Garotinho repete acusações
Garotinho repete acusações
Candidato do PSB à Presidência volta a atacar Lula, Ciro Gomes e José Serra
O ex-governador Anthony Garotinho manteve, ontem, a linha que adotou no debate de segunda-feira na TV Record. ''Se havia gente mentindo naquele debate, o Ciro não era o único'', afirmou, referindo-se aos ataques do adversário tucano, José Serra, contra o representante da Frente Trabalhista. ''Apenas disse para ele: 'Olha, você está chamando o Ciro de mentiroso'. Mentira nos olhos dos outros é refresco. Então ele pode mentir e o outro não pode? O que é isso'', repreendeu o candidato.
Garotinho reafirmou, também, que não fez qualquer ataque a José Serra, mas às suas teses, mesmo quando chamou o adversário de ''mentiroso''. ''Não era uma mentira pessoal. Era sobre o programa de governo. Ele disse que ele era o pai do seguro-desemprego. Não é nem o tio. Tinha dito também que era o pai dos genéricos, depois descobriu que não era nem o sobrinho'', completou.
O ex-governador fluminense rechaçou ainda ter havido algum ''clima de entendimento'', com o presidenciável petista Luiz Inácio Lula da Silva. O candidato do PSB trocou perguntas com o petista durante o encontro.
''Tinha que perguntar para alguém, como ele me fez uma pergunta, eu também lhe dirigi a minha. Pena que ele não respondeu se o PT vai respeitar contratos, pois essa não tem sido a sua prática. Não houve nenhum tipo de combinação. O que houve foi diferença de estilo'', ponderou.
A tensão no ambiente do debate voltou à tona, nos comentários de Garotinho, que lembrou de suas recomendações aos adversários. ''Eu e o Lula temos divergências, mas nos comportamos civilizadamente. Os outros dois candidatos estavam precisando tomar uns calmantes. Eu até sugeri um genérico. Estavam nervosos, estressados''.
Ciro também não escapou das críticas de Garotinho, que relembrou as recentes declarações do candidato sobre sua namorada, Patrícia Pillar: ''Minha companheira tem um dos papéis mais importantes, que é dormir comigo. Dormir comigo é um papel fundamental'', tinha dito Ciro.
''Em primeiro lugar eu quero dizer que não uso a minha mulher, nem politicamente'', afirmou Garotinho. ''Quando decidimos ser candidatos sabíamos das situações às vezes assim, de ficar um pouco mais fora, sem vir em casa, mas petroleiro também às vezes fica muito tempo fora de casa. Mas não há nenhum tipo de problema. E ela está ajudando. Eu não quero que se utilize o meu casamento para comparação com ninguém'', concluiu Garotinho, que visitou ontem, no Riocentro, o 17º Congresso Mundial de Petróleo.
Serra empata com Ciro
Lula continua liderando, com 35%, e venceria qualquer adversário no 2° turno
BRASÍLIA - A pesquisa Ibope divulgada ontem à noite manteve o candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, à frente na corrida presidencial, com os mesmos 35% das intenções de voto que tinha na pesquisa anterior, realizada nos dias 24, 25 e 26 de agosto. Os candidatos do PSDB, José Serra, e da Frente Trabalhista, Ciro Gomes, aparecem empatados em segundo lugar, com 17% das intenções de voto, consolidando o empate técnico entre ambos, que começou a ser detectada nas pesquisas da semana passada. Na sondagem do Ibope, Ciro tinha 21% e Serra, 17%, mas o primeiro vinha num movimento de queda, enquanto o tucano vinha crescendo.
O candidato do PSB, Anthony Garotinho, aparece em quarto, com os mesmos 11% do levantamento anterior.
A margem de erro da pesquisa é de 1,8%, para mais ou para menos.
Nas simulações sobre o segundo turno, o candidato do PT continua sendo eleito com certa facilidade, independentemente do adversário que enfrentar. Caso a disputa for entre Lula e Serra, a vantagem do petista é de 48% contra 39%. No confronto com Ciro, Lula seria eleito com 48% contra 38% das intenções de voto. Em relação a Garotinho, a vantagem do petista é ainda maior: 51% contra 33%.
A pesquisa do Ibope mostrou que a tendência de queda de Ciro Gomes nas intenções de voto permanece. Na pesquisa anterior, o candidato da Frente Trabalhista apresentava 21%, e agora caiu quatro pontos percentuais em apenas uma semana. Já Serra manteve os mesmos índices da pesquisa anterior, permanecendo nos 17%.
O primeiro instituto a detectar uma queda nas intenções de voto em Ciro Gomes foi o Vox Populi, mostrando, na segunda passada, uma redução de 12 pontos percentuais na distância entre ele e Serra. No dia seguinte, o Ibope confirmou a tendência de queda de Ciro, reduzindo a diferença para 4 pontos percentuais. O empate técnico entre os dois foi sendo consolidado nas pesquisas divulgadas ao longo da semana.
A situação levou a comemorações nos comitês de campanha do candidato tucano. Por outro lado, sucederam-se as reuniões no comando de campanha de Ciro, em busca do caminho para retomar o crescimento da candidatura, que chegou a ser vista como favorita num hipotético segundo turno contra o líder Lula.
O quadro criado na disputa do segundo lugar, que dá direito a enfrentar Lula no segundo turno, aponta para uma tendência de um duelo ainda mais acirrado entre Ciro e Serra no último mês de campanha.
Depois do acusação, o recuo
BRASÍLIA - O candidato da Frente Trabalhista, Ciro Gomes, insinuou, durante o debate na Rede Record, anteontem à noite, que tinha documentos atestando que o tucano José Serra ofereceu cargos na administração pública ao presidente do PTB, José Carlos Martinez, em troca de apoio a sua candidatura. ''É regra do debate, que não se mostre documentos e cumprirei, mas Serra esteve na casa de Martinez oferecendo ministério'', disse Ciro mexendo em papéis enquanto afirmava que o encontro teria ocorrido em abril. No fim do debate, o Jornal do Brasil procurou a assessoria do candidato. O jornalista Luiz Costa Pinto, garantiu que Ciro tinha documentos, incluindo fotos e bilhetes, que comprovavam o encontro.
