Gaúchos atrás de aliados










Gaúchos atrás de aliados
Com a pesquisa boca-de-urna do Ibope reafirmando as sondagens anteriores, que indicavam a ida de Germano Rigotto (PMDB) e Tarso Genro (PT) para o segundo turno da disputa ao governo gaúcho, os dois candidatos começam a pensar nos potenciais aliados que irão buscar na próxima etapa.

No estado, apenas 0,23% das 23.515 urnas apresentaram defeito, facilitando a apuração. Até as 23h, 93,3% dos votos já estavam apurados e o candidato do PMDB lidera com 41,3%, seguido pelo petista, com 37,1%. O terceiro colocado era Antonio Britto (PPS), que aparecia bem mais atrás, com 12,1% dos votos.

Rigotto disse que seu crescimento "vai continuar" e previu "novas adesões", sem indicar quais as forças políticas que deverão estar a seu lado. Ele voltou a atribuir a ascensão que teve nas pesquisas ao estilo "agregador" de sua campanha, onde evitou ataques aos demais candidatos.
Representante da aliança União pelo Rio Grande (PMDB-PSDB-PHS), Rigotto recebeu ontem a primeira demonstração de apoio, que partiu do adversário Antônio Britto. Em entrevista no começo da noite, Britto abriu seu voto para Rigotto no segundo turno, depois de admitir a derrota.

"Num time há alguns com a tarefa dura e desgastante de marcar, brigar pela bola e enfrentar o terreno pesado", descreveu. "A outros, cabe a de ocupar o espaço vazio, driblar e fazer o gol", acrescentou.

Tarso afirmou que quer o apoio dos trabalhistas. Ele recebeu adesões do PDT já durante o primeiro turno, embora a legenda tenha oficialmente fechado apoio a Britto, depois que seu candidato ao governo, José Fortunati, renunciou. Além de esperar respaldo entre os trabalhistas, Tarso citou algumas premissas – como a defesa do Rio Grande do Sul e dos servidores públicos – com as quais irá trabalhar para procurar líderes de todos os partidos.

Ele ressaltou que terá tempo igual na propaganda gratuita, o que qualifica o debate, em sua opinião.


Aécio já articula frente tucana
Presidente da Câmara confirma pesquisas e deve se eleger em primeiro turno ao governo de Minas Gerais

O presidente da Câmara dos Deputados, Aécio Neves, que garantiu ontem sua eleição em primeiro turno ao governo de Minas Gerais, iniciou a articulação de apoio dos governadores eleitos do PSDB ao próximo presidente da República. O tucano mineiro quer que os seus companheiros de partido que forem eleitos ou reeleitos participem com ele de um projeto que, conforme disse, buscará garantir a governabilidade do País.

O tucano mineiro disse que não se intitula líder nesse processo, mas afirmou que tal movimento é necessário mesmo se o presidente eleito for Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas reafirmou sua torcida por José Serra (PSDB), para quem disse que estará em campanha se houver segundo turno.

Para isso, Aécio disse já ter "sondado" os governadores tucanos Geraldo Alckmin (SP) e Marconi Perillo (GO), que buscam a reeleição. "Eu não tenho pretensão de me autoproclamar líder de absolutamente nada, mas eu pretendo colocar a presença do governo de Minas à disposição do próximo presidente da República na construção da governabilidade."

Aécio acrescentou: "Essa é a nossa responsabilidade de homens públicos e até de governadores, que precisamos ter o país sereno, voltando a crescer e atraindo investimentos. Nós todos somos dependentes disso também."

Com 58,9% das urnas apuradas, até as 23h20, Aécio liderava com 56,8% dos votos válidos. Atrás de Aécio, aparecia o candidato do PT, Nilmário Miranda, com 31,8% dos votos válidos. Newton Cardoso (PMDB), vice-governador de Itamar Franco, estava em terceiro lugar, com 6,3% dos votos válidos.

A pesquisa de boca-de-urna realizada pelo Ibope antecipou que Aécio teria 58% dos votos, contra 27% de Nilmário e 9% de Newton Cardoso. A virtual vitória do tucano já havia sido indicada pelo Datafolha, que divulgou pesquisa em que Aécio liderava com 61% dos votos válidos, Nilmário em segundo com 20%, e Newton com 14%.

