se discute se essa é área da Agência Nacional do Petróleo.


Artigos

O erro de Garotinho
Eduardo Brito

O ex-governador Anthony Garotinho cometeu um erro impensável para quem sonha ser presidente. Ignorou um velhíssimo ditado nordestino, segundo o qual já se viu de tudo neste mundo, desde homem virar mulher até boi voar, mas nunca eleição sem dinheiro.

Nesse sentido, Garotinho começou bem. Organizou uma base empresarial de apoio, em especial no Rio de Janeiro, reuniu um bom caixa de campanha e articulou em torno de si o partido a que aderira após assumir o governo.

Pisou na bola, porém, quando entrava no jogo de gente grande. Em um secretíssimo almoço com figuraços da banca, assustou-as com sua idéia de troca dos títulos da dívida interna e potencializou-lhes o pânico ao descrever de forma canhestra a rapidez com que faria a operação.

De saída, portanto, se tornara difícil explorar importantes fontes potenciais de financiamento. Permitiu o beau geste de rejeitar de público o respaldo dos bancos, mas não resolveu o problema.

Já se sabia que Garotinho não teria a retaguarda protegida pela antiga companheira de chapa. É verdade que Benedita da Silva está fazendo um governo hilário, cercada por personagens mais adequadas ao Casseta e Planeta, e portanto não faz sombra ao antecessor no eleitorado carioca. Mas dinheiro, daí não vem.

A performance medíocre nas pesquisas fez o resto. Não se encontra com facilidade quem aposte em um candidato que tem 10% de intenções de voto. Até na roleta russa há mais chances de ganhar. Essa é a tremenda complicação no capítulo da receita. Quando se chega à despesa, o bicho come.

Ao se lançar na aventura, Garotinho levou consigo todo o partido. O PSB vinha conseguindo modesto crescimento a cada eleição. Tem hoje 17 deputados federais e dois senadores. Todos eles, sem exceção, elegeram-se graças a coligações, feitas na sua maioria com o PT. Com a verticalização, a candidatura solo de Garotinho condenou-os a concorrer sozinhos.

O resultado é que 11 deles não têm a menor condição de se reeleger. É duvidoso até que o partido consiga atingir o quociente partidário em seus estados. Só no Rio de Janeiro, em Pernambuco e com muita sorte no Rio Grande do Sul é que o PSB elegerá deputados.

A mesma dificuldade encontrarão o único senador do PSB que disputa a reeleição e os candidatos a governador que entraram na luta, quase todos sem chances, para fornecer palanques a Garotinho.

Não fizeram isso por serem bonzinhos, mas por terem recebidos a garantia de cobertura dos gastos da campanha. Pagaram mico. O dinheiro não apareceu. O resultado é que dois já desistiram, quatro ameaçam seguir esse exemplo e os remanescentes pensam em apoiar Lula ou Ciro. Alguns já anunciaram a mudança.
Garotinho tinha uma saída natural, lançar a toalha e voltar ao Rio, para uma reeleição que antes da renúncia parecia garantida. Se isso era factível antes, hoje parece duvidoso: o eleitor nem sempre é benévolo para com manobras como a substituição do marido pela mulher, uma vez, duas vezes.

Por falta de opções, o candidato deve continuar. O problema está em que, sem combustível para a campanha, pode terminá-la sozinho em um palanque do qual falará para ninguém.


Colunistas

CLÁUDIO HUMBERTO

Lobby derruba chefe da ECT
Dada como certa, a demissão do presidente da estatal ECT, Hassan Gebrim, a apenas cinco meses do fim do governo, pode ser explicada por sua briga com o poderoso lobby das franquias, que movimentam R$ 500 milhões por ano. Contratadas no passado sem licitação pelos Correios, seus vínculos não seriam renovados por Gebrim, que caiu em desgraça porque abriu concorrência. Michel Temer (presidente do PMDB) já indiciou substituto: Humberto Mota, conhecido lobista da área de comércio exterior.

Como dois e dois
O Ministério Público Federal promete acompanhar "com lupa" os negócios que serão realizados pelos Correios até o final do governo. Os procuradores desconfiam que por trás da mudança de presidente da ECT há uma grande operação de financiamento ilegal de candidatos do PMDB e do PSDB.

Aviso por carta
FhC nem teve coragem de avisar pessoalmente o ex-ministro Pimenta da Veiga de sua decisão de substituir o presidente dos Correios. Enviou-lhe uma carta dramática, após embarcar para recente encontro de presidentes no Equador, admitindo correr o risco de perder "outro amigo de 30 anos". O "outro" que FhC considera ex-amigo é o ex-governador Tasso Jereissati.

Ronaldo com Ciro
Ronaldo, o Fenômeno, andou trocando farpas com Luiz Felipe Scolari, mas, no campo político, seguirá o técnico pentacampeão: nos próximos dias ele deverá vestir a camisa de Ciro Gomes, na disputa presidencial.

Ligações perigosas
Pesquisa encomendada pelo Palácio do Planalto para consumo próprio mostra o caminho das pedras para enfrentar o crescimento de Ciro Gomes: explorar as alianças que o candidato do PPS tem feito, de José Carlos Martinez a ACM, passando por Jorge Bornhausen. O eleitor não é bobo: para ele, essas figuras ajudaram a levar o Brasil ao fundão do poço.

Não é bem assim
FhC diz que "pesquisa é como dólar, sobe e desce". O presidente está enganado: dólar só sobe. E o seu candidato só desce.

Dólar e pesquisa
Nesse ritmo, chegando a 3,26, daqui a alguns dias o dólar ultrapassa José Serra. Mas nã o há motivo para pânico: do jeito que despenca a candidatura do PSDB, logo o tucano vai puxar a cotação para baixo...

