Garotinho promete corte de 4 pontos nos juros









Garotinho promete corte de 4 pontos nos juros
Candidato diz que redução trará economia de R$ 24 bi ao governo, que poderá aumentar mínimo para R$ 280

O candidato Anthony Garotinho (PSB) prometeu ontem que, se eleito, cortará 4 pontos percentuais da taxa de juros, que hoje está em 18% ao ano, no primeiro ano de seu governo. O corte, de acordo com ele, traria uma economia de R$ 24 bilhões ao governo no pagamento da dívida pública, o que possibilitaria aumentar o valor do salário mínimo para R$ 280,00 em maio do próximo ano.

O ganho, disse Garotinho em entrevista ao Grupo Estado, viria com a redução da taxa de juros em quatro pontos percentuais, de 10% para 6%, descontada a inflação.

A partir de "pesquisas internas", Garotinho garantiu que já ultrapassou o candidato José Serra (PSDB), com quem está tecnicamente empatado em segundo lugar nas pesquisas de intenção de votos.

Assim como Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Garotinho sustentou que não manterá Armínio Fraga na presidência do Banco Central, se eleito presidente, e foi mais duro nas críticas do que o petista. "O Armínio Fraga é um representante do setor financeiro. Queremos representar todos os setores", afirmou, explicando que escolheria um nome do setor produtivo para a presidência do BC.

De acordo com o candidato, todos os quadros atuais da equipe econômica do governo Fernando Henrique são provenientes de bancos. "O Pedro Malan, o Amaury Bier, o Armínio Fraga são de onde? Todos de bancos", disse. "O Fernando Henrique foi um Papai Noel para os banqueiros".
Garotinho, depois de lembrar que os atuais juros brasileiros são os mais altos do mundo, negou que haja risco de inflação, se os juros básicos forem reduzidos. "Não há o menor risco de inflação com uma queda de juros. Pelo contrário, vai haver deflação", afirmou o candidato.

Disse que é favorável a diminuir as alíquotas dos impostos e aumentar a base de cobrança.

Prometeu também extinguir a CPMF. "Vou acabar com a aberração da CPMF. O Brasil é um caso raro de ter imposto de imposto. É um escândalo", criticou. "O melhor imposto é o menor imposto cobrado em uma base maior. É o oposto do que foi feito pelo atual governo", disse.

Segundo ele, os mesmos setores sempre pagam impostos, aumentando-se apenas as alíquotas. Ele lembrou que, quando foi governador do Rio de Janeiro, diminuiu o ICMS de 37 setores da economia. O presidenciável disse que é favorável também a se deslocar a cobrança dos impostos para o consumo, a se desonerar exportação, e diminuir quantidade de impostos, fundindo-os para facilitar fiscalização.

Ciro afirma que Lula é aventura
O candidato Ciro Gomes (PPS) disse que o voto nos presidenciáveis José Serra (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) representa o "continuísmo" e a "aventura", respectivamente.

O programa eleitoral gratuito de Ciro, ontem, começou com o cantor Falcão ironizando Serra e Lula. "Rapaz, estão querendo que a gente ache que só pode escolher entre o 'Seu Fica Como Tudo Tá' e o 'Seu Sei Lá no Que Vai Dar'", debochou, apontando para fotos deles, enquanto falava.

Ciro, que está em último lugar nas pesquisas eleitorais, criticou a gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso, lembrando que, nos últimos oito anos, foi registrado o menor crescimento do País, o que resultou em desemprego, arrocho salarial e aumento da violência. Ele afirmou ainda que foi FHC quem aumentou o preço dos remédios e do gás de cozinha.

Pastor americano dá uma mão a petistas
O deputado federal Padre Roque Zimmermann (PT-PR), candidato ao governo do Paraná, ganhou um apoio de peso em sua campanha: o líder religioso e político norte-americano Jesse Jackson. O religioso chega sábado a Curitiba para uma caminhada no centro da cidade e uma visita ao projeto cultural Ka-Naombo, mantido pela Associação Cultural de Negritude Popular.