Jarbas vence com facilidade
A vitória do governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), prevista por todas as pesquisas de opinião, era confirmada até às 22h30 de ontem, com 60,3% dos votos válidos, de um total de 41%% de urnas apuradas. A comemoração estava prevista para ser animada por dois trios elétricos na Praia de Boa Viagem.

Embora não ameaçasse, o vereador petista Humberto Costa, aparecia com uma votação bem maior do que as indicadas pela pesquisa. Ele tinha 34,5% dos votos, quando somente nesta última semana, havia conseguido ultrapassar os 20% da preferência do eleitorado, de acordo com o Ibope.

A eleição no Recife se transformou em um carnaval, com bandas de frevo, maracatu e muita gente fantasiada ocupando praças e ruas, com bandeiras e bolas coloridas. Nove pessoas foram presas em Caruaru, no Agreste, sendo depois liberadas, devido à boca-de-urna.

Na Bahia, a oposição baiana comemorou a reação dos candidatos ao governo do estado, que tornou menos contundente a anunciada vitória de Paulo Souto, do PFL, ligado ao senador Antonio Carlos Magalhães. A pesquisa boca de urna do Ibope animou os oposicionistas que chegaram a prever segundo turno.

Souto, até então favorito absoluto, apareceu com 52% (7 pontos menos que a pesquisa divulgada no sábado) seguido do petista Jaques Wagner, com 39% (8 pontos mais que o último levantamento). A margem de erro da pesquisa é de 4 pontos para mais e 4 para menos.

Com 49,3% das urnas apuradas, até as 22h, os números apontavam vitória de Souto, com 52,7% dos votos, contra 39,1% do petista.

A militância e a chamada "onda Lula" transformou em acirrada a disputa que parecia fácil e definida para Souto. Na visão de Wagner, houve uma "revolta silenciosa" dos eleitores que não estariam satisfeitos com os 12 anos de governo do PFL na Bahia. "Com a mudança de postura do Tribunal Regional Eleitoral que deixou de beneficiar os candidatos do PFL, os eleitores tiveram forças para expressar sua vontade", disse o petista.

Souto, no entanto, mantinha as esperanças de vencer a eleição no primeiro turno e já fazia planos de como manter relações com um eventual governo de Lula. Serão relações "normais e institucionais. Não vejo dificuldades", disse.


Velhos caciques vão vestir seus pijamas
Candidatos não conseguem superar a barreira das urnas e ficam como meros espectadores

Leonel Brizola não conseguiu se eleger senador pelo estado que governou duas vezes, o Rio de Janeiro. Paulo Maluf, ex-governador e ex-prefeito de São Paulo, que disputou sete das nove eleições estaduais realizadas desde a redemocratização, não arranjou desta vez sequer uma vaguinha no segundo turno.

Esses são apenas dois casos de veteranos políticos que se mantinham desde os anos 60 nas principais esferas de poder e que foram fulminados pelos eleitores este ano. Brizola foi deputado pela primeira vez em 1947. Tem 80 anos. Maluf começou por cima. Foi prefeito de São Paulo em 1969. Tem quase 70. Dificilmente conseguirão dar a volta por cima.

Em todo o País, há dezenas de outros casos de caciques mandados de volta para caso. O ex-presidente Fernando Collor tentou voltar à política como governador, dez anos após sua cassação. Chegou a ficar à frente nas pesquisas. Perdeu.

Orestes Quércia, que dominou São Paulo durante oito anos, perdeu uma vaga no Senado. Bernardo Cabral, ex-ministro de Collor e ex-campeão de votos no Amazonas, não conseguiu permanecer senador. Íris Rezende, que mandou em Goiás por quatro mandatos e foi derrotado quando tentou voltar ao governo há quatro anos, luta voto a voto para preservar sua cadeira no Congresso.

À esquerda ocorreu o mesmo. O ex-governador baiano Waldir Pires, símbolo da oposição a Antonio Carlos Magalhães, sofreu uma lavada ao disputar o Senado pelo PT. Seu companheiro de chapa Haroldo Lima, principal chefe do PCdoB, perdeu junto. Até o presidente do PPS, Roberto Freire, precisou abrir mão de sua cadeira no Senado e luta voto a voto para ser deputado de novo.