Ontem, a assessoria de Ciro recuou. Outros assessores confirmaram a existência de fotos. Mas não do encontro de Martinez com Serra. O registro seria de um jantar de Natal, realizado em dezembro passado, com o presidente Fernando Henrique Cardoso, na casa de Martinez. Os bilhetes, que apontariam exigências do tucano para jantar com Martinez, atestando o encontro, também foram prometidos. Mas não apresentados. O presidente do PTB disse que a reunião foi organizada pelo telefone. ''A secretária dele ligou uma dúzia de vezes'', afirmou.
Martinez foi afastado do comando da campanha de Ciro por envolvimento financeiro com Paulo César Farias, o tesoureiro de Fernando Collor. O fato foi lembrado por Serra no debate, provocando a reação de Ciro. O candidato também teria se equivocado quanto à data do encontro. Disse que o jantar foi em abril. Martinez declarou ao JB que esteve com Serra na noite de 31 de janeiro. O cardápio escolhido foi frango ao molho de mostarda sem alho e cebola. ''A secretária foi bem clara, lembrando que ele tem problemas de estômago'', disse. Serra teria pedido que não fosse servida carne vermelha. Martinez lembra que o tucano tomou vinho tinto chileno Gran Tarapaca. Um mimo caro, que custa quase R$ 100 a garrafa. ''Ele ainda vai me pagar esse vinho'', ironizou o deputado.
A única testemunha do encontro, segundo o próprio deputado, foi o motorista de Serra, na época ainda à frente do Ministério da Saúde. O jantar foi reservado. Segundo o deputado, o tucano estava disposto ''a oferecer tudo o que a gente quisesse para apoiar Serra''. A conversa teria começado com os palanques que o PTB teria nas eleições. ''Poxa, não posso ficar sem o apoio do PTB'', disse Serra para Martinez, de acordo com o parlamentar.
O líder do PTB na Câmara, Roberto Jefferson (RJ), disse que Serra ofereceu um ministério, a diretoria da Petrob rás e o financiamento de toda a campanha do PTB no país. ''Nós fomos tratados como uma prostituta que esnobou um príncipe'', comentou. O coordenador da campanha presidencial tucana, deputado Pimenta da Veiga, declarou que desconhecia tal encontro.
Candidato já foi condenado
Decisão contra Ciro na Justiça tem recurso no STJ
BRASÍLIA - No debate da TV Record, o tucano José Serra afirmou que o candidato da Frente Trabalhista, Ciro Gomes, foi duas vezes condenado por calúnia e difamação por denúncias sem provas contra o ex-ministro da Saúde Henrique Santillo, falecido em julho deste ano. O comitê de Ciro esclareceu que o processo ainda não transitou em julgado e tramita no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
O candidato do PPS foi condenado, há três anos, em primeira instância, pela Justiça paulista. Era governador do Ceará quando acusou, em um programa de TV, Santillo de ser conivente com a corrupção. Ciro foi condenado pela segunda vez pelo Tribunal de Alçada Criminal de São Paulo a pagar pena equivalente a dez-dias multa, cerca de R$ 10 mil. No mesmo ano, Ciro recorreu novamente ao STJ pedindo a anulação da sentença. O STJ julgará o processo nos próximos dias e o relator é o ministro Luiz Carlos Fontes de Alencar.
Também o Tribunal Regional Federal de Recife arquivou, por prescrição, outro processo contra Ciro, acusado de ofender um oficial de Justiça que iria intimá-lo.
Ainda no debate, Serra relembrou a herança de Ciro quando deixou o Ministério da Fazenda, em 1994: um déficit comercial que, anualizado, chega a US$ 7 bilhões. O Ministério da Fazenda confirma a informação. O tucano também bateu na queda do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) no Ceará quando Ciro era governador. O IBGE confirma a declaração de Serra. O Estado estava em 22º lugar no ranking nacional quando Ciro assumiu e tinha caído para 23% quando ele deixou o governo.
Ciro acusou Serra de ter gasto R$ 74 milhões em verba de publicidade este ano antes de deixar o Ministério da Saúde em 21 de fevereiro. Segundo dados oficiais, Serra gastou R$ 25,9 milhões em publicidade, sendo R 16,6 milhões de restos a pagar de 2001 e R$ 9,3 milhões de 2002. O dinheiro pagou campanhas educativas e de vacinação.
Ministro intima Ciro
Denúncia terá de ser provada na Justiça
BRASÍLIA - O ministro da Saúde, Barjas Negri, intimou judicialmente o candidato à presidência Ciro Gomes, do PPS, a provar a denúncia que fez ao vivo durante o debate entre os presidenciáveis na TV Record. Ciro afirmou que ''a corrupção do Ministério da Saúde era e continua sendo generalizada''. Segundo a notificação, encaminhada pela Advocacia Geral da União (AGU) à Vara Federal de Brasília na tarde de ontem, o candidato tem 48 horas para confirmar a declaração.
Ciro terá que apontar quem pratica corrupção dentro do ministério e dizer se o ministro é omisso diante dos fatos. Depois disso, a União deve processá-lo por calúnia. O advogado do candidato, Hélio Parente Filho, disse que só se pronunciará depois de receber a notificação.
O ministro rebateu colocações dos candidatos de oposição sobre a gestão da Saúde. Ciro afirmou, em entrevistas, que 75% das verbas da área são repassadas a hospitais privados. Segundo Negri, o setor privado, incluídas entidades filantrópicas, recebeu R$ 5,1 bilhões no ano passado. Os hospitais públicos ficaram com R$ 6,8 bilhões. ''Acho que ele (Ciro) demonstra desconhecimento sobre o Sistema Único de Saúde, está desatualizado e sua assessoria não o informa de maneira adequada'', disparou o ministro. Segundo a assessoria do candidato, ele realmente se equivocou: anotou 45% à mão em um pedaço de papel e leu 75% na TV. Serra, por sua vez, retirou os filantrópicos do cálculo. Comparando os R$ 2,5 bilhões repassados a hospitais particulares com o orçamento total da pasta, de R$ 26 bilhões, chegou aos 10% que citou na TV.
As críticas administrativas de Garotinho não serão objeto de processo judicial. Foram apenas rebatidas durante a entrevista pelo ministro e por Mauro Ricardo Costa, presidente da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Segundo eles, o ministério tem R$ 500 milhões para o combate a endemias, 70% deles usados contra a dengue. Em 1999, seguindo a previsão legal de descentralizar a Saúde, a verba passou a ser repassada a Estados e municípios.