Na última pesquisa de intenções de votos do Ibope/Rede Paranaense de Comunicação, Padre Roque Zimmermann aparece em quarto lugar, com 8% da preferência do eleitorado.

Duas vezes aspirante à candidatura democrata à presidência dos Estados Unidos, Jackson, pastor da Igreja Batista, é um dos maiores defensores dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos, e normalmente é classificado como sucessor do líder negro e pacifista Martin Luther King.

A agenda de Jackson inclui um encontro, domingo, com o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. A reunião vai acontecer na 1ª Igreja Batista de Santo André, no ABC paulista, e também servirá para que o candidato petista converse com representantes da comunidade evangélica.

Lula quer como arma apenas o estilingue
O candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse ontem, em entrevista ao Jornal Nacional, que a única bomba a qual é favorável é aquela que exploda pétalas de rosa. O petista afirmou que, para ele, o ideal seria que a única arma existente no mundo fosse o estilingue.

Segundo ele, o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares não está sendo respeitado pelos EUA. "O acordo prevê que os países que dispõem de armas nucleares não ataquem com esse tipo de arma os países que não tem o mesmo tipo de tecnologia."

Lula se mostrou contrário a uma intervenção internacional na Colômbia para combater as Farc. "Tem gente querendo intervir na Colômbia com a justificativa de combater o narcotráfico, mas temos que cuidar da Amazônia e zelar por nossa fronteira."

Na opinião do petista, a economia do Brasil só voltará a crescer se os juros caírem. Segundo ele, em nenhum país há crescimento da economia quando os juros bancários são maiores que os lucros do setor produtivo.

Serra diz que não se governa com frufru
O candidato José Serra (PSDB) disse, ontem, em discurso para líderes políticos em Belo Horizonte, que um "presidente tem de administrar contrariando, enfrentando interesses".
Segundo Serra, "governar não é ficar na base do paz e amor, da música agradável e do frufru televisivo. Não se governa com frufru, não tem jeito". Ele criticou, indiretamente, o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que adotou o slogan Lula, paz e amor.

Serra voltou a afirmar que tem "uma cara só", numa observação disfarçada a Lula. "Eu apresento-me nessa campanha como me apresentei e vou continuar me apresentando: com uma cara só", disse. "Eu não tenho uma voz para o mercado financeiro, outra para os empresários da indústria, outra para o MST, outra para a CUT, ou para a CGT, ou para a Força Sindical."

O candidato da Grande Aliança ainda fez críticas à aproximação do petista com os militares. "Eu não fiz uma palestra para os militares de conveniência, como outros candidatos têm feito", afirmou.
Presente ao evento, que reuniu mais de 90 prefeitos e cerca de 40 vereadores, o coordenador político tucano, Pimenta da Veiga, afirmou que a campanha de Serra, que havia abandonado os ataques a Lula na publicidade eleitoral, no entanto, "responderá", caso seja alvo de "acusações".
"Os programas são decididos dia a dia e são muito dinâmicos; agora, a linha é que sejam programas propositivos e que terão, se necessário, a capacidade de fazer comparações e de responder agressões que venham a ser sofridas", disse Veiga.


Diretor do FMI chama Lula de "presidente"
Köhler considera "uma boa novidade" apoio "do próximo presidente" ao acordo entre o FMI e o Brasil

O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional, Horst Köhler, referiu-se ontem a Luiz Inácio Lula da Silva como se o candidato do PT já tivesse vencido a disputa presidencial.

Ao dizer quais conselhos daria ao próximo presidente brasileiro, Köhler disse: "Ele já deixou claro publicamente que apóia os elementos centrais do programa que nós temos com o Brasil. Acho que isso é uma boa novidade, porque vai demonstrar continuidade em áreas cruciais de política econômica, de uma política econômica sólida".