Um novo time sai das urnas, ampliando opções
Enquanto velhos caciques perdem espaço, surgem estrelas como Aécio, Mercadante, Jarbas e Dirceu

Aécio Neves, Aluizio Mercadante, Jarbas Vasconcelos, Ramez Tebet, José Genoíno, Roseana Sarney, Tasso Jereissati, José Dirceu e ele mesmo, Anthony Garotinho, surgiram das urnas de 2002 como apostas para o futuro. Se muitos antigos caciques foram destroçados pelo eleitorado, eles se saíram bem e, independentemente dos resultados nacionais, estão entre os que darão as cartas nos próximos quatro anos - e entre os que reúnem condições de sonhar com o Planalto, a curto ou médio prazo.

Aécio Neves alcançou em Minas Gerais, acostumada a segundos turnos, uma vitória como não se via desde os tempos de Juscelino. Tem 42 anos, pode esperar, mas não é de se descartar a hipótese de que seja o candidato do PSDB ao Planalto em 2006. Afinal, governador de Minas é sempre um potencial presidenciável.

O segundo mandato de Jarbas Vasconcelos em Pernambuco tem tudo para relançá-lo no plano nacional. Na verdade, sempre foi essa a sua referência: se recusou a candidatura a vice-presidente, isso se deveu muito mais à desistência de trocar o certo pelo mais que incerto. Jarbas poderá operar a nível nacional.

Mais do que isso, terá condições de influenciar de forma decisiva o PMDB, cujos caciques regionais - como Orestes Quércia, Gilberto Mestrinho, Íris Rezende e muitos outros - foram baleados pelas urnas deste ano. Vem daí também a importância de Ramez Tebet, igualmente um político regional só há pouco alçado ao primeiro time, que se reelegeu com ampla margem de votos e terá condições de desempenhar um papel de crescente importância no Congresso.
Também no Congresso terá posição estratégica o ex-vice presidente Marco Maciel. Não se trata, evidentemente, de uma novidade política – seu primeiro mandato federal foi conquistado há três décadas – mas sua saída de oito anos de hibernação com votação consagradora o credencia para se tornar uma das principais vozes do Legislativo - e, ao lado de Tebet, como possível presidente do Senado no ano que vem..

Mesmo que perca as eleições em São Paulo, José Genoíno deu um salto qualitativo dentro do PT. Estará fora do próximo Congresso, mas será referência dentro do partido, inclusive por ter superado Paulo Maluf após uma campanha surpreendente.

Mudança de perfil chega aos partidos
O deputado José Dirceu terá, em qualquer circunstância, influência decisiva para a vida política brasileira nos próximos quatro anos. Para isso pesa não apenas o papel que desempenhou como orientador-mor de Lula, mas também a coordenação que, na qualidade de presidente do PT, exerceu a nível nacional. O surpreendente crescimento de candidaturas petistas em estados como Santa Catarina, Goiás, Mato Grosso ou Pará tende a fortalecê-lo, somando-se à influência que exerce nas prefeituras e governos estaduais do partido.

Com ele, sobe a estrela de Aluizio Mercadante, com uma eleição consagradora para o Senado. Já influente no partido, ex-líder da bancada na Câmara, terá mandato de oito anos – e idade para esperar. Sem falar nas possibilidades de ocupar uma pasta das mais cobiçadas.

Tasso Jereissati e Roseana Sarney, mesmo atropelados pelo rolo compressor de José Serra, obtiveram resultados extremamente positivos nos seus estados, elegeram-se senadores com ampla margem e credenciaram-se para vôos futuros. Têm condições de promover alianças e, em especial, de renovar seus partidos.

É extamente o papel que, em proporção muito maior, terá pela frente o ex-governador Anthony Garotinho. É evidente que precisa de uma vitória de Rosinha no Rio de Janeiro, mas tem hoje condições de controlar o PSB e, mesmo sem mandato eletivo, assumir de vez a que deve ser seu principal papel no futuro imediato – o de candidato a presidente da República em 2006.


PT surpreende na corrida ao Senado
O Partido dos Trabalhadores (PT) surpreendeu na corrida ao Senado em vários estados. Em Santa Catarina, reduto do PPB de Esperidião Amim, por exemplo, a candidata petista Ideli Salvatti (PT) tinha 30,88% dos votos apurados até pouco antes da meia-noite e estava praticamente com a vaga garantida. Em segundo lugar aparecia Hugo Biehl (PPB), com 30,49%. Uma zebra que não era esperada.