O contrato temporário dos 5 mil agentes sanitários do Rio (mata-mosquitos) com a União foi, então, suspenso. Segundo Mauro Costa, em todo o Estado do Rio foram contratados, no entanto, outros 7 mil agentes, com as verbas repassadas pelo ministério. Costa alega, ainda, que o Estado recebeu R$ 5 milhões para reestruturar a Secretaria de Saúde e, ao longo de 18 meses, mais R$ 11 milhões para combate a endemias. ''Os recursos ficaram paralisados até março deste ano, aplicados no mercado financeiro'', acusa o presidente da Funasa.
Ataques continuam no horário eleitoral
BRASÍLIA - O bate-boca entre José Serra (PSDB) e Ciro Gomes (PPS) que dominou o debate na TV Record, continuou ontem no horário gratuito. Para abrir promessas para os idosos, Serra sacou uma declaração de Ciro a seu respeito. ''Ele disse que estou constipado pela idade, o que mostra desrespeito contra os idosos'', disse. E como de costume, no fim do programa voltou aos ataques diretos.
Ao mesmo tempo em que aparece uma foto do ex-presidente Fernando Collor, um locutor comenta que se trata de um político que foi prefeito e governador e é destemperado. A imagem muda em seguida, e o locutor diz que estava falando não de Collor, mas de Ciro.
Este não deixou por menos. De tarde já usara imagens de promessas da campanha de Fernando Henrique, comparando-as com as de Serra. Disse que o primeiro não cumpriu o prometido e, portanto, o segundo não seria confiável. Seguindo o modelo, o programa da tarde comparou as promessas sobre emprego. À noite, o alvo foram as promessas de Serra sobre segurança. ''Se não fizeram em 8 anos, você acha que farão em quatro?''.
Mantendo o estilo Lulinha paz e amor, Lula mostrou, nos dois horários, sua reunião com mais de 400 artistas, intelectuais e cientistas, na semana passada no Rio, combinando depoimentos de figuras como Celso Furtado e Ziraldo, com cenas de Lula sendo aplaudido e e abraçado por Chico Buarque e Zeca Pagodinho. ''As pessoas que aqui estão não apóiam um candidato, mas idéias. Estaremos revendo a questão da cultura neste país''.
Já Anthony Garotinho, que de tarde mostrou seu esforço para gerar empregos no estaleiro Verolme, no Rio, à noite prometeu que todas as cidades com mais de 100 mil habitantes terão um restaurante popular, que serve refeições a R$ 1.
Pane em aviões dá susto em Lula e Maluf
Petista troca de aeronave e viaja. Ex-prefeito cancela reunião
SÃO PAULO - O avião da TAM que transportava o candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, e sua comitiva para Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, teve problemas e precisou voltar para o aeroporto de Congonhas, em São Paulo, 15 minutos depois da decolagem, por volta das 10h30 da manhã de ontem.
O comandante Edgar Perez e o co-piloto José Roberto França perceberam no painel a luz indicativa de baixa pressão no sistema hidráulico. ''Por medida de segurança e observando o manual do fabricante, o comandante da aeronave desceu o trem de pouso, avisou aos passageiros e comunicou à torre que estava regressando a Congonhas'', disse a TAM, em nota.
Lula e sua comitiva seguiram viagem em outro avião da TAM, por volta das 11h50. Em Passo Fundo, o petista participou de um comício, ao lado do candidato do partido ao governo gaúcho, Tarso Genro, e do governador Olívio Dutra.
Problema semelhante aconteceu com o Paulo Maluf, candidato ao governo de São Paulo, que acabou cancelando a viagem que faria ontem pa ra São João da Boa Vista (229 km ao norte da capital paulista) e São Paulo depois que dois aviões apresentaram problemas.
Segundo a assessoria de Maluf, a explosão em uma válvula de pressurização interna da primeira aeronave obrigou o retorno. O avião não conseguia alcançar altitude. Maluf embarcou, então, em outro avião da Líder Táxi Aéreo, que, ainda na cabeceira da pista, apresentou novos problemas e uma luz vermelha acendeu repentinamente e o piloto decidiu abortar a decolagem. Maluf iria se encontrar com 25 prefeitos da região de São João da Boa Vista.
Governo cerca a Força Sindical
Corregedora pede ao Ministério do Trabalho rejeição de contas da central
BRASÍLIA - O uso do dinheiro do Fundo de Amparo do Trabalhador (FAT) pela Força Sindical, dirigida até recentemente pelo candidato a vice na chapa presidencial da Frente Trabalhista, Paulo Pereira da Silva, está novamente na mira do governo. A chefe da Controladoria Geral da União (CGU), ministra Anadyr de Mendonça Rodrigues, recomendou ontem ao Ministério do Trabalho que rejeite a prestação de contas de 2001 da entidade. A entidade recebe anualmente recursos para investir em programas de requalificação profissional dos trabalhadores. Anadyr sugere a suspensão temporária dos recursos até um exame minucioso das contas.
Para Anadyr, não houve ''erro de sistema'', como foi alegado pelo Ministério do Trabalho. Em julho, nota do ministério isentou a Força de responsabilidade direta pelas irregularidades apontadas por auditores como a duplicidade de nomes entre os trabalhadores. ''(Houve) a utilização do nome da mesma pessoa mais de uma vez para um mesmo curso, no sistema SIGAE e na lista de freqüência correspondente, o que não corresponde a erro de sistema, sem que a pessoa tenha realizado o curso mais de uma vez'', disse Anadyr, em nota oficial.
Numa análise preliminar, foi registrada a ocorrência de 51.939 repetições. A ministra aponta ainda que ''98,33% das fichas de freqüência analisadas possuíam algum tipo de divergência com os dados registrados no sistema''.
Anadyr aponta as ''fragilidades'' nos argumentos e justificativas apresentadas pela Força Sindical. E diz que a entidade não conseguiu dirimir as dúvidas levantadas pelos auditores, na correspondência encaminhada semana passada. As informações foram examinadas até segunda-feira pelos auditores da Secretaria Federal de Controle Interno, órgão ligado à própria CGU.