O diretor do FMI disse estar, por isso, "convencido de que veremos uma transição suave, uma boa transição administrativa, para, então provar que o Brasil irá continuar sua política econômica e, por outro lado, provar que foi correto apoiar o Brasil nessa situação." Köhler cometeu esse aparente ato falho durante entrevista que antecede a reunião anual do FMI e do Banco Mundial, que começa oficialmente amanhã.

Embora não tenha mencionado expressamente Lula nessa resposta, ficou claro que Köhler referia-se ao candidato petista pelo conteúdo da resposta à pergunta seguinte sobre a economia brasileira. Talvez percebendo o deslize anterior, Köhler declarou: "O que ouço dos candidatos, de todos os candidatos, incluindo o sr. Lula, é que ele quer explorar esse potencial de crescimento".
Essa e outras várias referências ao candidato do PT (expressas e implícitas), todas feitas ontem em Washington, estão projetando Lula como um dos principais personagens do encontro do Fundo.

O secretário do Tesouro dos EUA, Paul O'Neill, não caiu na mesma armadilha que vitimou Köhler. Indagado sobre o relacionamento do Tesouro com um "quase inevitável governo Lula", O'Neill disse: "O que sei das eleições brasileiras é que elas se realizarão no dia seis de outubro e que, se o candidato com o maior número de votos não obter mais de 50% dos votos válidos, haverá um segundo turno".

Durante seminário patrocinado pelo Banco Mundial, Michael Gavin, analista do UBS Warburg, banco suíço, expressou seu pessimismo com a política econômica de um eventual governo Lula. Segundo ele, "há dúvidas sobre a habilidade e a vontade de um governo do PT de manter as políticas necessárias".


Quem dá mais?
O horário eleitoral se transformou numa quermesse de interior, onde leiloeiros oferecem como prenda o salário mínimo. "Quem dá mais?", poderia proclamar o leiloeiro, enquanto os candidatos disputam a primazia da melhor oferta. Garotinho (PSB) tem prometido um salário mínimo de R$ 280 a partir de maio de 2003. O candidato Rui Costa Pimenta (PCO) fala em incríveis R$ 1.500 mensais.

Agora, José Serra (PSDB) garante que seu governo vai oferecer um salário mínimo de R$ 300 mensais, já a partir de janeiro de 2003.

É a campanha eleitoral chegando ao seu auge, quando a disputa pelo voto do eleitor se torna ainda mais acirrada. São os candidatos jogando as últimas cartadas para tentar mudar a opção do eleitor.

Lula (PT) não falou sobre salário, mas já propôs um grande pacto social, envolvendo todos os setores da sociedade, para discutir questões como salário, dívida externa, educação, saúde, moradia, transporte.

Ciro (PPS) quer formar uma grande frente no Congresso, elegendo mais de 300 deputados e senadores para, segundo ele, ajudar a mudar a cara deste País.

Rui Costa Pimenta insiste na questão da Alca e da dependência externa ao imperialismo americano e acha que o brasileiro deve se engajar nessas questões e bater o martelo contra o julgo estrangeiro.

Garotinho promete que, além dos salários, vai tratar os aposentados e pensionistas com dignidade, devolvendo a eles o que realmente merecem pelo que contribuíram.

As idéias fluem nessa campanha como passes de mágica e as soluções parecem viáveis para todos os candidatos.

O eleitor consciente sabe que muita coisa é fruto da persistência e da vontade de vencer, mas nem tudo é cabível como programa de governo. A teoria na prática é outra. Por isso, é agora que o eleitor deve prestar bastante atenção para que sua escolha seja consciente e não precipitada.


Reajuste da gasolina virá logo
Presidente da Petrobras avisa que alta do dólar e das cotações lá fora exige aumento nos próximos dias

Embora o Brasil produza 82% do petróleo que consome, tenha registrado em julho exportações maiores do que as importações e adicione 25% de álcool na gasolina, o brasileiro deve esperar, para breve, novo aumento do combustível.