Direito suprimido
A pedido do comitê eleitoral do PSDB, o "TSEDB" (é como a oposição tem chamado o TSE) proibiu a divulgação da pesquisa CNT/Sensus, cujos números confirmariam a queda do tucano José Serra, na corrida presidencial. Se a moda pega, logo vão censurar notícias também.

Se...
Se fosse divulgada, a pesquisa CNT/Sensus confirmaria a tendência já registrada por Vox Populi e Ibope: entre junho e julho, Lula do PT teria caído de 36 para 33 pontos, Ciro subido de 14 para 24, Serra do PSDB caído de 21 para 14 e Garotinho do PSB despencado de 14 para 10 pontos.

Tudo armado
O presidente da Caixa Econômica Federal, Valdery Albuquerque, sonha mesmo com a presidência da Caixa Seguros (ex-Sasse), após o fim da era FhC. Foi o que combinou com o seu parceiro na ex-estatal, o francês Tierry Claudon. Mas Valdery tem um plano B, caso tudo dê errado: o cargo de diretor-presidente da Caixa Vida Previdência (ex-Federal Prev), ainda vago.

In God we trust
Dólar a Deus, nas alturas, e juros na terra para os homens de boa vontade.

Gardel do TRT
Depois da "Dança do Lalau", que sacudiu os cofres públicos, o TRT-SP vive uma nova fase musical. Seu presidente, Francisco Antônio de Oliveira, acaba de lançar-se cantor de tangos. O CD pode ser encontrado nas boas casas do ramo com o nome artístico de Francisco Del Monte. Logo ele será atração do "Sabadão Sertanejo", programa semanal Gugu Liberato no SBT.

Comigo, não
O ex-deputado Valmor de Luca não aceitou a carapuça, após ler declaração do governador Esperidião Amin comparando a "prontuários" os currículos de pretendentes a cargos federais em Santa Catarina. Valmor foi indicado para a Eletrosul no lugar de Ruberval Pilotto, acusado de apoiar Gomes, e considera que agiu com eficiência e honestidade nos cargos que ocupou.

Quero o meu
Um eleitor de Três Rios (RJ) entrou com liminar no TRE pedindo isonomia política e o mesmo espaço no programa "Bom Dia Brasil", da Rede Globo. Na manhã de ontem, o ministro Pedro Malan declarou abertamente seu voto "como cidadão" em José Serra, desfiando as qualidades do "amigo". O eleitor exige declarar seu voto na TV, "porque a lei é para todos".

Na ponta dos pés
Liminar da 14 ª Vara Cível do Rio suspendeu a nomeação dos bailarinos aprovados para o corpo de baile do Teatro Municipal. Os prejudicados deverão fazer nova prova, e o concurso poderá ser cancelado. A Justiça acatou as provas de fraude nos exames médicos, parentesco e amizade de candidatos com a banca examinadora, entre outras irregularidades.

Poder sem Pudor

Homem de muitos valores
Há dias o vice-governador mineiro Newton Cardoso e comitiva estiveram na cidade de Piumhi, em campanha. A rádio local entrevistava os visitantes ilustres quando o microfone foi tomado por um irmão de um líder político local, que, com a voz embargada pelo uísque, fez a saudação:
- Dr. Newton é um homem de muito valor, muito embora todo mundo fala que ele roubou muito. Esse homem tem mais de 80 processos nas costas e ninguém ainda condenou ele!...

Tomaram-lhe o microfone, enquanto ele berrava:
- Deixa eu falar! É tudo verdade, gente!...


Editorial

O MISSÃO DIPLOMÁTICA

Não é a primeira vez que o Brasil, entre outros países da América Latina, é tratado com desprezo e leviandade por uma autoridade norte-americana. O governo republicano de George W. Bush é marcado por uma política internacional de gosto ou estratégia duvidosa. Que não deve ser bem recebida pelos simpáticos diplomatas que mandam para chefiar suas embaixadas nos países emergentes.

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Paul O'Neill, que está com viagem marcada para Brasil, Argentina e Uruguai no início do mês que vem. No domingo, em entrevista pela TV, ele falou sobre possíveis empréstimos do FMI, órgão que precisa de seu aval para as decisões mais importantes: "Esses países precisam pôr em prática políticas que assegurem que, conforme o dinheiro de assistência seja liberado, ele faça algum bem, e não que simplesmente saia para contas bancárias na Suíça".

O'Neill errou três vezes. A primeira ao misturar no mesma análise países com histórias diferentes e que atravessam momentos distintos, como Brasil, Argentina e Uruguai. Enquanto os norte-americanos não aprenderem que a América do Sul é formada por culturas, líguas e povos distintos, o diálogo será difícil.
O segundo erro de O'Neill foi fingir ignorar solenemente o funcionamento das contas públicas por aqui, especialmente a brasileira. É muito cinismo falar em desvio de dinheiro, quando ele sabe, melhor do que ninguém, que boa parte dos empréstimos tomados pelo Brasil são para pagar dívidas anteriores. O'Neill sabe que o governo brasileiro tem de arrecadar mais do que gasta para arcar com seus financiamentos. É por isso que precisa de mais verbas.

O terceiro erro do secretário do Tesouro norte-americano foi não olhar para o próprio umbigo. O próprio O'Neill, junto com Bush e seu vice, Dick Cheney, têm sido acusados pela imprensa e por vozes importantes da sociedade americana de falta de rigor – para dizer o mínimo – na apuração das sucessivas fraudes contábeis na bolsa de valores dos EUA. Fraudes essas que puseram o mundo em polvorosa e contribuíram definitivamente para o agravamento da crise e a necessidade de financiamento de Brasil, Uruguai e Argentina.


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07/30/2002


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