Outra fava não contada pelo PT foi o crescimento de Serys Slhessarenko, em Mato Grosso, com 25,55%. À meia-noite, com 59% das urnas apuradas, ela já havia passado Dante de Oliveira (PSDB) que estava com 20,33% dos votos. A disputa no Estado é liderada pelo senador Jonas Pinheiro (PFL), com 28,6% da preferência do eleitorado.

No vizinho Estado do Mato Grosso do Sul, onde já governa e tenta a reeleição, o PT também surpreendeu. Seu candidato Delcídio aparecia, à meia-noite, com 480.262 votos (25,86%), quase 70 mil a mais que o ex-governador Pedro Pedrossian (PST).

Em Rondônia, o Partido dos Trabalhadores também aproveitou o efeito Lula para a Presidência da República e emplacou mais um candidato ao Senado. Fátima Cleide deve ser mais uma mulher no Senado, já que liderava a eleição em Rondônia, à meia-noite de ontem, com 186.622 votos (20,23%), com 78% das urnas apuradas. Ela vem seguida de Waldir Raupp (PMDB). O ex-governador de Rondônia tinha 17,29% dos votos.

O avanço petista rumo ao Senado Federal surpreendeu também no Paraná, onde PDT, PMDB e PSDB eram os partidos mais cotados, inclusive disputando o governo do Estado, com Álvaro Dias (PDT) e Roberto Requião (PMDB) praticamente garantindo um segundo turno.

Mas os paranaenses parecem ter escolhido outro partido para uma das vagas de senador. Seguindo a liderança de seu irmão para o governo, Osmar Dias estava na frente, à meia-noite, para o Senado, com 30,11% dos votos. Em segundo lugar, e com quase cem mil votos de diferença para o terceiro (Paulo Pimentel-PMDB), surge outra zebra petista. Flávio Arns (PT) tinha 1.918.013 ou 21,72% dos votos, à meia-noite de ontem, com 95% das urnas apuradas.

Além dessas surpresas, o PT poderá conquistar a vaga em outros quatro Estados, elevando a bancada do partido para nove senadores: Paulo Paim (RS), Cristovam Buarque (DF) e Aloísio Mercadante (SP) e Marina Silva (Acre).


Estrelas da seção eleitoral
Candidatos à presidência fazem pose de vencedores e recebem afagos do eleitorado na hora de votar

Para os candidatos à Presidência, votar é mais do que um simples ato cívico: é talvez a última oportunidade de posar para fotos, distribuir sorrisos e mostrar confiança no resultado das eleições.
Entre os quatro que lideravam as pesquisas de intenção de voto, o primeiro a ir à sua seção eleitoral foi Anthony Garotinho (PSB). Por volta das 9h20, ele votou em um colégio estadual no bairro da Lapa, em Campos, no Rio de Janeiro.

O candidato disse ter certeza que estava na frente de José Serrá (PSDB) e que iria para o segundo turno.

"Vou chegar ao segundo turno com 3 milhões de votos a mais que Serra. Estou tranqüilo e confiante que o povo brasileiro vai abençoar o país com o seu voto", disse Garotinho, que na votação estava acompanhado de sua mulher, Rosinha Matheus, candidata ao governo do Rio de Janeiro.

Em clima de festa, a votação de Lula foi marcada pelo assédio dos eleitores e pelo tumulto.
A Polícia Militar teve de formar um cordão de isolamento na entrada do Colégio Estadual João Firmino Correia Araújo, no bairro de Assunção, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, para assegurar a passagem do candidato.

Lula chegou ao local por volta das 9h50 e fez questão de esp erar na fila. Estava acompanhado da mulher, Marisa, da prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), e do candidato ao governo de São Paulo, José Genoino (PT). Depois de registrar seus votos, Lula ergueu e beijou a bandeira do Brasil.

José Serra (PSDB) tentou esperar na fila, mas acabou cedendo aos apelos dos fiscais do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) para passar à frente dos outros e amenizar a confusão criada por jornalistas e simpatizantes.

Votou no colégio Santa Cruz, no bairro paulistano de Pinheiros, acompanhado de sua mulher, Mônica, do candidato à reeleição do governo estadual, Geraldo Alckmin (PSDB), e do candidato ao Senado pelo partido, José Aníbal.

"Hoje não é dia de candidato falar. É dia do povo dizer", afirmou. "Mas eu estou muito feliz porque vocês (jornalistas) puderam ver a maneira como fui acolhido e o carinho que recebi nas ruas de São Paulo."