O presidente da Petrobras, Francisco Gros, admitiu ontem, em solenidade no Palácio do Itamaraty, ser quase inevitável um reajuste no preços dos combustíveis nos próximos dias. Segundo ele, o aumento será necessário diante da alta na cotação do petróleo e do dólar. "Se continuar assim será preciso alinhar os preços internos", afirmou Gros.

O presidente da Petrobras disse que não é possível determinar de quanto seria o aumento. Ele está aguardando que haja um mínimo de estabilidade do câmbio para definir o percentual.

Consumidor é onerado
Brasil produz 82% do petróleo que consome, adiciona 25% de álcool à gasolina e, mesmo assim, corrige os preços pelo dólar

Para Gil Siuffo, presidente da Federação Nacional do Comércio de Combustível, o litro da gasolina chegar a R$ 2, como se especula, é um absurdo. Atualmente, no DF, o litro tem sido vendido, em média a R$ 1,76.

"Não é justo que o consumidor pague por uma especulação absurda, que é o dólar a R$ 3,70, ou por uma guerra que não tem nada a ver com o Brasil", diz Siuffo, referindo-se à possibilidade de ataque dos Estados Unidos ao Iraque.

Segundo ele, a notícia de ordem econômica mais importante dos últimos 50 anos foi a de que o Brasil está saindo da condição de importador para a de exportador líquido de petróleo. "Toda a nossa dívida externa começou a ser gerada com a importação de petróleo e dentro de um ou dois anos não dependeremos mais de ninguém", afirma Siuffo.

Para ele, a Petrobras está fazendo o seu papel, acompanhando a flutuação dos preços. Ele até admite que os preços do petróleo sigam o mercado internacional em um uma situação de normalidade. Mas não com o dólar a R$ 3,70. "Não é justo que 160 milhões de brasileiros paguem para que 400 mil acionistas minoritários da Petrobras não tenham prejuízo", reclama Siuffo.

Para Fernando Siqueira, presidente da Associação Nacional dos Engenheiros da Petrobras, não existe justificativa para os aumentos da gasolina. Em sua opinião, o que se pretende é jogar a população contra a Petrobras, para facilitar sua privatização com o argumento de abrir o mercado para a concorrência.

Além disso, ele acredita ser preciso rever a margem de lucro da cadeia produtiva. Segundo Siqueira, a Petrobras fica com 14,2% de cada litro de gasolina vendido, 54% cobrem os impostos e 22% ficam com distribuidoras e revendas. "A Petrobras tem pouca margem de manobra. É preciso rever esses percentuais", afirma.

Mercado externo manda
O petróleo é uma commodity, ou seja, uma mercadoria que, independentemente de ser produzida aqui, tem seu preço baseado no mercado internacional. Quem explica é Miguel Ribeiro, vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).

"É por isso que o petróleo sofre a influência do câmbio e dos aumentos no mercado externo provocados pela possibilidade de uma guerra entre Estados Unidos e Iraque", justifica. Ele lembra que a Petrobras, apesar de ter o governo como acionista majoritário, é uma empresa como outra qualquer e tem de visar o lucro.

Com ações em bolsas de mercadorias em vários países, tem de garantir os ganhos de seus acionistas para que as ações não caiam de preço. "O governo pode até segurar o preço por um tempo, mas a médio prazo terá que aumentar para não prejudicar a situação da empresa", afirma.
O dicionário Aurélio define commodity como um produto primário de grande participação no comércio internacional. O economista Newton Marques, conselheiro do Conselho de Economia do DF, lembra que commodities são contratos negociados em bolsas ou em mercados organizados. "Quem trabalha com uma commodity, como a Petrobras, tem que se preocupar com o que compra e com o que vende", justifica Marques. Segundo ele, como não existem subsídios para os derivados básicos, como o gás e o diesel, o governo tem que deixar o mercado funcionar livremente. "Se não o fizer acabará tendo que subsidiar a própria Petrobras", diz ele.