A controladora sugeriu a suspensão de novos repasses à Força até que as contas tenham sido saneadas. Encaminhou ao Tribunal de Contas da União (TCU) o relatório da Secretaria Federal de Controle Interno. A ministra quer a instauração de uma nova tomada de contas especial pelo TCU. E condena os pagamentos antecipados às entidades contratadas pela central para ministrar os cursos. E diz que ''a Força não seguiu a legislação vigente para suas contratações''.
O Jornal do Brasil publicou no último domingo reportagem sobre auditoria realizada pelo TCU, apontando irregularidades nas contas do FAT de 2000 e 2001. De acordo com o relatório, o Ministério do Trabalho falhou na fiscalização das verbas aplicadas não só repassadas à Força Sindical, mas também às outras principais centrais _ CUT, CGT e Social Democracia Sindical (SDS). ''O quadro exposto é grave, dadas as evidências de negligência no controle'', apontou a auditoria do TCU. A Central Sindical nega as acusações.
Também ontem, em São Paulo, Paulinho recebeu a intimação para depor no Ministério Público Federal, pouco tempo depois de conceder entrevista coletiva na qual prometia prestar depoimento em caso de nova convocação. O sindicalista já tinha faltado a duas e é testemunha na investigação sobre o possível superfaturamento na compra da fazenda Ceres, em Piraju (SP).
Segundo o presidente da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, o depoimento será sexta-feira, às 10h. Paulinho disse que não estava fugindo do procurador Célio Vieira da Silva e o acusou de persegui-lo. ''Isso é uma sacanagem com a Força Sindical. Eu sei para quem ele trabalha'', afirmou, sem dar nomes.
TSE devolve candidatura a Viana
Tribunal seguiu parecer de Brindeiro pelo fim do processo
BRASÍLIA - O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), decidiu, no fim da noite de ontem, anular o julgamento do Tribunal Regional Eleitoral do Acre que cassou, por cinco votos a um, o registro da candidatura do governador Jorge Viana (PT), ''por abuso de poder econômico e político''. Os ministros seguiram o parecer do relator, ministro Sálvio de Figueiredo, que por sua vez acolheu a recomendação do procurador-geral eleitoral, Geraldo Brindeiro. O procurador havia emitido parecer favorável à anulação.
Tecnicamente, Brindeiro opinou pela ''extinção do processo sem julgamento de mérito'', no parecer enviado ao ministro Figueiredo. No entender do procurador - que concluiu seu parecer em tempo considerado recorde, às 23h de anteontem -, ficou caracterizado ''cerceamento de defesa'', com prejuízo para o governador Jorge Viana (PT), no julgamento realizado, pelo TRE do Acre, na madrugada do dia 24 de agosto.
O procurador-geral eleitoral admitiu, no parecer, que ''o uso maciço da logomarca (uma castanheira estilizada, acompanhada da expressão 'Acre, Governo da Floresta') em bens públicos, pode caracterizar abuso de poder econômico e político''.
Mas que o fato deveria ser apurado mediante a investigação, correndo o processo perante a Corregedoria. O que não ocorreu.
''O procedimento do registro da candidatura é bastante sumário, e se destina mais a aferir, com relação ao candidato, se ele preenche as condições de elegibilidade e não incide em alguma causa de inelegibilidade'', avalia Brindeiro. E acrescenta: ''A inversão do procedimento, no caso, sem dúvida, importou cerceamento de defesa''.
Em síntese, o procurador-geral eleitoral deu razão aos advogados do governador Jorge Viana: ''A jurisprudência do TSE é pacífica, no sentido de que o abuso de poder deve ser apurado na investigação judicial, e não no processo de registro de candidatura''.
FH a um passo da ONU
Presidente diz ter sido sondado para atuar no órgão
JOANESBURGO - O presidente Fernando Henrique Cardoso confirmou ontem ter sido sondado para assumir um cargo da ONU após deixar o governo. ''O Secretário Geral Kofi Annan, acabou de me pedir para ficar alerta a uma possibilidade de desempenhar uma tarefa em nome da organização'', disse FH após encontrar-se com o Secretário Geral. ''Ele perguntou se eu estaria disponível para uma conversa. A princípio seria uma colaboração do ponto de vista intelectual, não um trabalho burocrático. Depois do mandato quero descansar um pouco'', disse o presidente.
A considerar o tom dos discursos em viagens internacionais, FH estaria inclinado a aceitar uma tarefa relativa a reforma do sistema financeiro internacional. Mas teria percebido uma ausência de líderes mundiais que expressem as demandas ambientais da sociedade, surgidas desde a Rio 92. A articulação para fazer de FH uma espécie de porta-voz de demandas ambientais envolve o assessor da Presidência, Fábio Feldman. Amigo do presidente, Feldman organizou no Rio um encontro não-oficial de Chefes de Estado para, simbolicamente, passar a Joanesburgo o ''espirito do Rio'' e garantiu visibilidade internacional a Fernando Henrique.
O assessor também teria aproximado dessa articulação o economista Ignacy Sachs, diretor do Centro de Pesquisas sobre o Brasil Contemporâneo da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais, de Paris, e ex-assessor da Rio 92. Outra indicação de que Fernando Henrique irá mesmo se dedicar à questão ecológica internacional foi a formalização, ontem, do Grupo de Ação dos Megadiversos, que reúne os 15 países que detém quase 70% da diversidade biológica do planeta.
''Entre os objetivos estão a harmonização da legislação sobre conhecimento tradicional e repartição da eventual comercialização de produtos oriundos da biodiversidade'', informou Vicente Essinger, ministro mexicano do meio ambiente. O presidente do Grupo ocupará bom espaço na política internacional, ao intermediar as relações entre os países ricos - cujos laboratórios usam, sem remunerar, a diversidade biológica - e o Grupo, integrado por África do Sul, Bolívia, Brasil (que contribui com 20% do total), China, Colômbia, Congo, Costa Rica, Equador, Índia, Indonésia, Quênia, Madagascar, México, Peru e Venezuela.
Marco Aurélio não quer reforma
Em entrevista ontem na Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), o presidente do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio Mello, no exercício da Presidência da República, afirmou ser contrário à modificação sistemática da Constituição Federal.
Segundo ele, foi um erro se mexer tanto na Constituição: ''É inimaginável que antes da prática maior da Constituição se emende essa mesma Carta 44 vezes'', afirmou.
Para regulamentar os mais de 50 dispositivos que se acham em aberto, o presidente em exercício afirmou ser necessário vontade política dos representantes do povo, que são os deputados e senadores.