Serra disse estar confiante de que iria para o segundo turno, quando os candidatos poderão apresentar propostas "mais concretas".

Em Fortaleza, Ciro Gomes (PPS) foi o último dos principais presidenciáveis a comparecer à sua seção eleitoral. O candidato votou por volta das 14h40, no Colégio Santo Inácio, em um bairro nobre de Fortaleza (CE).

"Estou confiante na vitória", disse, na entrada do colégio. Ele chegou em seu Audi, acompanhado da namorada, a atriz Patrícia Pillar, e dos dois filhos, Iuri e Lívia.

"Deus está abençoando o povo brasileiro para que escolha o melhor", afirmou, cercado por eleitores, que gritavam seu nome.

Sorridente, Ciro cumprimentou e abraçou alguns eleitores no caminho até a seção 196 da 1ª zona eleitoral.

"Depois do debate, deu para ver quem está preparado para governar o País", comentou Patrícia Pillar, também bastante assediada.

Rita Camata chora no dia da eleição
A deputada Rita Camata (PMDB-ES) chorou ao comentar que a campanha para vice-presidente na chapa de José Serra (PSDB) a privou do contato com a família, principalmente com o filho Bruno, de 2 anos. "Ele (Bruno) sente muito a minha falta, mas eu abri mão do contato com a família por um projeto maior", disse a candidata ontem.

Às 9h, ela chegou à Escola Irmã Maria Horta, na Praia do Canto, em Vitória, dizendo-se confiante no segundo turno das eleições. A deputada apareceu com o filho no colo, vestido com uma blusa da campanha e com um adesivo de José Serra colado na barriga. Incitado pela mãe, o menino repetia que ia votar "na mamãe, no papai e no Serra".

Também acompanharam a deputada a filha Enza, de 16 anos, que votou pela primeira vez, e o marido, senador Gerson Camata (PMDB), candidato à reeleição.

Rita demorou 15 minutos para achar sua seção eleitoral, pois não sabia que o número havia mudado. Depois de votar, percorreu todas as seções cumprimentando os mesários. Ela repetiu o gesto na zona eleitoral onde votaram seu marido e a filha.

Rita começou o dia assistindo a uma missa na Igreja de Santa Rita, padroeira das causas impossíveis, ao lado do marido.

"Sou devota de Santa Rita e é um costume ir às missas todos os domingos. Hoje fui agradecer a ela e a Deus pela oportunidade de ter desempenhado essa missão", disse a candidata.


Vice de Lula descarta possível ministério
O candidato a vice-presidente na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva, senador José Alencar (PL-MG), disse ontem que não pretende assumir nenhum ministério no caso de vitória do petista.
" Se nós ganharmos a eleição, eu vou exercer a função de vice-presidente, não de ministro", disse o senador, durante conversa com jornalistas em seu apartamento no bairro Mangabeira, região sul da capital mineira.

Alencar vem sendo cogitado para ocupar a pasta do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior em um eventual governo Lula.

O senador se dirigiu ao local em que vota, a escola infantil Balão Vermelho, ao lado dos candidatos do PT ao governo de Minas, Nilmario Miranda, e ao Senado, Tilden Santiago.

O prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, e alguns populares também acompanharam o senador no trajeto de sua casa até o local de votação.

Na escola em que votou, Alencar afirmou que a candidatura de Lula está preparada para a "prorrogação", numa referência a um possível segundo turno nas eleições presidenciais.
"Todo mundo fala que vai dar no primeiro turno, mas estamos preparados para jogar a prorrogação. Estamos com forças para jogar a prorrogação. A vitória será nossa", concluiu o senador.


Artigos

A urna de sete cabeças
José Luiz oliveira

Esperava-se que o eleitor menos instruído sentisse dificuldades diante da urna eletrônica, mas o que se viu ontem foi muito além das previsões. Gente razoavelmente alfabetizada levou, em média, três minutos para votar, segundo contabilizou um dos mesários da seção 210, zona 9, Guará II. A maioria dos eleitores via a engenhoca pela primeira vez, provando que o treinamento da Justiça Eleitoral, com urnas nos shoppings e em outros locais de grande aglomeração surtiu pouco efeito. O mesmo se pode dizer, ainda com mais ênfase, dos anúncios na televisão. Ajudaram, mas foram insuficientes para familiarizar o eleitor com o voto eletrônico.