Fernando Siqueira, da Associação dos Engenheiros da Petrobras, discorda. Para ele, o petróleo não é uma commodity e sim um produto estratégico, capaz até de provocar guerras


De novo em alta, o dólar ameaça passar de R$ 3,80
O dólar teve ontem uma nova alta e encostou em sua maior cotação de fechamento, R$ 3,78, registrada na terça-feira, enquanto o risco-país brasileiro subiu 2,1% e fechou a 2.224 pontos.
A moeda norte-americana encerrou o dia vendida a R$ 3,76, portanto 2,64% mais cara do que ontem. Para os próximos dias, a perspectiva é de novos recordes.

O mercado está de olho no que vai acontecer na segunda e na terça-feira, com o vencimento da dívida cambial de US$ 1,25 bilhão e dos contratos de dólar futuro na Bolsa de Mercadorias e Futuros, afirmou Miriam Tavares, diretora da corretora AGK. Essas operações servirão para mostrar se o governo terá como enfrentar pressões. Embora mantenha sua posição, anunciada na semana passada, de rolar até 70% da dívida, o Banco Central não anunciou ainda nenhuma operação para fazê-lo.

Em relação ao dólar, o real vale hoje menos do que o peso argentino, já que para comprar a moeda norte-americana são necessários R$ 3,76, contra 3,71 pesos (pela cotação oficial do peso, o valor é ainda menor, 3,65 pesos).

A alta perdurou durante todo dia, embora operadores alertem que as cotações têm subido ''no vazio'' – ou seja, sem volume de operações, já que apenas quem tem negócios urgentes a fechar tem entrado no mercado nos últimos dias


Termina prazo para pagar débitos do INSS sem multa
Termina na segunda-feira o prazo para que as empresas, os contribuintes individuais e os proprietários de obras de construção civil paguem débitos com o INSSsem a incidência de parte da multa e de parte dos juros. Isso vale inclusive para os débitos decorrentes da falta de recolhimento de valores retidos, desde que o fato gerador tenha ocorrido até 30 de abril deste ano.

A anistia foi concedida pela Medida Provisória nº 66, que promoveu a minirreforma tributária, e regulamentada pela instrução normativa nº 82, de 17 deste mês, da Diretoria Colegiada do INSS. Vale para as empresas que não estão contestando os débitos em nenhuma instância, para as que estão contestando-os por meio de impugnação ou de recurso administrativo e para as que têm ações judiciais.

Segundo a instrução, as empresas que não estão contestando os débitos e as que estão contestando-os por meio de impugnação ou recurso poderão pagá-los com redução de 50% da multa e sem juros até janeiro de 99.

Nesse caso, haverá a cobrança de juros pela Selic a partir de fevereiro de 99, se o fato gerador ocorreu até janeiro de 99, ou do mês seguinte ao do fato gerador, nos demais casos.

Para ter direito à anistia, os débitos terão de ser pagos de uma só vez e as empresas terão de desistir da impugnação ou do recurso e assinar uma declaração informando que o débito a ser pago não está sendo discutido em ação judicial.

A anistia vale também para os débitos ocorridos até 30 de abril deste ano, referentes à criação ou ao aumento de contribuição previdenciária a partir de 1º de janeiro de 99, e que estejam sendo contestados por meio de ações judiciais.

Os débitos poderão ser pagos de uma só vez, sem multa, até 30 deste mês. Para isso, os contribuintes terão de desistir expressamente das ações e pagar, até o fim do mês, os débitos de maio a agosto deste ano. Os juros serão pela TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo).

Como pagar
  • Os contribuintes devem procurar uma agência da Previdência Social

  • Nela, firmarão uma petição desistindo da ação ou do recurso contra a cobrança

  • É preciso apresentar também cópias do contrato social da empresa

  • O representante da empresa tem de levar carteira de identidade, o CPF e comprovante de residência


    Artigos

    Razões para uma vitória de Lula
    Gaudêncio Torquato

    Lula está com o pé direito entrando no Palácio do Planalto. O pé esquerdo está em movimento de ingresso. Só mesmo uma grande topada atrapalhará o passo firme do ex-metalúrgico na sua mais arrojada tentativa para se sentar no assento que já foi ocupado por barbudos como Deodoro da Fonseca, Prudente de Morais, Campos Salles, Rodrigues Alves, Affonso Penna, Nilo Peçanha e Washington Luis.