Marco Aurélio também afirmou ser contrário a um projeto de reforma do Judiciário. Para o presidente do STF e em exercício na República, é preciso primeiro fazer com que os atuais dispositivos constitucionais sejam efetivamente adotados.
O presidente comentou ainda, a proposta de adoção da chamada súmula vinculante, idéia defendida por presidentes de outros tribunais superiores, como o ministro Nilson Naves, do Superior Tribunal de Justiça. Pelo dispositivo, uma decisão em instância superior geraria efeito suspensivo em qualquer demanda semelhante que estivesse nas instâncias inferiores.
Bate-boca no Senado
Parlamentares divergem sobre renegociação da dívida mobiliária de Alagoas
BRASÍLIA - Um bate-boca acalorado entre senadores da oposição e aliados do governo marcou a sessão de ontem no Senado. A briga é pela renegociação da dívida mobiliária de Alagoas, que envolve R$ 1,2 bilhão em títulos públicos.
Os títulos dessa dívida foram considerados irregulares pela CPI dos Precatórios e foram anulados pelo Tribunal de Justiça de Alagoas. Ainda assim, os senadores alagoanos Teotonio Vilela Filho (PSDB) e Renan Calheiros (PMDB), aliados do governador Ronaldo Lessa (PSB), entendem que não há saída para o Estado senão acertar a dívida com os credores. ''Mesmo com a Justiça declarando os títulos inválidos, o Estado continua devedor disso. É uma ilusão achar que a alternativa do calote atende aos interesses do Estado'', defende Teotonio Vilela.
Alagoas já vinha fechando um acerto com a União, mas ele estava condicionado ao ''pronunciamento final da Justiça sobre a validade dos títulos'', como diz o acordo. Com apoio do vice-líder do governo, senador Romero Jucá (PSDB-RR), Teotonio apresentou um projeto de resolução que muda esse entendimento e permite que a renegociação aconteça logo. Ela seria feita já e ''caso a Justiça venha a declarar nulas as letras, os credores deverão restituir'' o valor que receberam.
A proposta de Teotonio foi aprovada, na semana passada, em uma sessão da Comissão de Assuntos Econômicos. A oposição, no entanto, apresentou dois recursos ao Senado, tentando anular aquela reunião. Os parlamentares Heloísa Helena (PT-AL) e Tião Viana (PT-AC) alegam que os senadores não foram avisados da sessão e que houve irregularidades na composição do número mínimo de parlamentares exigido para aprovação da medida. Os recursos foram enviados à própria Comissão de Assuntos Econômicos e também à Comissão de Constituição e Justiça.
''Isso não é rolagem, mas sim fazer o Estado assumir uma dívida. Com essa resolução o Estado vai passar a dever R$ 1,2 bilhão'', criticou a senadora petista Heloísa Helena. Para ela, os credores é que devem brigar na Justiça para provar que os títulos comprados são válidos. A senadora aponta ainda que Teotonio Vilela é interessado na renegociação, pois uma empresa do senador (Usina Seresta) teria usado cerca de R$ 700 mil desses títulos para pagamento de uma dívida assumida com a Companhia Energética de Alagoas.
Candidato no PA usa aviões oficiais
Frente entra com pedido de liminar
BELÉM - O candidato ao governo do Pará pelo PSDB, Simão Jatene, está usando aviões do estado para fazer campanha eleitoral. A acusação é da Frente Trabalhista ((PTB-PDT-PPS-PTN), que entrou com uma representação, com pedido de liminar, contra a coligação União pelo Pará (PSDB-PPB-PFL-PSD-PRP-PV-PTdoB-Prona-PSDC-PRTB-PST) por prática de crime eleitoral. A representação visa a punir os candidatos a governador e vice, e o governador Almir Gabriel.
Segundo o advogado Inocêncio Mártires, a ''vibrante'' participação do governador na campanha à sua sucessão está invadindo terreno proibido pela legislação eleitoral, o que coloca em risco a ''igualdade de oportunidades entre os concorrentes''. Além da multa, ele pede a cassação dos registros.
A irregularidade mais grave, no entanto, é o uso de aeronaves do governo e da estrutura administrativa do estado na campanha. No início de agosto, o governador se deslocou - junto com assessores, candidatos ao Senado, à Câmara dos Deputados e à Assembléia Legislativa - para os municípios de Ourilândia do Norte e Tucumã, no sul do Pará, nos aviões de prefixos PT-OPC, PP- EPV, PT-LYT e PP-ETQ, do governo do Estado.
As imagens gravadas por cinegrafistas a serviço da Frente Trabalhista foram exibidas na televisão. No final da tarde de ontem, a juíza eleitoral Roseleide Cunha Filomeno, concedeu liminar à União pelo Pará, proibindo o uso das imagens de Simão Jatene e Almir Gabriel descendo dos aviões do Estado, naqueles municípios. Assessores do governo e de Jatene disseram que as imagens apresentadas são frutos de montagem.
Rita dribla crítica ao governo FH
Vice diz que, com Serra, país entrará em novo ciclo
Autora de uma lei que proíbe a revista íntima em funcionárias, aprovada em 1999, a candidata a vice na chapa do presidenciável tucano José Serra, deputada federal Rita Camata (PMDB), disse ontem, em visita à fábrica de roupas íntimas DeMillus, na Penha, que desconhecia o fato do local ter sido palco da histórica greve de 1989, que resultou em 250 demissões. Na ocasião, as trabalhadoras se voltaram contra a obrigação de tirar a roupa para comprovar que não haviam praticado furto. ''A empresa está cumprindo a lei. Retrovisor, não vamos usar. Vou começar a falar igual ao Serra: vamos para a frente'', disse a candidata.
Rita, que fez campanha também na fábrica Duloren, em Vigário Geral, adotou a postura de olhar para a frente não só em relação à visita íntima. Assim como Serra, esquivou-se das críticas sobre o governo FH falando sobre o futuro. Questionada sobre a criação de 8 milhões de empregos, promessa de Serra, e ainda sobre o fracasso do governo FH na área, respondeu: ''São ciclos. Tivemos, na década de 60, a recessão; em 80, crescimento sem distributividade; e nessa fase, estabilidade da moeda e da economia. Vamos entrar em um novo ciclo. Com o Serra, vamos fazer o país crescer'', afirmou Rita, destacando que o tucano pretende aumentar a exportação e, com isso garantir investimentos para a criação de empregos.