Além do número reduzido de urnas, o treinamento começou tarde demais. Na Suécia ou na Alemanha, seria suficiente. Mas estamos no Brasil. Nossas autoridades não levaram em conta o grau de percepção e assimilação da maioria do eleitorado. A impressão que se tem é que elaboraram um calendário de treinamento nivelando por cima. Bem por cima. Esqueceram que o eleitor das cidades periféricas, seja de que idade for, tem uma percepção mais lenta. Até mesmo pela falta de acesso à eletrônica. Ele precisa de mais tempo para se habituar às inovações, para aprender a lidar com o que é novo. E não teve essa chance. Para este eleitor, o exercício da cidadania acabou em sacrifício – na imensa fila para votar e na luta para decifrar a urna eletrônica.
Na seção citada acima, uma mulher gastou dez minutos para votar. Além de encarar a urna pela primeira vez, não tinha a cola com o nome dos candidatos. Esqueceu tudo. Mas não desistiu da briga com a engenhoca. Recusou a cédula. Fez a cola ali mesmo, votou e saiu feliz por ter vencido.

Boa parte da culpa pela demora do voto pode ser atribuída à falta de cola, que a Justiça Eleitoral tanto recomendou ao eleitor. Aí também houve falha. Fiscais de todas as coligações poderiam ter se unido na tarefa de percorrer as filas recomendando a cola. Teriam ajudado e muito a acelerar a votação. Claro que se fizessem isso isoladamente estariam cometendo um crime eleitoral, pois configuraria boca-de-urna. Mas em conjunto, uns fiscalizando os outros, não haveria essa possibilidade.

A lição que fica deste primeiro turno é a de que a Justiça Eleitoral precisa dedicar mais tempo ao treinamento do eleitor. O ideal é que a urna eletrônica tenha cadeira cativa o ano inteiro em todos os locais públicos. Nos parques, nas escolas, nas igrejas, nos supermercados, nos shoppings, bares e restaurantes, enfim, onde houver circulação de gente. Deixe a população tomar um porre de urna eletrônica, até torná-la uma máquina definitivamente incorporada ao cotidiano, até tornar o ato de votar tão simples quanto o de falar ao telefone.


Colunistas

CLÁUDIO HUMBERTO

Desorganização foi histórica
A Justiça Eleitoral teve R$ 1,9 bilhão e todo o tempo do mundo para demonstrar utilidade, em 2002, mas promoveu a mais desorganizada eleição da história. Muito preocupada em censurar a mídia, impondo-lhe proibições, a Justiça Eleitoral conseguiu complicar o que há de mais simples na democracia: o ato de votar. A eleição deve ser marcada pelo recorde na abstenção: diante da desorganização, muito s eleitores desistiram de votar.

Pensando bem...
...no Maranhão não teve boca-de-urna, mas boca-de-caixa.

Pátria amada
Os brasileiros compreenderam, enfim, o significado de "zona eleitoral" neste domingo. Não só o voto foi obrigatório. A fila quilométrica também. Cara e obsoleta, a Justiça Eleitoral brasileira comandou a maior e mais desorganizada eleição de todos os tempos.

Lusos daltônicos
Rodapé no noticiário da SIC, emissora de TV portuguesa: "Lula pode ganhar na primeira volta; Brasil pode reviver a euforia vermelha de Goulart e Jânio". Mas era branquinha a cor da euforia de Jânio.

Engrossando o caldo
Garotinho reclamou das urnas antigas na eleição do Rio. Esqueceu que urna velha é que dá bom resultado.

Ar renovado
FhC é mesmo um homem cordial. Mandou contratar um projeto de modernização das centrais de água gelada e dos sistemas de ar-condicionado do Palácio do Planalto. O serviço custará R$ 13.800, conforme comprovante em poder da coluna, e só será usado pelo sucessor.

Extinguir ou reduzir?
Muitos especialistas defendem a extinção da justiças trabalhista, militar e eleitoral, mas outros sugerem a criação de um único tribunal superior englobando as três, que passariam a ser apenas ramos da Justiça Federal.

Lula até no frio
Na distante e gelada Finlândia, o embaixador Luiz Henrique da Fonseca apurou os votos de 82 dos 139 brasileiros inscritos. Deu Lula, com 53,6%.

Não colou
Dessa vez não foi a memória do megacomputador do TSE que falhou, mas a do eleitor.