    A análise política comporta a imprevisibilidade. Portanto, qualquer cenário estará sujeito a distorções e erros de avaliação, principalmente se considerarmos os traços de volatilidade que moldam o eleitorado brasileiro. Mas, na ausência de dados que permitam projeções diferentes, Lula está com a faca e o queijo na mão. Numa escala de 0 a 100, Lula estaria rodeando a marca dos 90. Basta conferir os dados, a partir da aritmética dos votos válidos. O eleitorado soma 115,2 milhões, dos quais pode-se tirar cerca de 15% de abstenção, o que resultará em 97,9 milhões de votos.

    Com seis nomes a serem digitados, o processo oferecerá dificuldade às camadas semi-alfabetizadas, mesmo que se conte com a ajuda da cola. Diminua-se, portanto, do total de comparecimento, uns 17% de votos nulos e brancos. Os votos válidos chegarão a 81,2 milhões. Para ganhar, o candidato terá de contar com 40,6 milhões. A conta é aproximada, mas o raciocínio de que, para ganhar, o candidato precisa ter mais de 40 milhões de votos, está correto. Ora, se considerarmos que Lula tem, hoje, cerca de 48% dos votos válidos, ele estaria com mais de 39 milhões de votos, algo em torno de 21 milhões a mais do que Serra.

    Para chegar no dia 6 de outubro com metade dessa diferença, Serra teria de ganhar mais de 1 milhão de votos por dia, meta praticamente impossível. E para ganhar no primeiro turno, basta a Lula menos de 2 milhões de votos. Se crescer um pouco mais em São Paulo, que tem 25 milhões de eleitores, dará a cartada final.

    No segundo turno, mais provável com a subida de Garotinho, é comum se dizer que a campanha começará do zero. A hipótese seria mais correta, caso a diferença entre os dois candidatos não fosse tão grande. Para começar, acabará a vantagem que, hoje, Serra contabiliza, em termos de tempo de programa eleitoral. Serão 10 minutos para cada candidato. A campanha será mais curta do que a anterior, o que favorece mais Lula do que Serra. O sentimento de que chegou a vez do PT e a sensação de Lula é o vento da estação conseguirão manter estável sua boa posição, não se prevendo migrações de monta para a candidatura Serra. Ademais, há de se deduzir, ainda, que os bolsões de Garotinho e Ciro tendem a votar mais em Lula do que em Serra, mesmo que as cúpulas partidárias fiquem divididas.

    Como não há mais um Plano Real para alavancar a candidatura governista, só mesmo um milagre poderá dar brilho à plumagem tucana. Pano de fundo: não há mais o medo de que o Brasil vire Argentina e Lula tem garantido que cumprirá todos os compromissos internacionais.

    A campanha de Serra, há de se convir, tem sido, até o momento, um desfile de pequenos desastres. Enquanto Lula, Ciro e Garotinho desfilam, todos os dias, pelo principal telejornal do país, cercados de povo, Serra manda dizer que não teve compromissos públicos ou está gravando os programas eleitorais. Ou seja, o tucano desaparece no meio da floresta, exatamente no momento mais agudo da campanha, as duas semanas finais. Seu programa eleitoral é um desfile de previsibilidades. Excelente nível técnico, porém muito racional e mesmo tradicional. Criativ idade inexiste.

    A campanha negativa feita, com ataques a Lula, funcionou como bumerangue. O presidente Fernando Henrique, que deveria ser usado como um bom cabo eleitoral, foi encostado. Parece até que há um complô interno, dentro da máquina governista, para derrotar o ex-ministro da Saúde.
    Do lado dos petistas, um clima de felicidade e encantamento anima as pessoas, dispara as emoções, anima as bases, conquista apoios. As elites fluem em peso em direção a um perfil que já foi execrado e demonizado. A barba de Lula já passa a ser codificada como sinal de simpatia. Por tudo isso, o PT está pertinho do assento central do poder. A idéia que se espalha é a de que o Brasil tinha de experimentar Lula e o PT. Pois bem: o momento parece ter chegado.