Sobre o debate dos presidenciáveis, na segunda-feira, Rita negou que Serra tenha ficado desgastado com os ataques dos concorrentes. ''Ele mostrou que é um diferencial. Temos um programa de governo e ele conseguiu apresentar isso, o que não aconteceu com os demais.''
Durante a visita à DeMill us, que tem 3.500 funcionários (95% mulheres), Rita falou sobre projetos aprovados durante os quatro mandatos como deputada e pediu votos para Serra. Ao cumprimentar a funcionária Waleska Ferreira, 24, destacou a atuação em defesa da mulher. Embora tenha dito desconhecê-la, Valeska, que trabalha há oito anos e ganha R$ 220, disse que vai votar em Rita. ''Vou colaborar com ela. Já ganhou.''
Na Duloren, onde foi presenteada com dois sutiãs e uma calcinha, duas das peças em renda azul, Rita pode ter garantido outros votos, mas não o da costureira Tânia Gonzaga, 41, há 25 anos na fábrica. Com um panfleto do presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao lado de sua máquina, disse que Serra é ''conseqüência do presidente que está aí, que só piorou a situação do trabalhador'' ao mudar o sistema de aposentadoria. ''De mim, ele (Serra) não vai ganhar voto. Já entrou muita gente rica e não adiantou. Os ricos não sabem o que é pobreza. Lula sabe.''
No Rio, Rosinha venceria no 1º turno
Ex-primeira-dama teria 45% contra 35% dos adversários
Pesquisa Ibope divulgada ontem à noite sobre a disputa pelo governo do Estado do Rio mostra que a candidata do PSB, Rosinha Garotinho, venceria no primeiro turno, caso a eleição fosse hoje. Rosinha cresceu um ponto percentual desde a última pesquisa do mesmo instituto, feita em 27 de agosto, e aparece agora com 45% das intenções de voto. Os percentuais de seus adversários, somados, chegam a apenas a 35%.
Jorge Roberto Silveira, do PDT, vem em segundo lugar, com os mesmos 15% da pesquisa anterior. A governadora petista Benedita da Silva está em terceiro lugar, tendo crescido um ponto desde a última sondagem: ela tinha 11% e, agora, aparece com 12%. A pefelista Solange Amaral está com os mesmos 7% do levantamento anterior.
Os demais candidatos ao governo somam 1%. Pretendem votar nulo ou em branco 5% dos eleitores e 15% não sabem em quem votar ou não quiseram responder aos entrevistadores.
Nas simulações de segundo turno, Rosinha vence com facilidade seus adversários. Se enfrentasse Jorge Roberto, seria ganhadora por 59% contra 26%. Se sua adversária fosse Benedita, Rosinha venceria por 63% contra 21% dos votos para a petista.
O Ibope apurou também o grau de rejeição de cada candidato. Esse levantamento é importante na hipótese de haver segundo turno, quando para um candidato vencer precisa atrair eleitores de adversários que ficaram fora da disputa.
A pior situação é a de Benedita. Um total de 41% dos entrevistados respondeu que não votaria nela em qualquer hipótese. A governadora é seguida por Solange Amaral, que tem 15% de rejeição. Vêm, em seguida, Rosinha (13%) e, por fim, Jorge Roberto (9%), que tem a menor rejeição dentre os candidatos mais fortes.
Na corrida para o Senado, se a disputa fosse hoje estariam eleitos o deputado peemedebista Sérgio Cabral Filho, com 41% das intenções de voto, e o bispo evangélico Marcelo Crivella, do PL, com 27%. Em terceiro lugar aparece o presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, com 17%, e, em quarto, o senador Arthur da Távola, que tenta a reeleição, com 15%.
O Ibope pesquisou, também, o grau de aceitação do governo Benedita da Silva. A maioria dos eleitores no Estado (56%) desaprova sua gestão, enquanto 26% a aprovam.
Dentre os entrevistados, 64% afirmaram já ter assistido à propaganda eleitoral gratuita na televisão. E 35% responderam que nunca viram os programas eleitorais.
O Ibope ouviu 1.600 eleitores em 39 municípios do Estado nos dias 30 de agosto e 1° de setembro. A margem de erro da pesquisa é de 2,5 pontos percentuais, para mais ou para menos.
PT rejeita acordo dos galhardetes
A tentativa do Tribunal Regional do Trabalho (TRE) de proibir os galhardetes nas ruas do Rio ficou no poste. Não houve consenso entre os partidos, como esperava o órgão. A iniciativa do juiz Cláudio Brandão, coordenador de fiscalização da propaganda eleitoral, de limpar as ruas, foi em vão com a resposta da coligação PT / PCB / PMN / PC do B.
A justificativa do Partido dos Trabalhadores será encaminhada hoje ao tribunal. ''O uso dos galhardetes está previsto em lei. Seria um prejuízo para os candidatos se caíssem. Para os partidos que têm tempo na TV, isso é de menos, mas se um candidato a deputado perder o galhardete, quem vai saber que ele está concorrendo?'', argumentou o diretor do departamento jurídico do PT, Luiz Paulo Viveiros.
Em reunião realizada na segunda-feira, representantes dos partidos presentes - entre eles os da coligação Todos Pelo Rio (PFL-PMDB-PSDB) e Frente Trabalhista (PDT-PPS-PTB) - concordaram em retirar o material das ruas. Ausentes no encontro, 11 partidos, entre eles o PSB e o PT, tinham prazo até hoje para se manifestar. A coligação PSB / PPB / PST / PTC / PSC/ PRP / PSD / PGT ainda não divulgou comunicado. Mesmo assim, a decisão do PT derruba o pacto, e os galhardetes continuam nas ruas. ''Mas vamos continuar a reprimir os abusos'', comentou Brandão.
O caso virou assunto no primeiro debate pela TV entre os candidatos ao governo do Estado. O Jornal do Brasil adiantou o interesse do TRE em proibir os galhardetes na cidade, como acontece em Petrópolis.
Liberadas aparições de candidatos na TV
BRASÍLIA - No meio da ''guerrilha'' de representações promovida pelos candidatos à Presidência da República para tirar proveito dos programas de propaganda gratuita dos oponentes, os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já fixaram um entendimento: qualquer um deles pode aparecer nos programas dos candidatos de seus partidos ou coligações nos estados, desde que não façam auto-propaganda.