Tristeza de pai
É de chorar a carta enviada pelo físico Juan López Linares à OAB-SP, que negocia a visita dele ao filho de três anos, em Cuba. É aniversário de Juan Paolo, mas o pai, estudante da Unicamp, recusou a proposta de "arrependimento" das autoridades cubanas. Ele espera que se der mesmo Lula-lá, o futuro chanceler petista seja mais hábil que Celso Láfer.

Responda rápido
Nas ruas do Rio, há mais soldados contra o tráfico ou soldados do tráfico?

Ganhou e levou
Publicada na coluna há dois anos, teve final feliz a denúncia da empresa de informática Ecenge contra o ex-DNER, que contratou irregularmente a MI Montreal. O TCU determinou multa, cobrança judicial de dívidas e suspensão de serviços da "concorrente", e anulou a revogação da licitação da extinta autarquia, que terá suas contas analisadas entre 1998 e 2000.

Banzai!
José Serra ganhou em Tóquio! Deve ser porque os decasseguis optaram pelo harakiri.

Porre por porre...
Não deveriam proibir mais o consumo de bebida alcóolica no dia da eleição: ser obrigado a votar já é um porre.

Será boato?
Um leitor lembra que no livro "Política e Ciência" César Maia revela o hábito de inventar boatos. Na página 86, o prefeito do Rio se entrega: "Pego 500 pessoas, coloco em vários botequins da cidade e começo a repetir a mesma frase". No livro, Maia diz que escreveu cartas a eleitores minando a eleição de Amaral Netto (falecido tio de sua candidata ao governo Sólonge Amaral).

Demolidor de presidentes
A Editora Códex lança nesta segunda-feira em São Paulo, na Livraria Cultura da Avenida Paulista, um livro que promete dar o que falar nestes tempos de sucessão: "O demolidor de presidentes", de Marina Gusmão de Mendonça. Em 384 páginas, a autora disseca a vida e a trajetória de Carlos Lacerda, o mais controvertido personagem da história política brasileira.

Poder sem pudor

Pra lá de Gaza
O prefeito de Palestina (AL) foi preso por desacatar um juiz eleitoral. Gota serena! Antônio José da Silva queria votar em Arafat e não deixaram?!

Contando buracos
O deputado Adail Barreto estava em sua fazenda, no município de Iguatu (CE), quando um empregado chegou esbaforido:
- Doutor, mataram o João!

- Aquele vizinho da curva na estrada? Vá lá, veja quem foi, como foi, quantas facadas deram, e venha me dizer.

Logo depois, Barreto receberia o relato detalhado:
Só de buraco contei oito, fora os de nascença...


Editorial

DIGITAÇÃO DEVASTADORA

Fato ocorrido na última semana ilustra o sentimento irracional que move o mercado financeiro internacional. Minutos antes do fechamento no pregão de quinta-feira na b0lsa de Nova York, um operador sugeriu a venda de US$ 4 milhões em ações, mas, por engano, digitou US$ 4 bilhões. Como se tratava de uma corretora importante, vários outros operadores seguiram seu movimento – imaginando que houvesse algum fato relevante ainda em segredo – levando a bolsa norte-americana a uma queda acentuada.

Trocando em miúdos, o dedo de um operador novaiorquino tem o poder de mudar o humor de investimentos no mundo inteiro, levando à loucura economias em desenvolvimento, como a brasileira. O erro foi desfeito no dia seguinte, mas os prejuízos e lucros para quem correu atrás do movimento de boiada do mercado já havia se concretizado.

Não foi a primeira vez que um erro assim inverteu os sinais de bolsas de valores, mas fica claro que a fragilidade do sistema financeiro internacional chegou ao limite.

Já são várias as vozes que pedem controles mais rígidos no mercado internacional, e é um assunto que deve ser levado a sério. Erros e movimentos especulativos não podem ter o poder de abalar economias da forma como ocorre atualmente.


Topo da página



10/07/2002


Artigos Relacionados


Rigotto vai atrás de apoio do PDT

SP vai atrás de empresas que adotem escolas

TSE volta atrás e "a uma só voz" flexibiliza as coligações nos estados

Argentinos correm atrás de dólar, que já vale 1,40 peso

Meirelles diz ao Congresso que BC "não correrá atrás dos prejuízos" e vai combater a inflação

Drama dos pensionistas do Aerus começou cinco anos atrás