    Colunistas

    CLÁUDIO HUMBERTO

    Diploma é tiro no pé de Serra
    Ao insistir na falta de diploma no currículo de Lula, José Serra deu um tiro no pé: ele também não tem curso superior, como esta coluna revelou dia 29 de janeiro. Talvez por isso ele agora afirme que isso "não é fundamental". Nos anos 60, Serra cursou engenharia na Escola Politécnica, da USP, mas não concluiu. Fez mestrado e pós-graduação no exterior, insuficientes no Brasil, e virou "professor de economia" da USP. A situação é ilegal: ele pode ser demitido por justa causa e processado até por falsidade ideológica.

    Lei exige nível superior
    Alguns países permitem que qualquer pessoa freqüente cursos de mestrado e pós-graduação, mesmo que só tenha o curso primário, por exemplo. Foi assim que José Serra aproveitou o exílio para freqüentar esses cursos, no Chile e nos Estados Unidos. Mas, no Brasil, a Lei de Diretrizes Básicas exige graduação de nível superior até para professores do 1º grau.

    Nem um, nem outro
    De um eleitor cético, tipo Pedro Malan, indagado se ia mesmo viajar e justificar o voto: "Nesta eleição, quem tem de justificar o voto é quem vota".

    Listas falsas
    Procuradores federais já suspeitam da autenticidade de listas de personalidades com investimentos em paraísos fiscais, que circulam nas redações. Não por coincidência, todos são ligados ao candidato tucano José Serra. Se a fraude for mesmo constatada, a Polícia Federal será chamada a investigar a autoria das listas.

    PSDB ameaça com piada...
    O comitê tucano está dividido sobre a exibição, na TV, de cenas gravadas em Pelotas (RS), bem ao estilo parabólico do ex-ministro Rubens Ricúpero, objetivando mostrar que Lula não tem nível para presidir o Brasil. Nas cenas, com a bandeira do PT ao fundo, Lula aparece arrumando o nó da gravata de Fernando Marrone, então candidato a prefeito de Pelotas (RS).

    ...de Lula sobre Pelotas
    Enquanto ajeita a gravata de Marrone, o candidato do PT a presidente indaga: "Pelotas é cidade-pólo, né?..." Lula ignora o interlocutor, que enumerava as estatísticas locais, e completa: "...exportador de veados". Em seguida ri da própria piada. Veja o vídeo – que, aliás, não evitou a eleição de Marrone – no site www.claudiohumberto.com.br.

    Novo bordão
    Cansados das catracas eletrônicas nas portarias das repartições e dos oito anos sem aumento, os servidores federais de Brasília recriaram o bordão: "Quem passa em catraca não vota em Camata".

    Muito barulho por nada
    Desde maio, a Controladoria-Geral da União investiga no governo a compra de produtos Microsoft à empresa brasiliense TBA. Nada achou que indique favorecimento ou superfaturamento de preços. Parece que o barulho tem origem na concorrência insatisfeita com o desempenho da TBA. A ministra Anadyr Rodrigues apresentará relatório final nos próximos dias.

    Máquinas suspeitas
    O presidente da CNBB, dom Jayme Chemello, está entre os que suspeitam da possibilidade de fraude nas urnas eletrônicas. E adverte: "Me preocupa muito a segurança dessas maquininhas de votar. Quem pode saber? Até nos Estados Unidos manipularam os votos, na hora da contagem".

    Profissional
    O goiano que perdeu US$ 2,5 milhões em Las Vegas, como revelou ontem a coluna, esteve também no cassino de Foxwood, na reserva indígena de Connecticut, considerado o maior salão de jogos do mundo.