O ministro Peçanha Martins negou pedidos dos advogados de José Serra (PSDB-PMDB) para suspender a aparição de seu adversário Ciro Gomes (Frente Trabalhista) nos programas gratuitos do candidato a senador pelo Distrito Federal, Lauro Campos, e do pretendente ao governo de São Paulo pelo PPS, Antonio Cabrera.
Os presidenciáveis podem, portanto, aparecer nos programas de propaganda eleitoral regionais, ''desde que limitada (a aparição) à manifestação de apoio aos titulares daquele espaço'', de acordo com um dos despachos do ministro.
Já o candidato do PSB, Anthony Garotinho, não pode mais participar dos programas de seus correligionários em Minas Gerais. Foi punido pelo ministro José Gerardo Grossi porque aproveitou o espaço da candidata ao governo mineiro, Margarida de Mattos Vieira.
PDT entra no TRE contra Crivella
O Partido Democrático Trabalhista (PDT) fez ontem uma representação à Justiça Eleitoral pedindo a suspensão do registro da candidato ao Senado Marcelo Crivella (PL). O partido alega que está havendo ''abuso do poder econômico e do poder político'' por parte de Crivella. Segundo Carlos Lupi, que disputa o Senado pelo PDT, uma fita estaria sendo distribuída aos fiéis nos templos da Igreja Universal do Reino de Deus, vinculando irregularmente a ONG que desenvolve o Projeto Nordeste - um plano agrícola criado por Crivella - à sua propaganda.
A principal tese do PDT é que o texto do vídeo, ao pedir contribuições populares para uma conta bancária específica destinada ao Projeto Nordeste, infringe a legislação. O Projeto Nordeste, segundo Lupi, estaria se transformando em agente de propaganda eleitoral. ''As doações se tornam ilegais, ferindo a legislação.'' Lupi afirma que toda movimentação financeira das campanhas eleitorais deve ter sua origem claramente identificada e passar por contas-correntes especialmente abertas. Os partidos políticos devem especificar as movimentações destas contas à Justiça Eleitoral.
''É propaganda eleitoral em dimensões e custos não imaginados'', afirma Lupi. A representação do PDT afirma que nas fitas ''está impresso o número da conta corrente, agência e banco em que devem ser ef etuados depósitos para 'contribuição' do povo''. O PDT pede ainda uma perícia contábil do Projeto Nordeste, para comprovação do destino das quantias depositadas nas contas-correntes destinadas às doações''.
No fim da tarde de ontem, a assessoria de Marcelo Crivella distribuiu uma nota afirmando que o Partido Liberal decidiu entrar com uma queixa-crime contra Carlos Lupi, por calúnia e difamação. Além disso o partido pediu à Justiça Eleitoral a suspensão do programa de Lupi no horário gratuito e direito de resposta no horário do PDT. A nota lamenta que o ''desespero tenha tomado conta de alguns candidatos ao Senado, que estão sendo esquecidos pelos eleitores em recentes pesquisas de intenção de voto''.
Artigos
Ares novos no Judiciário
Luis Felipe Salomão
O Judiciário busca adaptar-se aos ventos do novo século. É bom lembrar que no Brasil haverá, em 2005, o maior contingente de jovens-adultos a atingir a faixa etária entre 15 e 30 anos. Serão mais de 50 milhões de brasileiros para demandarem emprego, saúde, educação, lazer e previdência.
Nesse contexto, é sempre bom sublinhar que não há democracia real sem a existência de um Poder Judiciário independente. Não foi por acaso que, entre nós, o Ato Institucional nº 5, de 13/12/1968, fulminou as garantias da magistratura (vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de vencimentos) e estabeleceu censura à imprensa. Amordaçada a sociedade e ameaçados os juízes, o poder é exercido sem medidas, dispensando as mesuras de estilo.
Em situações tais, não se pode contar com um juiz independente para resolver litígios entre os cidadãos - poderosos ou não - nem para solucionar com isenção uma questão contra o próprio Estado. E são tantas as arremetidas ilícitas do Estado contra os direitos individuais e coletivos, freqüentemente originadas por medidas ditas de emergência, que às vezes tem-se a impressão de que ainda se vive naquele triste período de autoritarismo.
Para ilustrar os novos tempos, busco três exemplos que indicam que os raios de sol começam a penetrar no Poder cuja blindagem vem sendo quebrada, aos poucos, por exigência da sociedade moderna.
Refiro-me, em primeiro lugar, a iniciativa pioneira do ministro Marco Aurélio Mello (presidente do STF), implementando a TV Justiça, um marco histórico de transparência. As sessões do Supremo estão sendo transmitidas para todo o país e a população passa a tomar conhecimento de diversas iniciativas dos operadores do direito, em um tempo em que a comunicação com a sociedade é fundamental para a legitimação do poder exercido pelos juízes.
Nessa esteira, vem também a iniciativa da Associação dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro de produzir um programa de rádio semanal, veiculado em mais de 10 estações no Estado, denominado Um novo tempo na Justiça, de utilidade pública e esclarecimentos sobre o funcionamento do Judiciário. Há pouco colocamos no ar o Canal Cidadão , site de consulta para o fortalecimento da cidadania (www.amaerj.org.br).
A segunda menção diz respeito ao conjunto de medidas apresentadas à Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, que teve ressonância nacional e que representa um movimento de democratização interna do Judiciário. São três propostas de emenda à Constituição Estadual (fim das sessões secretas e votos abertos nas decisões administrativas, eleições diretas para os cargos diretivos dos tribunais e fim do nepotismo nos três poderes do Estado). A primeira já foi aprovada.
Nessa mesma onda de ética e transparência, estamos assistindo no Judiciário fluminense a uma enxurrada de inaugurações de novos fóruns e juízos, com melhores condições de trabalho e descentralização da administração da justiça, tanto na capital quanto no interior, além da implantação do sistema integrado de processamento, promovido pela Corregedoria Geral da Justiça, que objetiva padronizar o processamento nos cartórios judiciais - tornando mais eficiente e transparente o funcionamento. O novo sistema torna mais democrático o funcionamento do Judiciário, a par de conferir-lhe absoluta lisura e impessoalidade.
São apenas alguns exemplos de que podemos mudar, construir um novo Judiciário. É essencial que a cidadania organizada participe desse movimento. Como disse João XXIII, ao convocar o Concílio Vaticano II - que representou uma grande revolução nas posições da Igreja -, estamos diante de ''ares novos''.
Colunistas
COISAS DA POLÍTICA – Dora Kramer
Tudo que é demais, enjoa
É provável que a maioria dos críticos do primeiro debate dos candidatos a presidente na televisão tenha considerado eletrizante o embate de segunda-feira à noite. Daquela vez, argumentou-se, o excesso de normas limitou a performance dos atores.
É possível, portanto, que desta vez, impressionados com as reclamações, os quatro postulantes à Presidência da República tenham resolvido que a falta de educação e o desrespeito às regras previamente estabelecidas pelas respectivas assessorias dariam qualidade artística ao espetáculo.
Pois conseguiram apenas expor o mediador ao constrangimento de erros flagrantes na avaliação do que seriam ofensas pessoais, para a concessão de direito de resposta, e exibir a si mesmos como provas vivas de que a liberdade na arte do contraditório não é para quem quer. É para quem pode e sabe usar.
A ignorância da evidência denota escassez de outros tipos de atributos, absolutamente indispensáveis aos que se pretendem líderes de uma parcela de seus semelhantes.
Não escapou ninguém e, desse ponto de vista, não houve vencedores, apenas perdedores. Entre os quais incluem-se aqueles que, por dever de ofício, curiosidade ou cidadania, perderam sono e tempo até quase meia-noite.
Não que os debates entre os candidatos sejam dispensáveis ou desnecessários. Ao contrário.
Mas, daqui para a frente, ou estabelece-se a obrigatoriedade da observância à regra segundo a qual há vida inteligente do lado de cá dos aparelhos de televisão, ou a tendência será a desmoralização do debate por uso indevido do instrumento.
Os autores das normas começaram a ser feitos de tolos no momento preciso em que Boris Casoy informou que os candidatos deveriam se ater aos temas propostos (saúde, educação, segurança, habitação e emprego), passou a palavra a Ciro Gomes e o candidato da Frente Trabalhista chamou José Serra para a briga.
''O senhor tem agora a oportunidade de fazer, pessoalmente, os ataques que faz anonimamente no horário eleitoral'', convidou Ciro, prontamente atendido por Serra. O tucano deveria calar?
Não, mas poderia muito bem ter lembrado ao mediador que aquele não era o momento para provocações diretas.
E por que não o fez? Obviamente porque também estava de espírito armado até os dentes (nesse caso, as almas dispõem de toda sorte de potiagudezas, inclusive as não catalogadas em dicionário), pronto para qualquer revide.
De tal modo estava Serra fixado em Ciro - e vice-versa - que se deixou pegar desprevenido pelo velho truque da união de todos contra um. Ignorando a filosofia da troca de perguntas entre candidatos, Lula, Garotinho e Ciro levantaram várias bolas para o parceiro chutar, de modo a que todas batessem em Serra.
Como ele só podia responder no tempo que lhe cabia ou no direito de resposta, acusou o golpe, passou a interromper o mediador e pareceu impertinente a quem estava assistindo. Ora, os outros driblaram as regras, deram-se a uma esperteza malandra, mas Serra perdeu-se ao espernear.
Tratava-se de uma injustiça segundo o que fora combinado? Sem dúvida, mas o tucano está bem grandinho para entender que candidatura governista tem seu ônus.
Na aflição, abriu espaço às contestações. Ciro valeu-se da cumplicidade dos outros dois - que passaram a interferir na autoridade concedida ao mediador quando o reclamante era Serra - e acabou conseguindo, pelo poder dos gritos em coro, obter direito de resposta sem que houvesse razão.
Quando Serra disse que José Carlos Martinez fora afastado da campanha devido à antiga sociedade com Paulo César Farias, não incorreu em ofensa pessoal. Tanto que Ciro, no tempo dado por Casoy, não fez uma única referência àquela afirmação.
Ao encerrar a troca de concessão de direitos de resposta deixando Serra em desvantagem, o mediador tomou a única atitude possível para não perder o controle total da situação.
Até porque Lula havia acabado de lhe passar uma reprimenda - ''desse jeito, é melhor chamar só o Ciro e o Serra para o debate'' -, lembrando que, como primeiro colocado, merecia respeito, até por ter aceito comparecer ao programa.
Respeito, de fato, é bom, mas todo mundo gosta. Principalmente quem hesitará em ligar de novo a TV para assistir a Lula comportando-se como divindade, Garotinho como animador de auditório, enquanto Serra e Ciro trocam farpas que, não demora, degeneram em tapas.
Como se dizia antigamente, suas excelências precisam mudar o disco. Isto é, se a idéia é que sobre alguém disposto a lhes dar ouvidos.
Editorial
DEBATE NEGATIVO
O segundo debate feito pela TV Record em São Paulo, entre os quatro candidatos presidenciais num confronto de propostas, desviou-se para o lado pessoal e repercutiu como espetáculo negativo. O lado folclórico deu a nota.
Foi uma decepção geral considerando que o cidadão está a um mês da eleição e cerca de 40% do eleitorado ainda não definiram preferência por nenhum deles. O encontro era para apressar as opções políticas da sociedade a partir do confronto entre seus programas de governo.
Todos foram, de alguma forma, culpados pelo nível do espetáculo. O tom pessoal caracterizou o choque entre os candidatos da Frente Trabalhista e da aliança PSDB-PMDB, Ciro Gomes e José Serra, dados pelas pesquisas como tecnicamente empatados em segundo lugar.
Anthony Garotinho aplicou-se a provocações pessoais. Mas o efeito negativo criou uma espiral que puxa para baixo o padrão da campanha. A repercussão foi mais anedótica do que eleitoral. As pessoas só se referiam ontem aos ridículos que preencheram o vácuo de propostas.
Depois do programa, Luiz Inácio, do PT, lamentando a oportunidade perdida, afirmou que ''o povo quer ser respeitado''. Lula foi quem mais se protegeu da tentação de não levar a sério o confronto.
A prática antropofágica de que estão se valendo Ciro e Serra pode se voltar contra os dois e eliminar a necessidade de segundo turno, antecipando o resultado para o primeiro. Os quatro perderam a oportunidade e se arranharam.
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09/04/2002
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