    Boa impressão
    FhC não fala em outra coisa: os supermercados viraram seu xodó, após ouvir os números auspiciosos do setor, durante recente evento no Rio.

    Falta credibilidade
    Octavio Amorim Neto, cientista político da FGV, diz que a marcha do PT em direção ao centro ocorreu sem ações que lhe dê credibilidade, ao contrário do Partido Trabalhista inglês. Lá, em 95, Tony Blair mudou a cláusula 4 do estatuto do partido, que advogava a propriedade coletiva. A informação está na revista Think Tank do Instituto Liberal, que chega às bancas este mês.

    Estrangeiros maltratados
    O coordenador-geral de Imigração do Ministério do Trabalho, Sadi Ribeiro Filho, responsável pelas autorizações de trabalho para estrangeiros, ganhou dos colegas o apelido "Pitbull". Ele é acusado de tratar mal a clientela e de excessiva lentidão, na apreciação dos processos. Não custa lembrar que estrangeiros não votam nas eleições, mas seus parentes e amigos, sim.

    Prognóstico
    Em 2001, o mundo gastou cinco vezes mais com implante de silicone e Viagra do que em pesquisas sobre o Mal de Alzheimer. Conclusão do meio médico: logo haverá um grande número de pessoas com seios fabulosos e ereções extraordinárias, mas incapazes de lembrar para que servem.

    Queixas a Jobim
    O atual governador da Paraíba, Roberto Paulino, e o ex, José Targino Maranhão, estiveram ontem com o presidente do TSE, Nelson Jobim, para reclamar da Justiça Eleitoral no estado. Citaram especificamente um juiz, Harrison Targino, que foi procurador da Prefeitura de Campina Grande quando Cássio Cunha Lima, rival de ambos, era o prefeito.

    Poder sem pudor

    Sal na panela
    Por indicação do senador Victorino Freire, Armando Falcão foi nomeado pelo presidente Eurico Dutra para a presidência do Instituto Nacional do Sal. Convidado para a posse, o senador potiguar Georgino Avelino manifestou-se contrário, porque o seu Rio Grande do Norte era o maior estado salineiro e não havia sido consultado. Pediu uma audiência no Palácio do Catete, mas, antes que pudesse dizer alguma coisa, foi interrompido por Dutra:
    - Se me vem tratar do problema do Instituto do Sal, devo dizer-lhe que quem põe sal na panela, aqui, é o presidente da República. A nomeação já feita e o assunto encerrado.


    Editorial

    SEGURANÇA PARA ESTUDAR

    Foi com satisfação que este jornal estampou na capa da edição de ontem a foto da diretora do Centro de Ensino 2 do Paranoá junto com seus alunos. Em meio a tantos casos de violência entre colegas, uma iniciativa barata e criativa conseguiu transformar a escola em um local pacífico e tranqüilo, onde os estudantes podem se dedicar exclusivamente aos estudos e, como conseqüência, aprender mais e melhor.

    A medida foi separar os alunos por faixa etária pelos turnos matutino, vespertino e noturno. Com isso, a escola ganhou também o apoio da comunidade. Os pais conversaram com os filhos, que aceitaram usar uniforme, o que facilita bastante para quem faz a segurança dos órgãos de ensino.
    A região do Paranoá tem índices alarmantes de violência. Segundo pesquisas da Unesco e do Ministério Público, 35% dos adolescentes da região têm armas de fogo; 30% dos jovens estiveram envolvidos com tráfico de drogas; e 73% já cometeram algum tipo de delito. Com a conscientização, o Centro de Ensino 2 tem escapado dessa estatística perversa.

    O governo também dá sinais de que vai ajudar. Está em curso o Fórum de Debates sobre Segurança nas Escolas, que reúne autoridades, professores e especialistas em segurança pública. A idéia é formular estratégias rápidas e eficientes para combate r a violência. Em caso de sucesso, os brasilienses estarão mais seguros e melhor preparados para o mercado de trabalho.


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    09/27/2002


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